4 de outubro de 2024

DF iguala pior seca da história e registra 3 mil queimadas em setembro; veja vídeo 360º de áreas destruídas pelo fogo

São 163 dias sem chuva, mesmo número registrado em 1963. Especialistas apontam que situação atual é ainda mais crítica do que vivida há seis décadas. Seca no Distrito Federal
TV Globo/Reprodução
O Distrito Federal completa, nesta quinta-feira (3), 163 dias sem chuva, igualando a marca de pior seca da história, registrada em 1963. Para que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) as considerem, as precipitações precisam acontecer nas áreas dos reservatórios — o que não ocorreu com as chuvas isoladas do último sábado (28).
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Por isso, oficialmente, a estação meteorológica do Plano Piloto não registra precipitação há mais de cinco meses. Especialista em meio ambiente e mudanças climáticas alertam que a situação atual é ainda mais crítica do que a vivida em 1963.
“A de 63 foi uma seca episódica de um ano muito fora da curva, mas agora a gente está vivendo anos consecutivos de secas históricas combinados com ondas de calor, com uma terra cada vez mais quente, batendo recordes. Nessa condição, o ano mais seco pode ser sempre o próximo”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
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Em 2024, a umidade relativa do ar ficou quase 9 pontos percentuais mais baixa em relação à estiagem de 1963. Outro índice de destaque estão relacionados aos picos de calor: neste ano, a cada três dias, dois tiveram temperaturas máximas mais elevadas.
O resultado desse tempo mais seco e mais quente ajudou a propagar mais queimadas. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o DF registrou, este ano, um dos setembros mais incendiários da história, com cerca de 3 mil focos de queimadas.
Na Floresta Nacional, por exemplo, o fogo queimou quase metade da área de preservação. Um vídeo gravado em 360º mostra a destruição causada pelo incêndio.
Uma das maiores preocupações dos brigadistas era preservar as nascentes de água. Estão na Floresta Nacional algumas das nascentes que abastecem o sistema do Descoberto, responsável por cerca de 60% do fornecimento de água de Brasília.
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DF cresceu
A comparação definitiva entre a seca de 1963 e a deste ano está nas proporções do Distrito Federal. Segundo o IBGE, há seis décadas, eram apenas 142 mil pessoas vivendo na recém inaugurada capital.
Atualmente, o DF tem quase 3 milhões de habitantes e é cercado por um Centro-Oeste brasileiro cada vez mais quente, árido e populoso.
“Essa situação pode se prolongar no futuro, com os cenários de mudanças climáticas apontando para isso. É extremamente importante, porque o Cerrado é a caixa d’água do Brasil. É melhor começar a pensar em conservar água e lembrar que muita da energia elétrica usada para ar condicionado vem da água. Falta de água na seca vai ter um impacto, uma cascata, muito intensa”, diz Osvaldo Moraes, chefe do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
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