Grupo Gratuito de Acolhimento e Apoio a Mães Enlutadas oferecerá um plantão psicológico de atendimento individual, entre os dias 2 e 11 de maio, com o objetivo de acolher mulheres que, nesta época do ano, entram em intenso sofrimento pela perda dos seus filhos. Roda de conversa e acolhimento do grupo “Mães SemNome” para mães que perderam seus filhos
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O Dia das Mães é uma ocasião que evoca uma gama de emoções, celebrando a conexão única entre mães e filhos. No entanto, para algumas mulheres, essa data pode ressoar, através do luto pela perda de seus filhos, com tristeza e saudade. Para isso, um grupo de apoio criou um plantão de suporte psicológico a mães.
O Grupo Gratuito de Acolhimento e Apoio a Mães Enlutadas, oferecerá um plantão psicológico de atendimento individual, entre os dias 2 e 11 de maio, com o objetivo de acolher mulheres que, nessa época do ano, entram em intenso sofrimento pela perda dos seus filhos.
O grupo já atendeu gratuitamente milhares de mães enlutadas de diversos estados do Brasil e até moradoras do exterior. Para participar, basta que a mãe se inscreva no link.
Segundo a edição final do Monitor da Violência, em 2023, o Brasil registrou 39.492 homicídios dolosos (com intenção de matar), feminicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de mortes, o que representa média de mais de 108 vítimas por dia. Em 2022, o total havia sido de 41.135 mortes violentas, ou 113 por dia.
Mesmo com esse índice, mães descrevem um vácuo enorme no Poder Público para atender pessoas enlutadas pela perda de filhos.
Muitas mulheres precisam voltar a trabalhar logo depois que seus filhos morrem, sem tempo para lidar com a perda. Outras lutam por justiça pelo assassinato de seus filhos, como é o caso de Ana Paula Oliveira. A mãe de Johnatha de Oliveira Lima luta por justiça há quase 10 anos, desde que o jovem foi morto com um tiro pelas costas em 2014. O policial foi condenado por homicídio culposo em março.
“Precisamos de atendimento específico para essa questão. Psiquiatras que atendam em SOS”, alerta Márcia Noleto, psicóloga e criadora do grupo de apoio “Mães SemNome”.
Marcia perdeu sua filha Mariana em 2011, que tinha apenas 20 anos na época, em um acidente de helicóptero. No mesmo ano, fundou o grupo de apoio onde fornece um espaço seguro para mulheres enlutadas compartilharem suas histórias e encontrarem consolo mútuo.
“A história não conseguiu dar um ‘nome’ para a dor da perda de um filho. Se procurarmos no dicionário, temos as viúvas, para mulheres que perderam seus cônjuges, e órfãs para mulheres que perderam seus pais. Mas, não há um nome para a dor de quem perdeu seus filhos,” explica.
A autora Glória Perez, que perdeu sua filha Daniela em 1992, ao lado de Márcia Noleto, fundadora do grupo “Mães SemNome”
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O grupo de apoio oferece reuniões presenciais e online, além de capacitação para equipes de ONGs que trabalham com mães atípicas e precisam atender mulheres e famílias enlutadas.
Embora o luto possa ser uma jornada solitária, as reuniões permitem que as mães conversem entre si e desabafem suas histórias de perda. Muitas mulheres relatam que morrem junto com seus filhos.
“A dor do luto é proporcional ao vínculo que você tinha com a pessoa que partiu. Sendo essa, uma pessoa que você gerou, a dor é imensurável,” relata Márcia.
Ao se identificarem umas com as outras, o grupo oferece uma perspectiva valiosa sobre a complexidade do luto materno e a necessidade vital de reconhecer e validar essas experiências em nossa sociedade.
“Nesses Dias das Mães, não basta homenagear apenas a mulher que tem a vida plena, mas também da que teve a vida quebrada e que apesar disso, segue em frente. Resistindo, brigando na justiça contra o assassino de seus filhos. Tentando achar uma brecha pra ressignificar a vida”, fala.
O grupo oferece Plantão Psicológico dia 02/05
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