Além da dublagem, Enio Vivona é ator e humorista, tendo participado por 16 anos do programa “A Praça É Nossa” veiculado no SBT. Dia do dublador: conheça a voz por trás de Rick Sanchez da série ‘Rick and Morty’
Ao lembrar de personagens icônicos como Mickey Mouse, Bob Esponja, Pato Donald ou Buzz Lightyear, muita gente vai trazer à mente as vozes marcantes que os acompanham nas versões brasileiras. Mas, quem conhece os profissionais por trás dessas figuras?
No Dia do Dublador, o g1 conversou com Enio Vivona, a voz brasileira por trás do excêntrico cientista Rick Sanchez da série “Rick and Morty”, para descobrir quais os desafios que a profissão oferece e conhecer um pouco da relação dele com a área de atuação.
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As gravações de Enio para quatro temporadas do seriado foram realizadas em um estúdio de Campinas (SP).
Da ‘Praça é Nossa’ para a dublagem 🤣
Apesar de uma longa carreira no humor, Enio encontrou um novo desafio ao entrar no mundo da dublagem.
Conhecido por suas imitações no quinteto humorístico “Café Com Bobagem”, que fez parte do programa “A Praça É Nossa” por 16 anos no SBT, o humorista descobriu que dublar exigia mais de suas habilidades como ator.
“Eu não sabia qual era minha voz real, porque fazer uma voz caricata, uma imitação é totalmente diferente de fazer a dublagem de um pai de família ou um guerreiro, por exemplo. E aí você vai descobrindo várias formas de interpretação”, diz Enio.
Para o humorista, a experiência como ator foi crucial na transição para a dublagem. Ele enfatiza que a prática do teatro ao longo de sua carreira foi fundamental para aprimorar suas habilidades de interpretação, ferramenta essencial para dar vida aos personagens.
“Muitas pessoas me perguntam o que é preciso fazer para se tornar um dublador. A primeira resposta é: você precisa ter um DRT. “
“Porque você tem o trabalho de ver o ator e passar tudo que ele teve o trabalho de fazer, você tem que passar uma verdade nisso, ser orgânico, e isso é um exercício muito grande. É um trabalho que me enriquece muito como ator”, diz Enio.
Enio durante a dublagem do personagem “Rick Sanchez”
MRB edição de imagem
Rick Sanches 🧪
Conquistar a oportunidade de dublar Rick Sanchez, o personagem mais icônico de sua carreira, foi um desafio emocionante para Enio. Ele revela que precisou passar por dois testes antes de ser selecionado.
Inicialmente, apesar de não ter conseguido o papel principal, o humorista participou das duas primeiras temporadas do seriado dublando personagens secundários, como o “Sr. Goldenfold”, o excêntrico professor do Morty.
A grande chance surgiu quando Caio César, o primeiro dublador brasileiro do Rick, decidiu deixar o projeto. Em entrevista o ator relembra a alegria e o entusiasmo que sentiu ao receber a notícia, já que o personagem havia ganhado destaque entre o público jovem e já possuía uma legião de fãs.
Apesar da euforia inicial, o dublador admite que sentiu um ‘’frio na barriga’’ ao imaginar a reação dos fãs diante da mudança na voz do personagem.
“Quando eu passei no teste teve um momento em que fiquei com medo, né? Uma preocupação. A série tem muitos fãs e o povo vai mudar a voz do dublador, isso é meio complicado, né? Normalmente a galera não gosta muito. Mas tentei fazer de uma foma original sem imitar o antigo dublador”.
Inteligência artificial x dublagem 🤖
Com o avanço da tecnologia, a inteligência artificial (IA) tem se tornado uma preocupação crescente em várias profissões, incluindo a dublagem. Em entrevista ao g1, o humorista compartilhou sua visão sobre como essa inovação pode impactar o trabalho dos dubladores e a autenticidade das interpretações.
Apesar de reconhecer o potencial revolucionador presente na IA para produções áudio visuais, Enio acredita que a interpretação humana ainda tem um valor insubstituível, algo que as máquinas não conseguem replicar plenamente.
Ele expressa preocupação não só pela profissão, mas pelos direitos dos atores em geral, especialmente em um cenário onde a tecnologia pode replicar vozes sem consentimento.
” Acho que não só para a profissão do dublador, mas para várias outras, a gente precisa lutar pelo direito da nossa voz. Decidir o que vão fazer com a nossa voz ou não. A inteligência artificial não tem a interpretação humana, as piadinhas, o jeito de falar do brasileiro, essas coisas eu acho difícil eles passarem. A interpretação, graças a Deus, ainda não vai ser superada pela tecnologia”, comenta Enio.
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