28 de dezembro de 2024

Dia do gamer: professor e game designer do interior de SP cria jogo e revive anos 90 em console ‘retrô’ feito no Brasil

🎮Salvador Marques é de Itapetininga (SP) e é diretor do primeiro jogo do novo console “retrô” feito no Brasil, Neptune. O jogo foi testado pelo youtuber Eduardo Benvenuti, um dos maiores nomes do universo gamer no país. Da esquerda para a direita estão o youtuber Eduardo Benvenuti e Salvador Marques, de Itapetininga (SP), que também é youtuber e desenvolveu o primeiro jogo do console Neptune
Salvador Marques/Arquivo pessoal
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Os amantes de videogames ganharam a oportunidade de viajar no tempo diretamente para os anos 90, com um lançamento que é moderno e, ao mesmo tempo, nostálgico. Um game designer de Itapetininga, no interior de São Paulo, dirigiu o primeiro jogo de um novo console desenvolvido no Brasil, chamado Neptune, com a proposta de rodar jogos antigos e atuais em cartuchos.
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Neste Dia Internacional do Gamer, comemorado em 29 de agosto, o g1 conversou com Salvador Marques, responsável pela direção do jogo que vai estrear o Neptune, Sword of the Apocalypse, e com o youtuber que é uma das grandes referências do universo gamer e se tornou “padrinho” do projeto, BRKsEDU.
Os fãs nostálgicos costumavam se preocupar com a compatibilidade dos cabos RCA ou AV nas suas TV’s. Também tentavam assoprar o pó das fitas do Nintendo, ficavam na expectativa para ver se o disco ia rodar depois da tela de carregamento do Playstation e, empilhavam coleções de jogos em prateleiras.
Estes costumes foram praticamente extintos, pois, atualmente, os jogos ficam armazenados na nuvem ou nos HD’s e funcionam em consoles de última geração. A vantagem é que os jogos não correm o risco de serem danificados e pararem de funcionar, mas essa praticidade acabou com a necessidade de guardar e apreciar as mídias físicas.
Cabos RCA ou AV foram substituídos pelo cabo HDMI
Beatriz Pereira/g1
Foi com este pensamento que uma empresa brasileira decidiu lançar um novo videogame, porém, “retrô”. O Neptune funciona como uma junção de consoles antigos em um, como Master System, Mega Drive e 32X, permitindo o uso de seus cartuchos originais, além de ter os próprios lançamentos, como o jogo dirigido por Salvador, o Sword of the Apocalypse.
Salvador Marques, também conhecido como Savior Marks, tem 44 anos, além de game designer, é pedagogo e trabalha como professor em uma escola municipal de Itapetininga. Ele também é formado como psicopedagogo e produz vídeos para o Youtube.
Salvador Marques, de Itapetininga (SP), é game designer, professor de educação infantil e youtuber
Salvador Marques/Arquivo pessoal
“A medida que o projeto Neptune foi ganhando forma, o criador teve um estalo genial: por que não lançar jogos exclusivos para dar aquele charme a mais ao console? E assim nasceu nosso estúdio de criação de jogos. Foi nesse ponto que eles me encontraram, me chamando para desenvolver o primeiro jogo autoral e, claro, não consegui resistir à proposta”, relata o game designer.
Salvador concilia e aprimora suas habilidades de organização e de estudo na rotina das duas profissões. “Desenvolver um jogo exige uma tonelada de pesquisa. A gente preenche uma pilha de documentos, escreve bastante. Como professor de ensino infantil, a história não é muito diferente. Trabalhar com crianças pequenas demanda uma pesquisa e estudo super complexos. Mas, no fim das contas, sinto que nasci para fazer essas duas coisas, então posso dizer que sou feliz em dobro”.
O protagonista do jogo dirigido por Salvador se chama Henzo, fazendo referência ao nome frequentemente registrado por brasileiros. Ele é entusiasta de parkour e de forma inesperada, enquanto praticava suas manobras no Parque Ibirapuera, despenca em uma caverna misteriosa. (Veja o trailer do jogo abaixo)
Ao g1, o game designer também revelou em primeira mão o título do próximo jogo que está em desenvolvimento para o Neptune, chamado “Crusader: The Flower Knight”, que ainda não tem previsão para lançamento.
🗡️Jogo testado por BRKsEDU
O youtuber Eduardo Benvenuti, mais conhecido como BRKsEDU, cria conteúdo se gravando enquanto joga em diversas plataformas. É um dos maiores influenciadores brasileiros no mundo gamer, só no Youtube ele acumula mais de 2,2 bilhões de visualizações.
Edu testou o Sword of the Apocalyps e, ao g1, compartilhou as primeiras impressões sobre o projeto.
“Eu testei brevemente uma demo do Sword of the Apocalypse e é bem interessante ver um jogo novo sendo desenvolvido pro Mega Drive, uma plataforma de mais de 30 anos atrás. O game é um plataforma 2D com visual e áudio bem avançado considerando que é um jogo de Mega Drive, tem uma direção de arte bem bonita e reflete como que tanto o Mega Drive quanto o Neptune seguem entregando experiências novas pro mundo dos games”, relata o youtuber.
Conceito do estágio inicial do Sword of Apocalypse, dirigido por Salvador, de Itapetininga (SP), jogo autoral da empresa que vai lançar o Neptune
Divulgação/Versão Ltda
Salvador acrescenta que Edu apoiou a ideia do console e do jogo desde o início, acompanhando o projeto mesmo tendo pouco contato com seu desenvolvimento em si.
“Nada mais justo do que dar a ele acesso à nossa versão alpha do jogo, para que pudesse trazer todo o seu expertise e nos dar aquele feedback precioso. No fim das contas, ele se tornou praticamente o padrinho do nosso novo projeto e estamos super felizes com isso” declara Salvador.
Renato Almeida, Fabio Michelin, BRKsEdu e Salvador no evento Gamescom LATAM 2024
Reprodução/GamesCom LATAM 2024
👾Neptune, o projeto perdido da Sega
Em meados dos anos 90, a empresa de jogos eletrônicos Sega, especificamente a unidade da América, desenvolveu um dispositivo chamado 32X, que tinha a missão de transformar o Mega Drive, um console de 16 bits, em uma máquina de 32, aumentado a quantidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida.
O 32X foi lançado como um tipo de acessório, que funciona ao ser encaixado em cima do Mega Drive, entretanto, a Sega tinha a intenção de lançar um console que não precisasse deste acessório avulso e que funcionasse em 32 bits por si só, e ele se chamaria Neptune.
O Neptune foi desenvolvido por uma empresa brasileira destinado aos retrô gamers e a nova geração de players
Divulgação/Gamescare
O Neptune se tronou o “projeto perdido da Sega”, pois a unidade do Japão, também nos anos 90, acabou lançando o videogame Sega Saturn, que já vinha com uma tecnologia superior ao projeto Neptune, que acabou sendo descartado.
A empresa brasileira responsável por trazer o Neptune de volta de forma independente, apesar de não ter uma data especifica, anunciou mais detalhes sobre ele além de mostrar o trailer do jogo de estreia no evento GamesCom LATAM 2024, no início de julho deste ano.
Console retrô Neptune foi anunciado junto com seu primeiro jogo na GamesCom LATAM 2024 no início de julho
Reprodução/GamesCom LATAM 2024
“A ideia por trás desse console é simples: trazer o bom e velho Mega Drive direto para o século 21! Com tecnologia moderna compatível com televisores atuais, acesso à internet e uma loja de games dedicada, esse console está pronto para conquistar corações nostálgicos e novos fãs”, explica Salvador.
Salvador também explica que o Mega Drive, mesmo depois de décadas de lançamento, continua sendo um dos queridinhos dos colecionadores e não só para estes entusiastas, o Neptune poderá ser uma opção para players que não tiveram a oportunidade de jogar em consoles antigos experimentarem a gameplay, e para os retrô gamers terem novos cartuchos para colecionar.
Fãs poderão viajar no tempo e jogar seus jogos de Mega Drive com o Neptune
Reprodução/Youtube/BRKsEDU
BRKsEDU, no entanto, salienta que um dos desafios do console pode ser o valor. O videogame poderá ser um pouco caro por ter peças importadas, mas que, apesar disso, não teria a mesma necessidade que consoles antigos têm de manutenção. Mas aponta que tanto no Brasil como internacionalmente, a recepção do público foi positiva.
“Muitos pais apresentam os consoles que jogaram na infância para os filhos e ele gostam. Muita molecada hoje em dia conhece o Sonic, viu o filme do Sonic e vai poder voltar e jogar o Sonic como ele surgiu, no Mega Drive. Todas as gerações que gostam e videogame vão aproveitar, independentemente de terem vivido a época ou não”, finaliza.
BRKsEdu foi ‘padrinho’ do projeto Neptune desenvolvido no Brasil
Reprodução/GamesCom LATAM 2024
*Colaborou sob a supervisão de Carla Monteiro
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