Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (13) uma operação contra um esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul (RS). Grupo de intermediários cobrou 6% pela verba. A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (13) uma operação contra um esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul (RS). A investigação revelou que um grupo cobrava uma comissão de 6% sobre os valores repassados à instituição em troca de uma “intermediação” entre o gabinete de um parlamentar em Brasília e o hospital.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que autorizou a operação, classificou a prática como crime.
“A representação da PF descreve a existência de uma organização criminosa que direcionava emendas parlamentares e se apropriava de parte desses recursos públicos”, afirmou Dino em sua decisão.
Segundo as investigações, os intermediários usavam um contrato formal para justificar o pagamento da propina sobre os valores captados.
PF investiga desvio de recursos de emendas parlamentares para um hospital do Rio Grande do Sul
Como funcionava o esquema
O esquema envolvia a empresa ACF Intermediações, contratada pelo hospital para captar recursos via emendas parlamentares.
Em troca, a empresa recebia 6% do valor destinado ao hospital. O inquérito aponta que o deputado Afonso Motta (PDT-RS) destinou R$ 1,07 milhão à instituição entre 2023 e 2024, e que parte desse dinheiro foi redirecionada para a ACF.
O chefe de gabinete de Motta, Lino Furtado, e o empresário Cliver Fiegenbaum, dono da empresa, foram alvos da operação.
Durante a investigação, a PF encontrou mensagens no celular de Fiegenbaum em que Furtado sugeria o envio de emendas ao hospital em troca da comissão de 6%.
O inquérito detalha que parte dos valores originalmente destinados a outras entidades foi redirecionada ao Ana Nery, garantindo o pagamento à intermediadora.
Ação da PF e apreensões
A operação cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos. A PF também fez buscas no hospital e apreendeu documentos e computadores. Durante a ação, foram encontrados R$ 160 mil em dinheiro vivo e celulares escondidos no forro de um dos imóveis investigados.
Além das buscas, o ministro Flávio Dino determinou o afastamento do chefe de gabinete de Motta e de Fiegenbaum de seus cargos públicos, além do bloqueio de R$ 509 mil em contas e bens dos investigados.
O que dizem os citados
O deputado Afonso Motta afirmou que foi “surpreendido” pela operação e que buscará mais informações antes de comentar o caso. O Hospital Ana Nery disse, em nota, que colabora com as investigações e reforçou seu compromisso com a transparência. O G1 tenta contato com os demais envolvidos.
As investigações seguem para apurar se outros parlamentares participaram do esquema e se houve mais desvios de recursos públicos.