12 de outubro de 2024

Diretor diz que gestão da Central de Transplantes não foi consultada sobre contratação de laboratório investigado após testes positivos de HIV

O PCS Lab Saleme é apontado pelo governo do estado do Rio como responsável por erros em 2 exames, que resultaram na infeção por HIV de 6 pessoas que estavam na fila do transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro e receberam órgãos. Diretor diz que gestão da Central de Transplantes não foi consultada sobre contratação de laboratório investigado após testes positivos de HIV
O diretor-geral da Central Estadual de Transplantes, Alexandre Cauduro, escreveu em um ofício interno nesta quarta-feira (9) que a atual gestão da central não foi consultada ou ouvida durante todo o processo licitatório do laboratório do laboratório PCS Lab Saleme, nem participou da elaboração do contrato.
O laboratório é apontado pelo governo do estado do Rio como responsável por erros em 2 exames, que resultaram na infeção por HIV de 6 pessoas que estavam na fila do transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) e receberam órgãos.
A unidade privada fica em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e foi contratada pela SES-RJ em dezembro do ano passado, em um processo de licitação via pregão eletrônico no valor de R$ 11 milhões, para fazer a sorologia de órgãos doados. Um dos sócios é primo do ex-secretário de Saúde Dr. Luizinho
O diretor ressaltou que na única oportunidade que teve de se manifestar sobre o processo licitatório, para atestar a qualificação técnica do laboratório, questionou a sua habilitação, uma vez que, segundo Alexandre Cauduro, não foram apresentados os documentos necessários para avaliação.
Foi a Fundação Saúde, órgão ligado à Secretaria Estadual de Saúde, quem atestou o laboratório como habilitado para prestar serviço ao governo, de acordo com um documento de outubro do ano passado.
O dono do laboratório, Matheus Vieira, ficou sabendo da sindicância da Secretaria de Saúde – que suspendeu a atuação do PCS Labs – na sexta-feira passada (4). No mesmo dia, uma equipe da Vigilância Sanitária esteve em duas salas usadas pelo laboratório e apontou problemas.
Depois disso, segundo o proprietário, equipes do laboratório deram uma “geral” nos locais: fizeram manutenção da rede elétrica, reduzindo os cabos expostos, trocaram o ar condicionado, fizeram limpeza, identificação das bancadas e a retirada de materiais não indicados e não condizentes com o laboratório.
Sindicância interna
O laboratório PCS Lab afirma que abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no Estado do Rio de Janeiro. “Trata-se de um episódio sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969”, disse a empresa.
Órgãos de diferentes esferas, como o Ministério da Saúde, Polícia Civil e Ministério Público, abriram investigações sobre o caso. O laboratório foi interditado pela Anvisa nesta quinta.
O laboratório disse ainda que informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado. Nesses procedimentos, afirma a empresa, foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O PCS Lab ainda acrescentou que dará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares; e reitera que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe que investigam o caso.

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