17 de outubro de 2024

Diretor executivo da Fundação Saúde já foi parceiro de negócio de primo de Doutor Luizinho, sócio do PCS Lab

João Ricardo da Silva Pilotto contratou uma empresa de Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira em novembro de 2021, quando já era diretor. As contratações da Fundação entraram na mira da CPI da transparência da Alerj. Diretor executivo da Fundação Saúde já foi parceiro de negócio de primo de Doutor Luizinho, sócio do PCS Lab
O diretor executivo da Fundação Saúde, João Ricardo da Silva Pilotto, já fez negócios com um dos sócios do PCS Lab Saleme.
Foi ele quem assinou o contrato com o laboratório responsável pelos erros que causaram a infecção de seis pessoas com HIV. Pelo lado da empresa, a assinatura é de Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira.
Mas essa não foi a primeira vez em que os dois assinaram juntos um contrato. Eles já foram parceiros de negócios na vida privada. Um documento obtido pelo RJ2 mostra que uma empresa de Pilotto, a Dimagem Diagnóstico, contratou uma outra empresa de Matheus, a Quântica Serviços de Radiologia.
O objetivo eram serviços técnicos de radiologia e diagnóstico por imagem. O contrato foi assinado em novembro de 2021, com prazo até o fim de 2022. Nessa época, Pilotto já era diretor da Fundação Saúde.
À Receita Federal, Matheus declarou que a filial da Quântica ficava em um endereço em São Gonçalo. No mesmo local, funciona a sede da Dimagem, empresa de Pilotto.
João Ricardo da Silva Pilotto ocupa o cargo mais alto da Fundação Saúde
Reprodução/TV Globo
Depois que o RJ2 revelou que Matheus é primo do ex-secretário de Saúde, o deputado federal Doutor Luizinho (Progressistas), o Ministério Público abriu um inquérito para apurar o vínculo de parentesco dos sócios do PCS Lab Saleme com o ex-secretário.
A promotoria apura indícios de irregularidades na celebração dos contratos e Termos de Ajuste de Contas (TACs) da Fundação Saúde com a empresa.
Os TACs são pagamentos feitos por indenização, depois que o serviço já foi prestado, sem licitação e contrato. Só neste modelo — que é para ser usado apenas em casos excepcionais — a Fundação Saúde pagou R$ 2,5 milhões para o PCS Saleme.
Fontes ouvidas pelo RJ2 avaliam que essa relação pode ser considerada mais um indicativo de irregularidade.
Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, um dos sócios do PCS Lab Saleme
Reprodução/TV Globo
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A influência de Doutor Luizinho
Doutor Luizinho (de preto) e o primo, Matheus (de branco)
Reprodução
Doutor Luizinho não é mais secretário de Saúde, mas manteve sua influência na pasta. A irmã dele é diretora da Fundação Saúde, vinculada à secretaria.
O deputado iniciou a carreira política em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde outra irmã acabou de ser eleita vice-prefeita.
Foi em Nova Iguaçu que o diretor executivo da Fundação Saúde fez carreira e prosperou. A Dimagem tem um contrato com a prefeitura para serviços especializados de procedimentos clínicos, de apoio diagnóstico e cirúrgicos.
O contrato foi firmado em 2021 por chamamento público — sem licitação. E vem sendo renovado por termos aditivos, ano após ano, com direito a reajuste de valores, que já chegam a R$ 15 milhões.
As contratações da Fundação Saúde estão na mira também da CPI da Transparência da Alerj, que já solicitou dezenas de ofícios pedindo esclarecimentos.
“A tragédia que nós estamos vendo agora poderia ter sido evitada caso a secretaria tivesse nos respondido, tivesse sanado esses problemas, mas, infelizmente, me parece que não é o intuito deles resolver esse problema”, disse o presidente da CPI, deputado Alan Lopes (PL).
O que dizem os citados
O RJ2 pediu um posicionamento para a Fundação Saúde sobre as ligações do diretor executivo com o dono do laboratório, mas não teve resposta.
O deputado federal Doutor Luizinho disse que, quando foi secretário de Saúde, jamais participou da escolha deste ou de qualquer laboratório.

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