16 de novembro de 2024

Diretora é afastada de escola que proibiu aluno com autismo de levar lanche no interior da Bahia

Caso aconteceu em Feira de Santana. Garoto tem seletividade alimentar, comum entre pessoas com autismo, que rejeitam muitos alimentos por causa do cheiro e da textura. Diretora é afastada de escola que teria proibido aluno com autismo de levar lanche na BA
A diretora da escola que proibiu um estudante com espectro autista de levar o próprio lanche foi afastada das atividades após denúncia da mãe do adolescente de 14 anos. O caso aconteceu em Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador. O menino tem seletividade alimentar, comum entre pessoas com autismo, que rejeitam muitos alimentos por causa do cheiro e da textura.
De acordo com a Secretaria de Educação da Bahia (SEC), o vice-diretor do Instituto de Educação Gastão Guimarães vai substituir Alfreda Xavier temporariamente.
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Jandira Carla Oliveira, mãe do adolescente, se revoltou após tomar conhecimento do ocorrido. Após a denúncia, a mulher se reuniu com o Núcleo Territorial de Educação (NTE) e o estudante foi autorizado a levar o próprio alimento.
A equipe de produção da TV Subaé, afiliada da Rede Bahia na região, entrou em contato com a diretora da instituição e ela solicitou que procurasse o NTE. Até a última atualização desta reportagem, a TV Subaé não havia conseguido retorno.
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Instituto de Educação Gastão Guimarães, em Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador
Reprodução/TV Subaé
Entenda o caso
Segundo a família do adolescente, desde que ingressou na escola, no começo do ano, o adolescente não recebeu o Plano de Educação Individual, o (PEI), direcionado a alunos especiais.
Mesmo tendo apresentado toda a documentação de um neurologista, explicando que o filho, pelo espectro autista, tem uma seletividade alimentar, ele foi proibido de comer o lanche que levava de casa junto dos colegas.
“Quando ia buscar ele na escola, percebi que ele estava com a mão fria, dor de cabeça, muito enjoado. Comecei a perguntar o que estava acontecendo e ele dizia que não tinha comido o lanche, porque estava sem fome. Aquilo me incomodou, porque conheço meu filho”, disse a mãe do garoto, Jandira Carla Oliveira.
“Um dia insisti com ele: ‘Filho, sou sua amiga e preciso saber o que está acontecendo’. Aí ele trouxe: ‘Mãe, não estou comendo, porque a funcionária da escola me disse que era para guardar meu lanche e que a partir daquele dia, eu estava proibido de me alimentar”, afirmou a mãe do adolescente.
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Preocupada com a situação, a mãe resolveu denunciar o caso. Buscou o Núcleo Territorial de Educação e o Conselho Tutelar. Quer que o filho continue na escola, com todos os direitos que tem. Depois da denúncia da mãe, na sexta-feira (16), Pedro não foi mais à escola.
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A Constituição Federal, no Artigo 208, garante o atendimento educacional especializado a portadores de deficiência. Uma lei de 2012 garante, inclusive, acesso a medicamentos e nutrientes.
Adolescente de 14 anos tem seletividade alimentar.
Reprodução/TV Bahia
O nutricionista Iury Lopes explica que a maioria dos autistas tem a percepção de alimentos limitados, por causa do transtorno de neurodesenvolvimento, o que gera uma hipersensibilidade sensorial.
“Alimentos com diferentes texturas, cores, até mesmo o cheiro vai afetar a percepção dos indivíduos. A gente tem que pensar no tratamento multidisciplinar, que vai desde o médico, nutricionista, psicólogo e fonoaudiólogo”.
“Chamamos de dessensibilização, onde vamos apresentar, aos poucos, alimentos de diferentes texturas para ter uma boa aceitabilidade”, explicou o profissional.
A reportagem da TV Subaé procurou a direção da escola, que alegou não poder se pronunciar.
“Ela disse que até a nutricionista avaliar, não poderia fazer nada, e que ele ia continuar sem se alimentar na escola até a nutricionista do Estado se posicionar”, contou a mãe do adolescente.
“Ela até me recomendou, que como ali é um espaço público, se eu não tivesse satisfeita, procurasse uma escola particular, que ia atender os meus desejos”.
Em nota, o Núcleo Territorial de Educação informou que se reuniu com a equipe de nutricionistas do setor e os responsáveis pelo aluno. Afirmou ainda que na reunião, propôs elaborar um cardápio especial para atender o estudante, mas a família teria preferido disponibilizar a alimentação que ele deve consumir na escola, o que ficou acertado pelas partes envolvidas.
O Núcleo Territorial de Educação informou ainda que sinaliza para os estudantes não levarem lanches e consumirem a alimentação escolar porque alimentos mal acondicionados podem causar problemas à saúde.
Mãe de adolescente com espectro autista se revoltou após escola proibir filho de levar lanche na Bahia.
Reprodução/TV Subaé
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