Consequências de cirurgias plásticas e intervenções malsucedidas foram o tema da reportagem especial do MG1 deste sábado (15). Janaína de Souza Fonseca, de 50 anos, mostra marcas de lipo de papada que deu errado
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Lipo de papada, abdominoplastia, harmonização íntima, silicone. A indústria da beleza se fortalece com o aumento da oferta de procedimentos que prometem uma solução rápida para corpos perfeitos. No entanto, a busca descontrolada por padrões estéticos leva muitos pacientes, sobretudo mulheres, a se tornarem vítimas de negligência e erros médicos.
Incomodada com a própria aparência, Janaína de Souza Fonseca, de 50 anos, encontrou o perfil da dentista Camilla Groppo nas redes sociais e decidiu procurá-la com o objetivo de ter um “rosto mais fino”. A profissional, então, sugeriu uma lipo de papada e uma remoção de gordura das bochechas.
“O consultório, ele é assim, divino, maravilhoso, ambiente parece que é encantador. A pessoa dela, em si, é encantadora, ela é linda. A impressão que a gente tem é que vai ficar com o rosto igual ao dela. Então aquilo já te deixa maravilhada e tudo, aí ela vem falando e tudo… Marquei o procedimento para o dia seguinte”, contou.
Após as cirurgias, Janaína teve complicações graves. Ela e outras 25 mulheres contraíram uma infecção durante os procedimentos na clínica odontológica.
Dentista Camilla Groppo é investigada pela Polícia Civil
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Segundo a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte, que interditou o estabelecimento, houve falha na esterilização de materiais usados nas intervenções. De acordo com a Polícia Civil, a dentista não tinha capacitação para realizar as operações e apresentou diplomas falsos.
Prótese de silicone
Thaynara Braz Alvez, que fez mamoplastia e abdominoplastia, começou a passar mal e queixou-se de dores pelo corpo
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Movida pelo desejo de um corpo mais bonito, Thaynara Braz Alves, de 28 anos, fez duas cirurgias plásticas: uma mamoplastia, para substituir uma prótese nos seios, e uma abdominoplastia, para retirar excesso de pele da barriga. As duas duraram cerca de quatro horas.
“Ela queixou, ela estava queixando de muitas dores, e a enfermeira aferia a pressão”, afirmou a tia da paciente, Amélia Braz.
Segundo o boletim de ocorrência, ela apresentou arritmia cardíaca e de imediato, o Hospital Bellagio, na Região da Pampulha, chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os socorristas conseguiram reanimá-la, até que Thaynara teve uma segunda parada cardiorrespiratória e morreu.
Mulher morreu após cirurgias plásticas em clínica de BH
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O médico responsável pelas operações foi Yuri Araújo da Silva. O cirurgião responde na Justiça por vários procedimentos malsucedidos. Ele também é acusado de divulgar na internet fotos de antes e depois de pacientes, ainda sob o efeito de anestesia e sem consentimento.
Cinco cirurgias de uma vez
Norma Eduarda Fonseca, de 59 anos, ficou dois meses internada em hospital
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O empresário Gustavo Botelho não aceita a morte da mãe, Norma Eduarda Fonseca, de 59 anos. Segundo os parentes da mulher, ela teve complicações médicas ao fazer cinco procedimentos estéticos ao mesmo tempo. Após dois meses internada em um hospital, não resistiu.
“A minha mãe não ia realizar todos esses procedimentos. Então, no momento da cirurgia, foi definido pela quantidade de procedimentos, né?! Ela fez a cirurgia, com um total de sete horas de duração”, contou Gustavo.
Na certidão de óbito consta que a causa do falecimento foi disfunção orgânica múltipla e choque séptico. Para a família, houve negligência por parte do cirurgião plástico Rodrigo Credidio, que realizou a operação.
Médico Rodrigo Ribeiro Credidio atende em clínica no bairro Anchieta, na Região Centro-Sul da capital
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O médico é investigado em outros casos. A maioria das pacientes reclama da falta de assistência e omissão logo após os procedimentos.
“É muito triste saber depois do acontecido que houve tanta má-fé e tanto erro ao longo de tantas etapas do tratamento dela e que ela não pôde contar com o médico que ela confiou, que confiou seu corpo, sua vida e sua saúde”, completou o filho de Norma.
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Alerta
Para especialistas, encaixar-se no padrão ideal de beleza virou quase uma obsessão social, e a internet criou uma falsa percepção sobre o que é o outro. Filtros de aplicativo, por exemplo, são capazes de produzir uma realidade que mexe com a cabeça das pessoas.
“As pessoas muitas vezes não se dão conta dessa maquiagem e vão acreditando que aquilo é verdade. Esse é o grande problema, quando pessoas acreditam que o que o outro mostra é 100% verdade, e vai se comparando”, afirma a professora de psicologia Márcia Stengel.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda que o paciente busque informações sobre os profissionais e não se deixe levar exclusivamente pelas redes sociais. Além disso, quem quiser fazer algum procedimento estético deve ser informado sobre todos os riscos envolvidos.
“O que a gente nota hoje com relação a publicidades é que redes sociais não são local confiável de informação, porque a rede social é considerada um meio de propaganda, e o profissional põe a propaganda da forma mais atrativa para ele. O que a gente recomenda é que o paciente procure informar da capacitação profissional”, explica Kennedy Rossi, presidente da SBCP-MG.
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