Antes de ser morto a tiros em galpão desativado, Rogério Salomão era alvo de ação do irmão e principal suspeito do crime, Carlos Salomão, por causa de prédio que pertenceu ao pai em Jardinópolis (SP). Suspeito de matar irmão em Jardinópolis movia ação para bloquear compra de imóvel
Disputas por herança deixada pelo proprietário de uma rede de supermercados estão no contexto das mortes de um empresário de 52 anos e de sua advogada, de 50 anos, que esta semana chocaram moradores de Jardinópolis (SP), cidade de 45 mil habitantes vizinha a Ribeirão Preto (SP).
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Rogério Salomão e Lilian Cláudia Jorge foram alvos de pelo menos 14 disparos dentro do galpão desativado de um supermercado pertencente à família do empresário na quarta-feira (30). O principal suspeito é um irmão de Rogério, Carlos Salomão, ainda não encontrado pelas autoridades policiais, que também apuram a participação de mais pessoas no crime, tratado como duplo homicídio.
Carlos Salomão, Rogério Salomão e Diego Salomão, em Jardinópolis, SP
Arquivo pessoal
Antes dos assassinatos, Carlos – que era irmão do empresário apenas por parte do pai – estava prestes a entregar as chaves do galpão, que pertencia a Rogério. Em outra questão de herança familiar, Carlos entrou com uma ação contra Rogério por conta de outro imóvel da família que não teria entrado no inventário, apurou a EPTV, afiliada da TV Globo.
Nos tópicos a seguir, veja o que se sabe e o que ainda está em investigação sobre o caso.
Quem faz parte da família Salomão?
Que imóveis estavam em disputa?
Como foi o crime?
Que provas foram recolhidas pela perícia?
Quem são os suspeitos?
Galpão de supermercado onde aconteceu duplo homicídio em Jardinópolis, SP
Jefferson Neves/EPTV
1-Quem faz parte da família Salomão?
As mortes colocam em contexto uma disputa entre herdeiros de Márcio Salomão, conhecido dono de uma rede de supermercados em Jardinópolis que morreu em 2022.
Ele teve seis filhos, quatro deles de um casamento de 56 anos – entre eles Rogério – e dois fora dele – Carlos e Diego Salomão.
2-Que imóveis estavam em disputa?
Márcio deixou vários bens, entre eles sítios na região, terrenos e uma casa em Ribeirão Preto (SP). A escritura de inventário e partilha entre viúva e os seis filhos foi assinada em dezembro de 2022.
“Não havia divergência com relação ao inventário. São seis filhos, dois dos quais apenas por parte de pai, que faleceu. Aliás não foi nem uma ação, foi feito tudo de forma consensual, a partilha dos bens por ocasião do falecimento do seu Márcio”, afirma o advogado Marco Antônio Tronco, que defende os interesses de Antônio Salomão, o filho mais velho de Márcio.
As recentes mortes do empresário e da advogada, no entanto, têm como contexto divergências quanto ao galpão ddo supermercado, na Vila Reis, em Jardinópolis, e outro imóvel comercial que fica em frente.
Imóvel comercial já alvo de disputa entre irmãos herdeiros antes de morte de empresário e advogada em Jardinópolis (SP)
Reprodução/EPTV
O prédio comercial em Jardinópolis, de acordo com apuração da EPTV, que inclusive gerava renda com aluguel pago por uma assistência técnica de celulares, não entrou para o inventário do patriarca porque não estava registrado no nome dele, mas posteriormente acabou adquirido por R$ 20 mil por Rogério.
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Essa transação motivou Carlos e Diego a ajuizar uma ação contra o empresário tanto para embargar o registro no nome do irmão, questionando o valor abaixo de mercado, e pedindo indenização por danos morais porque o prédio não havia entrado no espólio da herança. Em agosto deste ano, eles conseguiram, em decisão na 1ª Vara de Jardinópolis, suspender a transferência do bem para o nome de Rogério.
Já o supermercado já era de propriedade de Rogério antes da morte do pai, mas continuou com Carlos, que permaneceu conduzindo as atividades comerciais no local, segundo Tronco.
A discordância com relação a esse imóvel ocorreu quando Rogério passou a cobrar de Carlos aluguel pelo uso de espaço, de acordo com Tronco. Em meio ao impasse, Rogério chegou a ingressar com uma ação pedindo os valores e a desocupação.
As divergências foram discutidas e solucionadas com a intermediação de advogados, entre eles Lilian, e, na quarta-feira (30), com o galpão já desocupado, a expectativa era de que Carlos entregasse o imóvel para Rogério.
“A divergência surgiu quando obviamente o Rogério no direito de propriedade e de uma parte que não havia sido partilhada porque não havia motivo, ele requereu ao irmão que fizesse a locação ou que entregasse o imóvel, até porque a marca Salomão Supermercados pertence à vítima, ao Rogério. Quando houve alguma divergência após todos assinarem o formal de partilha, o que aconteceu? Essa divergências foram sanadas através dos advogados”, afirma Tronco.
O empresário Rogério Salomão, de 52 anos, e a advogada Lilian Claudia Jorge, mortos a tiros em Jardinópolis, SP
Reprodução/ EPTV
3-Como foi o crime?
De acordo com boletim de ocorrência, na quarta-feira, Rogério e a advogada Lilian foram até o galpão se encontrar com Carlos para receber dele a chave do imóvel e firmar um termo de entrega do imóvel um e termo de vistoria de saída.
Mas, por volta das 10h30, Rogério e Lilian acabaram baleados por cerca de 15 disparos de arma de fogo. Segundo o boletim de ocorrência, indícios no local apontam que o crime ocorreu em um compartimento localizado nos fundos do imóvel.
As vítimas foram levadas ao pronto-socorro central, mas não resistiram.
4-Que provas foram recolhidas pela perícia?
O galpão foi isolado e periciado por agentes que encontraram dezenas de cápsulas de armas calibre 9 milímetros e 380, além de marcas de sangue a cerca de 4 metros de distância de onde as vítimas teriam sido alvejadas.
Perto de onde Lilian foi baleada, sobre uma estrutura de concreto, os peritos encontraram e apreenderam documentos – “Termo de Entrega de Chaves de Imóvel Comercial” e “Termo de Vistoria de Saída” – que não tinham nenhuma assinatura.
De acordo com o registro da Polícia Civil, também foram obtidas imagens de câmeras de segurança do entorno do galpão.
Polícia Científica recolheu cápsulas de calibre 9 milímetros e 380 de galpão onde empresário e advogada foram mortos em Jardinópolis (SP)
Reprodução/EPTV
5-Quem são os suspeitos?
De acordo com a Polícia Civil, o principal suspeito pelas mortes é Carlos Salomão, entre outras questões por não concordar com a entrega do galpão do supermercado. Ele não era considerado foragido pelas autoridades, porque não foi alvo de nenhum pedido de prisão, mas ainda não tinha sido localizado pela polícia até esta quinta-feira (31).
O irmão dele, Diego, também chegou a ser detido na quarta-feira no mesmo período do dia em que ocorreram as mortes. Ele foi detido após ser perseguido de carro por policiais e foi levado à delegacia para prestar depoimento, mas não foi preso e nada de ilícito foi encontrado no automóvel dele.
Polícia procura suspeito de matar irmão e advogada em Jardinópolis
A Polícia Civil, no entanto, não descarta o envolvimento de mais pessoas nos assassinatos. Isso porque as 14 cápsulas deflagradas encontradas no local sugerem que foram utilizadas duas armas diferentes, o que pode indicar a participação de uma segunda pessoa.
Segundo o boletim de ocorrência, moradores ouvidos por agentes policiais disseram que Carlos estava com outra pessoa no momento dos fatos, mas essa informação não tinha comprovação.
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