Diva Guimarães nasceu no interior do Paraná, e vivia em Curitiba. Discurso dela na Flip viralizou na internet. Diva Guimarães discursou em mesa com Lázaro Ramos e Joana Gorjão
Reprodução/YouTube/Flip – Festa Literária Internacional de Paraty
A professora aposentada Diva Guimarães, que emocionou milhares de brasileiros ao discursar sobre preconceito durante a 15ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2017, morreu no sábado (11), aos 85 anos.
O corpo dela foi cremado na tarde deste domingo (12).
✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp
✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram
No discurso da Flip, Diva disse que “um negro pra estudar e pobre passa por muitas humilhações”. Ela era formada em Educação Física. No discurso, a professora levou o ator Lázaro Ramos, um dos palestrantes do evento, às lágrimas.
O vídeo, na época, viralizou na internet e teve milhões de visualizações. Relembre abaixo.
Diva nasceu no distrito de Serra Morena, em Uraí, no norte do Paraná. Filha de parteira e de empregado de estrada de ferro, ela optou por não casar e nem ter filhos.
Diva Guimarães fala sobre o preconceito e o racismo
LEIA TAMBÉM:
Paraná: Carro envolvido em acidente levava adolescente no porta-malas e mais cinco pessoas; três morreram
Veja como ajudar: Fortes chuvas deixam famílias desabrigadas no litoral do Paraná
Vídeo: bombeiros resgatam 10 pessoas surpreendidas por cabeça d’água que ficaram ilhadas no litoral
Partida
Nas redes sociais, o ator Lázaro Ramos lamentou a partida da professora.
“Até o final, a sua presença me ensinou alguma coisa, como, por exemplo, a importância da amizade. Ver suas amigas com a senhora, lhe apoiando, te levando alegria e conforto até o fim, foi emocionante demais. Obrigada por inspirar tantas pessoas com sua história. Sim, estou triste mas junto também tem a memória de todo o seu carinho, força e inspiração que sei compartilho com muitas pessoas”, escreveu.
Ator Lázaro Ramos
Redes sociais
Emoção na Flip
Na sessão da Flip, Diva contou que era neta de escravos relatou uma vida de dificuldades impostas pelo racismo e pela intolerância.
“Se o branco é 100%, o negro tem que ser 1.000%. Tem que estar muito acima para se igualar. A saída é essa: ler, estudar muito para conseguir driblar a situação”, comentou a professora.
Ela declarou ainda que, quando era mais nova, sofreu preconceito de forma explícita e que, continuava sofrendo o mesmo absurdo, mas de forma velada.
Durante a sua fala no evento, a aposentada também citou problemas na educação pública brasileira e deu uma lição de vida ao lembrar dos ensinamentos da falecida mãe.
“A gente era pobre e a minha mãe, pra que eu pudesse estudar, me mandou para um colégio, que tinha uma tradição no Paraná, à época, das missões, onde as freiras passavam e recolhiam as crianças e as pessoas com mais idade em troca de estudo”, disse.
Diva Guimarães emocionou o público presente na Flip
Wilson Kirsche
Mais assistidos do g1 PR
Leia mais em g1 Paraná.