10 de outubro de 2024

Doação pareada: entenda procedimento inédito que permitiu famílias diferentes realizarem ‘troca’ de doações de rins

Técnica desenvolvida no Hospital das Clínicas de São Paulo foi colocada em prática na Santa Casa de Juiz de Fora. Doação pareada: entenda procedimento inédito que permitiu famílias diferentes realizarem ‘troca de doações’ de rins
No Brasil, a maior parte das pessoas na fila de espera do transplante necessita de um rim. São mais de 40 mil pacientes aguardando pelo órgão, segundo o Ministério da Saúde.
O Profissão Repórter desta terça-feira (8) destacou uma técnica desenvolvida no Hospital das Clínicas de São Paulo e colocada em prática na Santa Casa de Juiz de Fora que pode diminuir esse tempo de espera: o transplante pareado. Veja no vídeo acima.
Na reportagem, três pares de familiares ilustraram como essa técnica funciona. Rosa, Janaína e Vantuil estavam todos em uma situação semelhante: queriam doar rins para seus parentes, mas não eram doares compatíveis.
O transplante pareado trouxe a solução. Os familiares descobriram ser compatíveis com os outros pacientes e a combinação entre as famílias gerou uma “troca de doações”. Veja:
Rosa doou para Sérgio, pai de Janaína
Janaína doou para Maria Aparecida, esposa de Vantuil
Vantuil, por sua vez, doou para Ana Célia, irmã de Rosa
“A doação pareada é um conceito tecnicamente simples: a gente faz uma troca entre pacientes que são imunologicamente incompatíveis de forma que eles se tornem compatíveis. Todo mundo entrou no centro cirúrgico ao mesmo tempo. Todos os doadores fizeram a doação e todos os receptores receberam um rim, só que não do seu parente, receberam de outra pessoa”, explica a médica nefrologista, Juliana Bastos.
A lei brasileira diz que a doação de órgãos entre vivos só é permitida para cônjuges ou pessoas que tenham parentesco consanguíneo até o quarto grau. O projeto de pesquisa do transplante pareado obteve autorização da Justiça.
“Esses familiares estão, de certa forma, doando o rim em benefício de seus parentes, porque sem a doação deles, os parentes não receberiam o transplante”, ressalta a médica.
Os respectivos doares e receptores não se conheciam.
“A gente foi se conhecendo depois da cirurgia. Todo mundo acordou junto no mesmo quarto e foi descobrindo quem doou para quem. E foi uma felicidade só”, conta Rosa.
Os pacientes continuam em contato até hoje.
“Sim, temos um grupo nosso, chamado ‘Os Transplantáveis'”, brinca.
Doação pareada: entenda procedimento inédito que permitiu famílias diferentes realizarem ‘troca de doações’ de rins
Reprodução/TV Globo
Maria Aparecida, uma das beneficiadas pelo transplante, compartilhou a alegria da nova vida:
“Eu tinha medo de não dar certo e voltar àquela rotina antiga, mas agora estou bem demais. Graças a Deus, posso beber água à vontade. Foi uma bênção”.
Veja a íntegra do programa abaixo:
Edição de 08/10/2024
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