No dia anterior, a moeda norte-americana recuou 1,14%, cotada a R$ 6,1109. O principal índice de ações da bolsa de valores subiu 1,26%, aos 120.022 pontos. Dólar
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O dólar abriu em leve baixa nesta terça-feira (7), com investidores à espera de novos dados econômicos nos Estados Unidos, enquanto ainda repercutem a notícia de que o presidente Donald Trump pode impor menos tarifas sobre produtos importados do que era esperado.
O pregão desta terça conta com a divulgação do relatório de empregos JOLTS, nos EUA, que mostra a qual a oferta de trabalho no país. O mercado monitora esses dados com atenção porque o nível do mercado de trabalho americano pode ser determinante para as próximas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre as taxas de juros do país.
Ainda lá fora, segue repercutindo a notícia do Washington Post de que a equipe econômica de Trump estaria estudando colocar tarifas de importação apenas sobre setores específicos dos EUA, como segurança e energia. Menos tarifas significam menos inflação no país, o que também pode contribuir para juros menores por mais tempo.
Juros baixos nos EUA fazem com que a rentabilidade dos títulos públicos do país seja menor, atraindo menos investidores e reduzindo a vantagem do dólar sobre outras moedas.
Trump desmentiu a notícia em uma rede social, mas o mercado segue reagindo bem às expectativas de menos tarifas.
No Brasil, o destaque fica com o cenário econômico. Nesta tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de uma entrevista com a GloboNews e investidores aguardam para ver se ele vai trazer novas pistas sobre medidas de corte de gastos ou para controlar a disparada recente do dólar.
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Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar acumula alta de quase 28% em 2024
Dólar
Às 09h20, o dólar caía 0,38%, cotado a R$ 6,0877. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda fechou em baixa de 1,14%, vendida a R$ 6,1109.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,11% no mês e no ano.
Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice encerrou em alta de 1,26%, aos 120.022 pontos.
Com o resultado, acumulou:
perda de 0,22% no mês e no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O mercado monitora, nesta terça, o relatório de emprego JOLTS nos EUA. Um mercado de trabalho mais aquecido costuma aumentar os rendimentos da população — que, com mais dinheiro para consumir, aumenta a demanda por produtos e serviços. Mais demanda tende a gerar aumento de preços e inflação.
Por isso, os dados de emprego são monitorados com atenção nos EUA. O país vive, desde meados de 2024, um ciclo de redução das taxas de juros. Para que os juros continuem caindo, porém, a inflação precisa desacelerar mais. Até novembro, a inflação americana anual era de 2,7%, enquanto a meta do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) é de 2%.
Uma economia muito aquecida, principalmente com forte geração de vagas e inflação persistente, pode fazer com que o Fed reduza o ritmo de corte dos juros.
Também segue repercutindo o destaque do último pregão no mundo, com a notícia de que a equipe de Trump estuda aplicar menos tarifas de importação do que o prometido pelo presidente durante a campanha eleitoral.
Segundo o jornal “The Washington Post”, assessores de Trump querem tarifas mais elevadas apenas em setores-chave para a segurança do país, como energia e defesa. Trump negou as informações em sua rede social ainda pela manhã.
“Isso está errado. O Washington Post sabe que está errado. É apenas outro exemplo de ‘fake news’.”
Mesma assim, o mercado reagiu bem à possibilidade de tarifas menores, pois isso reduziria a inflação nos EUA. Com menos inflação, o Fed não precisaria aumentar as taxas de juros. Rendimentos menores dos títulos públicos ampliam o apetite dos investidores por investimentos mais arriscados ou países com juros mais altos, tirando força do dólar.
No final de novembro do ano passado, Trump prometeu taxar em mais 10% os produtos chineses e em 25% os produtos mexicanos e canadenses.
Em um post na rede social Truth Social, o presidente disse que “esta tarifa permanecerá em vigor até que as drogas, especialmente o fentanil, e todos os imigrantes ilegais ponham fim a esta invasão do nosso país”. Trump também prometeu taxar produtos vindos de outros países.
A ideia por trás dessas taxações, explica o analista financeiro Vitor Miziara, é justamente deixar os produtos importados mais caros, para que os americanos deixem de importar e, com a demanda ainda existindo, as empresas nacionais passem a produzir os produtos que antes vinham de fora, favorecendo o mercado de trabalho americano.
“O grande receio que se tinha em relação a isso no mundo era a inflação que isso poderia causar. Se ele coloca tarifas de importação, há duas opções: ou as pessoas que importam vão continuar importando e, ao pagar mais caro, vão repassar os preços e gerar mais inflação, ou vão parar de importar”, afirma.
Mesmo com a redução de importações, os produtores locais demorariam até produzir o suficiente para recompor a demanda da população. Até essa equiparação entre oferta e demanda, haveria escassez de produtos e, também, maior inflação.
“Uma inflação muito grande eleva as expectativas por juros mais altos e por mais tempo”, pontua Miziara. Assim, com a expectativa de que as tarifas devem ser aplicadas apenas em setores mais específicos, a projeção é de menor inflação e menos juros também, reduzindo a força do dólar.
No Brasil, o mercado aguarda uma nova sinalização do governo federal sobre corte de gastos, sobretudo com a entrevista do ministro Fernando Haddad à GloboNews mais tarde.
Haddad se reuniu nesta segunda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após o encontro, ele afirmou à imprensa que o Orçamento de 2025 foi o tema central da conversa. Nesta terça, o ministro e o presidente voltam a se reunir.
A expectativa é que o orçamento seja votado em fevereiro. Sem a peça orçamentária aprovada, o ano começa com algumas restrições, mas a área econômica diz não ver impacto no funcionamento do governo.
“Tem uma regra pra isso [de execução], enquanto não votar o orçamento no começo do ano. E, no começo do ano, tem sempre uma execução mais lenta mesmo, ordinariamente. Mas nós temos que discutir falar com o relator para ajustar o orçamento às perspectivas do arcabouço fiscal e das leis que foram aprovadas, no final do ano passado”, disse Haddad.
Uma das razões para o orçamento não ter sido aprovado no ano passado foi a demora na aprovação das medidas de cortes de gastos, entre elas restrições no ritmo de aumento do salário mínimo e nas regras de acesso do abono salarial, por exemplo.
Segundo o ministro da Fazenda, novas medidas de cortes de gastos ainda não começaram a ser discutidas. No fim do ano passado, Haddad indicou que levará novas recomendações ao presidente Lula.
“Nós não conversamos sobre sobre isso [propostas de cortes de gastos] hoje, conversamos sobre outros temas. Mais o planejamento do ano, a questão do orçamento que ainda precisa ser votado”, acrescentou o ministro.
Haddad também negou a possibilidade de elevar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a saída de dólares do Brasil — uma eventual medida que poderia conter a alta da moeda norte-americana. Este é um temor que circula pelo mercado financeiro.
“A questão do dólar, a gente precisa entender isso. Tem um processo de acomodação natural. Nós tivemos um estresse no final do ano passado, no mundo todo. Tivemos aqui um estresse também no Brasil”, disse.
“E hoje mesmo o presidente eleito dos Estados Unidos [Donald Trump] deu declarações moderando [propostas feitas durante a campanha]. É natural que as coisas se acomodem.”