12 de outubro de 2024

Dos 70 animais vítimas de queimadas recebidos pelo Cebus em setembro, quase a metade morreu

Em outubro, até agora, 30 animais chegaram no Centro de Biodiversidade da Usipa. Destes, quatro morreram e nove retornaram à natureza. Um murucututu quebrou uma das asas tentando fugir das chamas
Jéssica de Oliveira
Os incêndios no leste de Minas Gerais têm destruído centenas de áreas de mata nativa e colocando em risco, também, os animais. Em setembro, o Centro de Biodiversidade da Usipa (Cebus), que fica em Ipatinga, recebeu 70 animais vítimas das queimadas. Do total, 31 não resistiram aos ferimentos. Dezessete se recuperaram e foram soltos na natureza. Outros 22 permanecem no zoológico.
Em outubro, até o dia 10, o Cebus recebeu 30 animais, dos quais quatro morreram. Nove retornaram à natureza e outros 17 permanecem na instituição.
Eles foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros ou pela Polícia Militar de Meio Ambiente em várias cidades, como Ipaba, Manhumirim e Teófilo Otoni.
Ao chegar ao Cebus, os animais passam por exames e avaliação veterinária. Alguns chegam tão desorientados que é preciso aguardar para fazer exames clínicos.
Cachorro do mato recebe os cuidados médicos no Cebus
Jéssica de Oliveira
Esse filhote de cachorro do mato teve as quatro patas e o focinho queimados em um incêndio ocorrido em Ipaba. Desde que chegou ao Cebus, ganhou peso e está com boa evolução no tratamento para as queimaduras. O comportamento arredio é esperança para sua reintrodução.
As aves também sofrem com os incêndios. Um murucututu, um gavião carijó, um caburé e um beija-flor quebraram uma das asas tentando fugir das chamas. As fraturas são graves e eles não têm condições de retornar à natureza. Vão permanecer no zoológico, até o fim da vida.
“Dá um sentimento de impotência realmente. São quadros muito tristes, desesperadores, ver o bicho em sofrimento e não tem o que fazer, não tem como recuperar esse animal”, lamenta Cláudia Diniz, bióloga do Cebus.
Gambá chegou recentemente ao local
Jéssica de Oliveira
Duas ninhadas de gambás lutam pela vida. Os menores chegaram ainda dentro da bolsa da mãe, que morreu em um incêndio. Eles se recuperaram e já foram soltos na natureza.
Corujinha do mato chegou ao Cebus desorientada e desidratada
Jéssica de Oliveira
Aqueles que conseguem sobreviver e se recuperar, são esperança diante de tantas perdas. É o caso dessa corujinha do mato. Ela chegou ao Cebus desorientada e desidratada, mas sem fraturas. Em breve, Claudia acredita que ela poderá ser solta na natureza, assim como um filhote de gavião carcará.
“As pessoas têm que tomar consciência né de que o que elas estão queimando não é um mato, é a casa de alguém. Quando se coloca fogo num colonhão, próximo da sua casa, você vai limpar o seu lote e desabrigar os animais silvestres. Eles vão parar na sua casa. Então, é um ciclo né. Se nós não rompermos com esse ciclo, nós vamos continuar com esses problemas decorrentes né dessa prática que já deveria ter sido abolida há muito tempo”
Diante de um cenário com tantas queimadas espalhadas por várias regiões, a população pode se deparar com um animal vítima das chamas. Neste caso, a orientação é acionar o Corpo de Bombeiros mais próximo do local ou a Polícia Militar de Meio Ambiente.
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