Mexicanos vão às urnas neste domingo numa eleição que já é considerada a mais violenta da história. Duas candidatas disputam a presidência no México, em campanha marcada pela violência
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Os mexicanos vão às urnas neste domingo numa eleição que já é considerada a mais violenta da história.
No México, democracia é patrimônio nacional.
Faz 90 anos que a população vai às urnas como manda a constituição, sem golpes ou rebeliões. Ainda assim, domingo será um dia inédito.
Pela primeira vez, uma mulher deve comandar a segunda maior economia da América Latina – atrás apenas do Brasil.
Duas candidatas lideram as pesquisas: Xochitl Gálvez, de centro-direita, e a favorita Claudia Sheinbaum, do partido do atual presidente Andrés Manuel Lopez Obrador.
A professora de relações internacionais Flavia Loss, coordenadora em pós graduação de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), explica que a disputa é resultado de uma política de paridade de gênero.
“Os partidos mexicanos são obrigados a ter 40% de candidatas concorrendo às eleições. Isso, pro nível federal. E depois, essa lei foi estendida pros outros níveis do país. Isso serve também de exemplo pros outros países da América Latina.”
Mas há problemas…São eleições marcadas pela violência, lembra o secretário de segurança multidimensional da Organização dos Estados Americanos (OEA), Ivan Marques.
“A questão do domínio territorial de alguns dos cartéis mexicanos provocando inclusive violência eleitoral, né? Essa forma da violência que afeta a democracia e as eleições. Esses cartéis que têm poderio militar bastante sofisticado bastante complexo com armas que vêm dos Estados Unidos, mas também desviada das forças armadas, o que faz com que eles tenham o poder de influência tremendo.”
O que acontece no México interessa para toda a vizinhança.
Se por um lado a fronteira com os Estados Unidos preocupa por causa do tráfico de drogas e do fluxo migratório, por outro fortalece a sociedade entre os dois países. O México se tornou o maior parceiro comercial dos norte-americanos. Tem sido o destino escolhido por multinacionais que querem produzir mais barato e facilitar a distribuição dos produtos na região.
“Tem a ver muito com o cenário internacional atual. A gente passou pela pandemia de Covid, a gente teve uma redistribuição das cadeias de valores. Além da questão da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Isso também acabou favorecendo o México como um fornecedor de produtos”, diz Flavia Loss.