1 de janeiro de 2025

Duas exposições destacam a diversidade LGBTQIA+ em São Paulo

Desde 2016, o Masp escolhe temas que são o fio condutor das exposições e atividades durante o ano. Em 2024, é a diversidade LGBTQIA+. Exposições no Masp destacam a diversidade LGBTQIA+
Em São Paulo, duas exposições destacam a diversidade LGBTQIA+.
85 obras; 31 delas inéditas, que revelam ao público a intimidade de um dos maiores nomes do Modernismo brasileiro.
“Conheço Mário de Andrade, mas está sendo uma novidade para mim, muito bonita ver a coleção dele, as obras dele, tudo aqui junto”, diz a produtora e atriz Cleo Weller.
A curadora destaca a sutileza das figuras masculinas nas obras colecionadas por Mário.
“Poder hoje falar sobre a sexualidade do Mário de Andrade é muito importante, da sexualidade e também da questão racial, que eu acho que são dois aspectos da vida dele que foram muito apagados. Eu acho que é importante porque a gente, de certa maneira, combate ou ajuda a combater uma homofobia estrutural e um racismo estrutural”, afirma Regina Teixeira de Barros, curadora do Masp.
Corpos masculinos também são destaque em outra exposição no Masp, “A beleza da carne”, de Francis Bacon. É a primeira mostra individual do artista irlandês no Brasil. Entre as 23 obras expostas, itens que vieram da Tate, em Londres, e do Moma, em Nova York.
A produção do pintor, que começou nos anos 1950, acompanhou os avanços da comunidade LGBTQIA+ na Inglaterra, país em que escolheu viver e onde as relações homoafetivas só deixaram de ser crime em 1967. Ainda hoje, seus traços provocam a sociedade a refletir sobre a liberdade das relações.
“É uma maneira de a gente mostrar como as pautas LGBTQIA+ não são apenas contemporâneas. Elas já estava presentes na arte do passado”, diz Laura Cosendey, curadora-assistente do Masp.
Nas obras de Francis Bacon, tudo é mais visceral. Ele retratou amigos, amantes, companheiros. Os rostos distorcidos garantiam o anonimato, mas o artista usava a técnica para dar movimento às obras.
Desde 2016, o Masp escolhe temas que são o fio condutor das exposições e atividades durante o ano. Em 2024, é a diversidade LGBTQIA+.
“A gente quer naturalmente sempre dar uma visibilidade a essas questões, dar uma visibilidade a esses artistas e também para que isso seja cada vez mais compreendido, mais aceito, cada vez mais disseminado em todo o público brasileiro. Então, é uma programação de cerca de 14 exposições. Então, o ano inteiro vai desenvolvendo essa temática de muitas formas diferentes, que dá um alcance mais amplo a esse tema”, explica Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp.
Encontrar temas relevantes em um espaço de arte agradou aos visitantes.
“Acho que é suma importante esse tema também para mostrar as dificuldades que tiveram antigamente em relação a isso, que ainda existem, mas que aos poucos a gente vai mudando. E essas exposições acabam contribuindo para isso”, diz o arquiteto Erick Ribeiro.
“Eu acho que quanto mais você conseguir colocar em um espaço como esse, do Masp, falando da sexualidade, falando da importância disso, mais pessoas vão ter acesso, mais pessoas vão poder se conscientizar sobre isso”, afirma o estudante de psicologia Felipe Vargas.
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