25 de dezembro de 2024

‘Dunas de lama’ dificultam retorno de moradores para casa em município do RS mais atingido por cheias

Enchente afetou 80% de Eldorado do Sul, maior índice entre municípios do estado. Areia tomou conta de ruas e casas. Bancos de areia se formam depois da cheia em Eldorado do Sul
Eldorado do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, é a cidade do Rio Grande do Sul com a maior porcentagem da população atingida pelas cheias, que deixaram 169 mortos desde o final de abril. Mais de 80% dos moradores sofreram com algum impacto da enchente. Agora, depois que as águas começaram a baixar, “dunas de lama” e areia preocupam a comunidade.
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Os sedimentos carregados pela correnteza do Rio Jacuí invadiram a cidade, dificultando a limpeza das ruas e casas. Em alguns pontos, a altura da areia passou de um metro.
“Tem que ser retirado [o monte de areia] para conseguir drenar essa água e entrar nas casas”, diz a técnica de segurança de trabalho Patrícia Soardi.
A Prefeitura de Eldorado do Sul afirma que está providenciando a retirada da areia no bairro, mas não diz quando o trabalho vai ser finalizado.
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‘Duna de lama’ em Eldorado do Sul
Reprodução/RBS TV
A areia invadiu ilhas de Porto Alegre, também banhadas pelo Delta do Jacuí, assim como Eldorado do Sul. Segundo o professor Maurício Andrades Paixão, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, a areia é resultado da erosão do solo pela água.
“Quando a gente tem grandes eventos de precipitação [chuva], a gente acaba tirando as partículas do solo, que são levadas pelos rios. Então é comum ter esse alto sedimento, ele se deposita”, explica.
O especialista diz que essa formação tem causas naturais. Os deslizamentos atingiram rios, e o sedimento é transportado pela correnteza.
Areia toma ruas de Eldorado do Sul após enchente
Reprodução/RBS TV
Eldorado do Sul tem 39.559 habitantes, segundo o último Censo do IBGE. O governo do estado aponta que 31.964 pessoas foram afetadas pela enchente.
O terreno onde vive o caminhoneiro Francisco Richter Pinto Ribeiro também foi tomado pela areia.
“O caminhão, o trator que está ali atrás, tudo está aterrado”, conta.
A mesma situação é vivida pela aposentada Noeli Konhardt Ribeiro. Ela relata que a areia chega a quase 2 metros de altura na casa onde ela mora. A idosa de 74 anos vive com o marido, de 82. Eles dependem da ajuda de amigos para limpar o terreno.
“Eu estou invadida da areia, não tenho para onde ir”, desabafa.
Cerca de 3,5 mil imóveis ainda estão sem luz em Eldorado do Sul. Segundo a CEEE Equatorial, a energia não é fornecida por questão de segurança. A Corsan afirma que os casos de falta de água no município são considerados pontuais.
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Jornal Nacional
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