Quatro das 62 vítimas da tragédia eram médicos, segundo o Conselho Regional de Medicina do Paraná. Nenhum era especialista em sequenciamento genético, como alega vídeo enganoso. É #FAKE que médicos que morreram no acidente aéreo em Vinhedo pesquisavam Covid-19
Montagem g1
Circula nas redes sociais um vídeo no qual um homem afirma que sete médicos especialistas em sequenciamento genético e pesquisadores de Covid-19 estariam entre as vítimas do acidente aéreo em Vinhedo, no interior de São Paulo, na sexta-feira (9). É #FAKE.
selo fake
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Acompanhado de uma trilha sonora dramática, o vídeo de 6 minutos e 50 segundos tem sido compartilhado, principalmente, no WhatsApp.
Em um trecho da gravação, o homem — que não foi identificado — diz em tom conspiratório: “não foi à toa nem por acaso que este avião caiu, não foi uma coincidência e também não foi uma espécie de ocasião mera do destino. O que aconteceu é que dentro os 61 passageiros, 15 deles eram médicos especializados em oncologia e também em infectologia, vários epidemiologistas e também pneumologistas”.
Ele ainda informa falsamente ao público que sete dos 15 médicos que estavam na aeronave investigavam “a infecciosidade, o sistema de contágio e a virulência dentro da cepa do Covid”.
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Diferente do que é dito no vídeo, o avião turboélice ATR-72, da companhia Voepass Linhas Aéreas, transportava 58 passageiros e quatro tripulantes. Além disso, há somente quatro médicos entre as 62 vítimas, segundo levantamento realizado pelo g1.
Após o acidente, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) também divulgou uma nota de pesar pela morte dos profissionais da saúde, que são registrados na instituição.
“É com profundo pesar que o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) comunica o falecimento de quatro médicos registrados na autarquia, os quais estavam a bordo do voo 2283, da companhia Voepass Linhas Áreas, que caiu no município de Vinhedo (SP), na sexta-feira, 9”.
Confira a identidade das vítimas e suas especialidades:
Arianne Albuquerque Estevan Risso: desde 2023 fazia residência médica no Hospital do Câncer Uopeccan, em Cascavel (PR), pois tinha o sonho de se tornar oncologista;
José Roberto Leonel Ferreira: trabalhava na residência médica no Hospital Universitário do Oeste do Paraná desde 2000 e era um dos pioneiros da radiologia em Cascavel;
Mariana Comiran Belim: era médica residente de Oncologia Clínica pela União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer;
Sarah Sella Langer: era médica alergista e imunologista na Clínica Alergovel e pediatra na UTI do Hospital Universitário do Oeste do Paraná, além de ter doutorado em Ciências da Saúde pelo programa de Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Nenhum dos médicos envolvidos no acidente aéreo era especializado em infectologia e epidemiologia, como afirma o vídeo enganoso.
O Fato ou Fake também verificou o currículo Lattes — plataforma destinada a pesquisadores e estudantes para armazenamento de dados acadêmicos utilizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico — dos profissionais de saúde.
Mariana Belim é a única que participava de um projeto de pesquisa relacionado à Covid-19. Segundo a plataforma, desde 2021 ela estudava a insuficiência renal aguda nos pacientes com Covid em unidade de terapia intensiva do Hospital Universitário Regional de Maringá.
Entretanto, a pesquisa não tem nenhuma relação com sequenciamento genético do vírus.
As causas do acidente são investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão que pertence à Força Aérea Brasileira, pela Polícia Civil e pela Polícia Federal.
Ainda não se sabe o motivo da queda da aeronave. A formação de gelo sobre as asas é uma das hipóteses analisada para a queda do turboélice ATR-72, mas especialistas são unânimes em afirmar que não existe um fator único que cause um acidente
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