Em Porto Alegre, tradicional empresa vai precisar mudar de sede para seguir operando. Centro cultural organiza campanha para incentivar recuperação do segmento literário no estado. Livros perdidos em depósito da editora L&PM em Porto Alegre
Jonathan Heckler/Agência RBS
A tragédia das enchentes entre abril e maio no Rio Grande do Sul também deixou impactos no setor literário. Pelo menos 25 editoras do estado foram afetadas, com uma estimativa de 50 mil exemplares perdidos, afirma o Clube dos Editores do RS.
“É uma perda da história dessas empresas, de fotos antigas, contratos, primeiras edições dos livros que foram produzidos ao longo dos anos. Tudo perdido”, afirma João Xavier, presidente da entidade.
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Apenas em Porto Alegre, duas editoras, por exemplo, somam cerca de 25 mil livros perdidos. Uma campanha, prevista para meados de junho, tem como objetivo incentivar a retomada do segmento. Veja mais detalhes abaixo.
Segundo o presidente do Clube dos Editores, a maioria das companhias atua de forma independente e que a venda de exemplares no dia a dia é fundamental para a manutenção das empresas.
“Com as livrarias fechadas, sem as transportadoras e Correios, ficou muito difícil. Os livros que não tinham molhado, umedeceram. Teve editoras que não tiveram seu estoque molhado, mas que tinham livros em livrarias e distribuidoras que foram invadidas pela água e, inclusive, gráficas foram alagadas”, relata Xavier.
Autor de livro sobre cheia de 1941 ficou ilhado em Porto Alegre
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Conforme o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP), do governo do estado, 23 bibliotecas públicas tiveram algum prejuízo no RS.
Em Porto Alegre, a Biblioteca Municipal Josué Guimarães, no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, teve o subsolo inundado, com 200 livros perdidos. O acervo de 30 mil exemplares e as fichas de milhares de usuários foram preservados.
O Rio Grande do Sul já registra 171 mortes em razão dos temporais e cheias. A Defesa Civil ainda contabiliza 43 pessoas desaparecidas.
Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, em Porto Alegre, no dia 13 de maio
Fernando Oliveira/Arquivo Pessoal
Editora de 50 anos mudará de endereço
Fundada em 1974 por Ivan Pinheiro Machado e Paulo de Almeida Lima, a L&PM fará 50 anos em 24 de agosto de 2024. No depósito da editora, em Porto Alegre, 10 mil exemplares foram perdidos com a cheia.
A empresa tem um depósito no Quarto Distrito, região próxima ao Guaíba inundada após o rompimento de uma comporta. Móveis e equipamentos, tanto no depósito quanto na sede, foram perdidos. O prejuízo financeiro não foi divulgado pela empresa.
“Além dos livros perdidos, nossa sede, na Rua Comendador Coruja, teve perda total, será fechada e não voltaremos pra lá”, lamenta Ivan Pinheiro Machado.
Já a editora Libretos, dos 15 mil livros que estavam em um depósito que foi alagado, 12 mil foram perdidos. O prejuízo é de cerca de R$ 300 mil.
Livros perdidos após enchente em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
Feira de reconstrução
Para minimizar os prejuízos e incentivar a retomada do segmento, um centro cultural organizou a Feira do Livro Reconstrói RS. O evento solidário tem o objetivo de apoiar o mercado editorial do Rio Grande do Sul.
A ação deve ocorrer entre 14 e 16 de junho, das 11h às 20h, com entrada franca. A iniciativa ocorre na sede do Instituto Ling, na Rua João Caetano, 440, no bairro Três Figueiras.
A organização da feira tem mobilizado diferentes públicos, profissionais e artistas dispostos a colaborar com o setor literário. A ideia é incentivar a comunidade a comprar diretamente de livreiros, editoras, autores e sebos gaúchos atingidos diretamente ou indiretamente.
Durante os três dias, o centro cultural ainda realizará uma série de programações paralelas, que vão desde oficinas a workshops e atividades infantis.
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