Seduc Goiás diz que a professora foi contratada em regime emergencial e que seu desligamento se deu por conta da convocação de aprovados em um concurso público. A pasta não comentou sobre o vazamento de fotos. Professora denuncia que foi demitida após ter fotos nua vazadas por estudantes, em Alto Paraíso de Goiás
Divulgação/Bruna Barcelos
A Secretaria Estadual de Educação de Goiás (Seduc) negou ao g1, por nota, que a demissão da professora de história Bruna Flor de Macedo Barcelos está relacionada ao vazamento de fotos íntimas dela por alunos que acessaram pastas privadas de seu celular. O caso aconteceu na Escola Estadual Doutor Gerson De Faria Pereira, em Alto Paraíso de Goiás.
De acordo com a Seduc, Bruna foi contratada em regime emergencial para suprir uma demanda da unidade escolar. Já o desligamento dela se deu devido à convocação de novos professores aprovados no concurso público realizado em 2022, que assumiram, de forma efetiva, em 2023, vagas dos contratos especiais na rede pública estadual de ensino.
A Seduc Goiás não deu nenhuma declaração a respeito do vazamento das fotos e da denúncia da professora de que foi destratada por colegas e pela gestão da escola. Na nota enviada à reportagem, a pasta se resumiu a dizer que, sobre a conduta de Bruna, “segue a legislação de proteção à criança e adolescente, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”.
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A professora denunciou o vazamento das fotos na Polícia Civil. O g1 pediu informações sobre o caso à delegada responsável, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
Em entrevista ao g1, Bruna desabafou dizendo que, desde que foi demitida, em 2 de novembro do ano passado, tem vivido de favor na casa de pessoas porque não tem mais condições de pagar aluguel.
“Eu fui demitida em novembro, mas as consequências disso estão até hoje, porque eu fiquei sem como pagar o aluguel, estou vivendo na casa de pessoas, de 20 em 20 dias eu troco de casa. Tenho recebido muita humilhação, não estou tendo dinheiro para me alimentar, um constrangimento muito grande”, lamenta a professora.
Fotos nuas vazadas
Bruna conta que emprestou o celular para que os alunos pudessem tirar fotos de um evento escolar que, posteriormente, seriam usadas em uma atividade pedagógica. No entanto, eles acessaram pastas particulares e compartilharam as imagens com os demais colegas.
“Me senti violada, violentada. Na sequência, a gestão da escola criou um ofício dizendo que os estudantes se sentiam constrangidos de assistirem às minhas aulas por terem visto minha foto nua. Uma inversão de quem foi vítima na situação”, disse a professora.
Escola Estadual Doutor Gerson de Faria Pereira, em Alto Paraíso de Goiás
Reprodução/Google Street View
A gestão da escola soube do ocorrido após uma coordenadora ver diversos estudantes reunidos e, ao se aproximar, ver que eles estavam olhando uma foto da professora nua. Mesmo assim, a gestão permitiu que ela trabalhasse até o final do dia com todos já sabendo do vazamento, exceto ela.
“Eu trabalhei até o quinto horário normalmente, sem saber de nada. Enquanto estava todo mundo já sabendo da situação, eu só vim a saber às 18 horas, quando a diretora, no final do dia, me chamou para uma reunião, dizendo que era [uma conversa] só eu entre mim e ela. Mas tinham seis pessoas na sala, me senti inibida e é onde ela me passou o fato. Fiquei estarrecida”, relembrou a professora.
Destratada em ambiente escolar
Após a situação, a professora contou que passou a ser destratada no ambiente escolar por parte de colegas e da gestão. Conforme a professora, ela tinha um contrato de cinco anos com a escola, e a demissão ocorreu em menos de oito meses após o início do contrato, em 2023.
Em resposta a um ofício em defesa da professora, a escola afirmou que o regimento escolar estipula que os professores não podem emprestar seus celulares de uso pessoal aos alunos. A instituição também destacou que as decisões foram tomadas em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que preconiza a proteção integral das crianças e seus direitos.
Bruna defende que o celular foi emprestado porque a escola não tinha aparelhos que fizessem filmagem e que o registro do evento, que fazia parte do Mês da Consciência Negra, era importante.
“Solicitar que estudantes façam o registro de uma atividade é dotá-los de autonomia tem valor imprescindível para um ser humano livre e cidadão”, afirmou.
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