23 de setembro de 2024

Efeitos do El Niño no clima ainda impactam nos preços dos alimentos

As dificuldades dos agricultores no campo têm se refletido em altas expressivas no supermercado; especialistas projetam melhorias nas próximas safras. O efeito do El Niño no aumento de preço dos alimentos
Em março, a inflação no Brasil desacelerou: foi de 0,16%. Os economistas previam mais. Nos últimos 12 meses, a inflação é de 3,93%. Os alimentos subiram 0,53%. É quase a metade do que tinham subido em fevereiro. Mesmo assim, foi o item que mais pesou na inflação e isso tem relação direta com o El Niño.
Na região que mais produz feijão no país, a lavoura vai se desenvolvendo, mas ainda com as marcas dos temporais que atingiram em Prudentópolis, no Paraná, bem na época do plantio.
“Essas plantas acabam sofrendo por falta de raiz, apodrecimento de raiz, muita umidade no solo, aumento de doenças e tudo mais”, conta o agricultor Júnior Pagnan.
Em Minas Gerais, a cenoura ficou debaixo d´água. A chuva também prejudicou a produção de cebola em Santa Catarina e devastou os bananais no Vale do Ribeira, em São Paulo. Em várias regiões, os produtores colheram menos do que esperavam.
Os efeitos do El Niño no clima já estão perdendo força, mas ainda são sentidos no preço dos alimentos. As dificuldades dos agricultores no campo têm se refletido em altas expressivas no supermercado. A cebola e a batata são alguns dos produtos que subiram mais de 30% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA. Nessa lista, entram também a laranja pera, com alta de quase 40%, e a banana, com 34%.
“Tem que comprar aos poucos para não ter desperdício”, diz a aposentada Dolores Mello.
Efeitos do El Niño no clima ainda impactam nos preços dos alimentos
Jornal Nacional/ Reprodução
O pesquisador Felippe Serigati, da Fundação Getúlio Vargas, traz uma boa notícia:
“Legumes, verduras são produtos com ciclo curto. Toda semana tem gente plantando batata nova, toda semana tem gente plantando tomate. Então, mesmo que a gente encontre um produto mais caro agora, não é um choque permanente, é um choque temporário”.
O pesquisador André Bráz, também da FGV, explica que com a oferta menor, o arroz subiu 28% e o feijão, 22%.
“A Índia, que é um dos maiores produtores de arroz, diminuiu o volume de exportações. A gente também passou por um período ruim, porque choveu muito no Sul e o Sul é o principal produtor de arroz do país. O feijão ele tem três safras aqui no Brasil e a última não foi muito boa, mas a expectativa é que as próximas safras sejam mais generosas”, diz.
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