Recipientes descartados ao ar livre, quando expostos aos efeitos do El Niño, como temperatura superior a 23,3° C e chuvas acima de 153 milímetros, apresentaram 1,3 vezes mais larvas do mosquito Aedes aegypti do que em outras condições climáticas. Estudo foi feito por pesquisadores da Fapesp. Aedes aegypti é o transmissor da chikungunya, dengue, Zika e febre amarela
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Uma pesquisa que analisou dados de 2008 a 2018 dos 645 municípios paulistas concluiu que o fenômeno climático El Niño, que intensifica o calor e as chuvas, aumenta a infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, Zika e Chikungunya. O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (13) pela Agência Fapesp.
Os cientistas concluíram que recipientes descartados ao ar livre, quando expostos aos efeitos do El Niño — como uma temperatura superior a 23,3° C e chuvas acima de 153 milímetros — apresentavam 1,3 vezes mais larvas do mosquito do que em outras condições climáticas.
O fenômeno provoca o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, alterando a distribuição de umidade e calor no planeta, principalmente onde o clima é predominantemente tropical, como no Brasil.
Um dos autores do estudo, Francisco Chiaravalloti Neto, explica que a ideia da pesquisa é ajudar a elaborar políticas públicas para combater o mosquito e evitar que a doença se espalhe.
“Como ele é previsível, a gente pode usar essa informação para auxiliar no controle, identificar áreas de maior risco e intensificar o controle em períodos de El Niño e onde ele é mais incidente”, explica o pesquisador e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Este ano, o país esteve sob a influência do El Niño até pouco antes do segundo semestre. O Brasil registrou o maior número de casos da série histórica, que começou em 1986.
Até o dia 9 de novembro, o país tinha mais de 6,5 milhões de casos de dengue, com 5.803 mortes;
O estado de São Paulo registrou 2,1 milhões casos e 1.904 mortes;
Na capital, foram 632 mil casos e 393 óbitos.
“A pessoa com dengue pode ter um quadro leve, que parece com um resfriado, mas o quadro mais típico é uma pessoa que tem uma febre um pouco mais alta, fortes dores musculares, dor de cabeça e atrás dos olhos. Nós devemos usar repelente. Sempre que a gente tiver sintomas da dengue, a gente deve procurar a atenção médica. Rapidamente”, alerta o infectologista Renato Grinbaum.
O que diz o governo de SP
Atualmente, no estado de São Paulo, podem tomar a vacina da dengue crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, que é a faixa etária com mais hospitalizações pela doença. O esquema vacinal é composto por duas doses, com três meses de intervalo entre elas.
O governo informou que 391 municípios receberam a vacina e que mais doses estão sendo pedidas ao Ministério da Saúde para ampliar a imunização.