26 de dezembro de 2024

‘Ele tá gelado’: áudio para socorrista mostra desespero de esposa que acionou ambulância 5 vezes antes do marido morrer

Prefeitura de Serra Negra (SP) informou em nota que instaurou um procedimento para apurar o caso e que os servidores envolvidos foram afastados. Áudio para socorrista de esposa em desespero que aciona ambulância antes de marido morrer
“Moça, ele tá gelado, moça. Por favor!”. A fala desesperada é de Jessica Maria Dias, que denuncia o serviço de resgate da Prefeitura de Serra Negra (SP) por omissão de socorro. Ela precisou acionar a ambulância cinco vezes depois que o marido Fabiano Pinto de Oliveira, de 40 anos, passou mal. O homem não resistiu.
O caso foi no dia 22 de junho. Nesta segunda-feira (1º) a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso aos áudios trocados por Jessica com uma socorrista pelo WhatsApp, que é o canal usado pelo município para atender aos chamados. Na conversa, a esposa diz que não consegue sentir os batimentos da vítima (ouça acima).
A Prefeitura de Serra Negra informou em nota que soube do caso por meios de comunicação e redes sociais. Disse ainda que abriu um processo administrativo disciplinar para apurar a denúncia e que os servidores municipais envolvidos no caso foram afastados.
🔊 Confira a transcrição de parte da conversa abaixo:
21/06/2024 – 18h56:
– ESPOSA: É a Jessica de novo. Natália, ele começou a espumar pela boca agora e não responde. A gente chama, chama, chama, mas ele não responde.
– SOCORRISTA: Tá. Ô, Jessica, aguarda, aí, que eu tô numa ocorrência. Depois eu vou aí.

22/06/2024 – 02h28:
– ESPOSA: Moça, ele tá gelado, moça. Por favor!
– SOCORRISTA: Ô Jessica, mas ele tá respirando?
– ESPOSA: Não, moça. Eu não tô sentindo nem o batimento cardíaco dele.
“A minha revolta é porque eu chamei a noite inteira. Passei a noite inteira pedindo por socorro e ninguém fez nada. Só foi fazer cinco pras 3h. Se na primeira vez que eu chamei tivesse vindo, trazido, nada disso teria acontecido. Minha revolta é da ironia que foi, da forma que foi, eles fazerem o que fizeram e não trazer. Tratar como se ele estivesse dormindo. Ele não estava dormindo”.
“Ele morreu nos meus braços sem ninguém fazer nada. Se eu tivesse um carro, eu tinha enfiado ele no carro e trazido. Eu mesma tinha trazido, não tinha pedido ajuda. A única alternativa que eu tive foi chamar a ambulância”, desabafou Jessica em entrevista.
Fabiano Pinto de Oliveira morreu em Serra Negra; esposa denuncia omissão de socorro
Reprodução/EPTV
Fabiano começou a passar mal quando chegou do trabalho no dia 21 de junho. As tentativas de socorro médico começaram por volta de 18h40. Jessica diz que recebeu o resgate em casa por quatro vezes, em um intervalo de pouco mais de cinco horas, mas ouviu dos profissionais que não havia nada de errado com o marido.
Durante a madrugada ela percebeu que ele estava quase sem pulso e, só então, a ambulância o levou até o Hospital Santa Rosa de Lima, onde a morte foi confirmada. A mulher registrou um boletim de ocorrência na sexta-feira (28) em uma delegacia da cidade e o caso será investigado como omissão de socorro com morte.
A Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Civil realiza diligências para ouvir pessoas relacionadas à ocorrência e esclarecer os fatos.
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