29 de dezembro de 2024

Eleição na Venezuela: veja como especialistas avaliam o resultado eleitoral

Nicolás Maduro teve 51,2% dos votos e o principal opositor, Edmundo González, 44,2%. O sistema eleitoral da Venezuela, no entanto, é colocado em dúvidas pela comunidade internacional. Quem é Nicolás Maduro?
O atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, conquistou mais uma vez as eleições no país. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) informou na madrugada desta segunda-feira (29) que, com 80% dos votos apurados, ele conquistou o pleito. O candidato teve 51,2% dos votos e o principal opositor, Edmundo González, 44,2%.
O sistema eleitoral da Venezuela, no entanto, é colocado em dúvidas pela comunidade internacional. A última votação no país aconteceu em dezembro de 2023, quando o presidente convocou um referendo para discutir a questão de Essequibo, com o objetivo de anexar parte do território da Guiana.
Já em 2017, quando o país fez eleições legislativas para criar uma Assembleia Constituinte, a empresa responsável pela tecnologia das urnas afirmou que o número de eleitores que participaram da votação havia sido manipulado.
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Veja abaixo como os especialistas avaliaram o resultado eleitoral da Venezuela:
Maurício Santoro
Para o cientista político Maurício Santoro, não houve nada de normal na eleição da Venezuela. “Esse ciclo foi marcado pelo autoritarismo. Por muitas restrições as liberdades civis e políticas dos venezuelanos. Isso é algo que vem de longe”. Isso porque, no ponto de vista dele, as pesquisas indicavam uma vitória muito grande da oposição.
Segundo o especialista, a última vez que as eleições foram limpas aconteceu quando Maduro foi eleito pela primeira vez, em 2013.
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Daniel Sousa
O comentarista da Globonews Daniel Souza afirma que um dos problemas frente ao resultado é que o país tem um Conselho Nacional Eleitoral controlado. E, dessa forma, o resultado não tem o mínimo de transparência.
“Estamos falando de uma ditadura, que controla o CNE, que diz que o resultado foi esse. ‘Contamos os votos, mas não vamos mostrar a contagem. E o Maduro ganhou com 51%. E quem não reconhecer é fascista e nazista'”, afirmou o especialista, explicando qual é o diálogo do Conselho e do governo local perante a votação.
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Danielle Ayres
A Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Política Internacional, Segurança e Defesa da Universidade Federal de Santa Catarina, Danielle Ayres, afirma que existem alguns buracos que precisam ser esclarecidos.
“Temos uma ideia muito obscura, no acesso a todas as atas de votação, as secções, e como está sendo o processo de contagem dos votos. Não é só a oposição que está colocando em dúvida o processo, mas há uma série de países também”, declarou ela.
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Valdo Cruz
O colunista da Globonews Valdo Cruz afirmou que o governo brasileiro pretende aguardar um pouco mais antes de ter um posicionamento oficial, se vai reconhecer o resultado eleitoral ou não.
“O temor do governo brasileiro é endossar o resultado e, depois, surgirem informações de fraude”, afirmou. Um dos pontos de atenção é que o CNE anunciou que Maduro ganhou as eleições, mas não mostrou como os votos foram computados.
O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim, está na Venezuela para entender os próximos acontecimentos.
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Rubens Barbosa
O Ex-embaixador do Brasil em Londres Rubens Barbosa disse que o Brasil deve aguardar a manifestação de observadores da ONU para falar do resultado eleitoral na Venezuela. Segundo ele, o governo brasileiro ficará em situação delicada caso reconheça a vitória de Maduro imediatamente.
“O que aconteceu era previsível. Eu nunca acreditei que um país autoritário pudesse ter uma eleição livre. Não tem nenhum caso em que um país autoritário tenha feito uma eleição livre e transparente e tenha saído do governo”, diz.
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