O ex-presidente dos Estados Unidos resgatou um slogan da própria campanha, ‘Sim, nós podemos’, com uma pequena adaptação para Kamala: ‘Sim, ela pode’. Barack e Michelle Obama viram centro das atenções na Convenção Democrata
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e a ex-primeira-dama Michelle Obama voltaram ao centro das atenções nos Estados Unidos. Eles discursaram na terça-feira (20) na convenção do Partido Democrata em apoio à candidatura Kamala Harris à Presidência. E representantes do partido aprovaram simbolicamente o nome dela.
Os democratas fizeram da contagem dos votos dos delegados para Kamala Harris uma celebração da diversidade americana; cada estado do seu jeito. Kamala, que fazia um comício no estado de Wisconsin, apareceu no telão para agradecer a festa de confirmação do nome dela como candidata do Partido Democrata à Presidência.
O segundo-cavalheiro, Doug Emhoff, marido de Kamala Harris, subiu ao palco para contar a história de amor do casal, que começou com um encontro às cegas. Doug é judeu e disse que Kamala sempre lutou contra o antissemitismo e todas as formas de preconceito. Kamala acompanhou o discurso do marido do avião.
Mas o casal que marcou a noite foi outro: Michelle Obama e Barack Obama. A ex-primeira-dama, ovacionada pelo público, discursou na frente e disse que compartilha os mesmos valores de Kamala.
“Kamala sabe, como nós, que, independentemente de onde você vem, da sua aparência, de quem você ama, para quem você reza ou quanto você tem na conta bancária, nós todos merecemos a oportunidade de construir uma vida decente”.
Barack e Michelle Obama se abraçam durante discursos na Convenção do Partido Democrata, em Chicago, nos EUA, em 21 de agosto de 2024.
Alyssa Pointer/ Reuters
Michelle disse que ela e Obama sofreram os mesmos ataques que Trump tem feito contra Kamala:
“A visão de mundo dele, limitada e estreita, o fazia se sentir ameaçado pela existência de duas pessoas trabalhadoras altamente qualificadas e bem-sucedidas, que por acaso são negras. Ficar reiterando mentiras feias, misóginas e racistas é uma muleta para a falta de ideias e soluções reais que, de fato, ajudariam a melhorar a vida das pessoas”.
Em referência a um slogan da campanha de Obama de 2008, afirmou:
“América, a esperança está de volta”.
Ovacionado na convenção democrata, Biden faz balanço do governo e passa bastão para Kamala disputar a Casa Branca
No momento mais esperado da noite, o ex-presidente Barack Obama subiu ao palco e lembrou que, há exatos 16 anos, ele era a pessoa com um nome diferente a aceitar a indicação para ser o candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos. Obama elogiou o presidente Joe Biden por defender a democracia americana em um momento de grande perigo e criticou a forma como o Partido Republicano se rendeu a Donald Trump.
“Quando o outro partido virou um culto à personalidade, precisávamos de um líder que fosse firme, unisse as pessoas e fosse altruísta o suficiente para fazer o que há de mais raro na política: deixar de lado as próprias ambições pelo bem do país”.
Barack Obama durante a Convenção do Partido Democrata, em 20 de agosto de 2024
REUTERS/Mike Segar
Nas críticas a Trump, usou humor e ironia.
“Aí está um bilionário de 78 anos que não para de choramingar sobre os problemas dele. Está piorando agora que ele está com medo de perder para a Kamala. São apelidos infantis, teorias da conspiração malucas e essa estranha obsessão com o tamanho das plateias. O outro lado sabe que é mais fácil explorar os medos das pessoas e o cinismo. Sempre foi. Eles vão dizer que o governo é irremediavelmente corrupto, que sacrifício e generosidade são para os trouxas e que, já que as cartas são marcadas, tudo bem tomar o que você bem entender e cuidar só dos seus. Esse é o caminho fácil. Nossa tarefa é outra: é convencer as pessoas de que a democracia realmente funciona”.
Obama resgatou outro slogan da própria campanha, “Sim, nós podemos”, com uma pequena adaptação para Kamala: “Sim, ela pode”.
E também falou sobre como vê a sociedade americana de hoje:
“Vivemos em uma época de tanta confusão e rancor, com uma cultura que valoriza as coisas que não duram: dinheiro, fama, status, curtidas. Corremos atrás da aprovação de estranhos nos nossos celulares. Construímos todo o tipo de muros e cercas à nossa volta e depois nos perguntamos por que nos sentimos tão sozinhos. Não confiamos muito uns nos outros porque não dedicamos tempo a nos conhecermos. E, com esse espaço entre nós, os políticos e os algoritmos nos ensinam a caricaturar uns aos outros, a trollar uns aos outros e a temer uns aos outros”.
O ex-presidente concluiu:
“Juntos, vamos construir um país mais seguro e mais justo, mais igualitário e mais livre. Então, mãos à obra”.
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