30 de outubro de 2024

Eleições 2024: sem candidatos, PSDB não elege prefeitos na região de Campinas pela 1ª vez em 24 anos

Com o fim do segundo turno, é possível saber o cenário dos partidos para os próximos quatro anos. Na área de cobertura do g1 Campinas, o PSD se manteve à frente da maioria das cidades, com oito prefeituras. Segundo turno das eleições 2024 em Sumaré
Pedro Amatuzzi/g1
Com o fim do segundo turno das Eleições 2024, no domingo (27), o cenário político dos próximos quatro anos está completamente definido. Nas 31 cidades da área de cobertura do g1 Campinas, pela primeira vez em 24 anos, o PSDB, que historicamente sempre comandou parte das prefeituras na região, sequer teve candidato e, consequentemente, não elegeu nenhum prefeito.
O levantamento foi feito pelo g1 com base nos dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número pode ser maior, considerando que a série histórica do órgão começa a contar a partir das eleições municipais de 2000. Ou seja, do balanço que está disponível no TSE, é a primeira vez que o partido não se candidata para ocupar o cargo máximo do Executivo na região de Campinas.
Na área de cobertura do g1 Campinas, só houve segundo turno neste ano em Sumaré (SP), vencido por Henrique do Paraíso (Republicanos) contra Willian Souza (PT).
Apesar de não ter concorrido na região no primeiro turno das eleições, o PSDB disputou o segundo turno em Piracicaba (SP), mas o candidato do partido, Barjas Negri, foi derrotado por Helinho Zanatta (PSD).
O PSDB apoiou candidatos e entrou em coligações. No entanto, o balanço do g1 considera apenas candidatos que concorreram diretamente pelo partido. No cenário nacional, a sigla ainda é a oitava com mais prefeitos no Brasil, com 274 chefes do Executivo.

‘Reflexos de estratégias erradas’
Doutor em sociologia, Vitor Barletta afirmou que o enfraquecimento do partido é reflexo de “estratégias erradas” no passado recente, com a mudança de lideranças. De acordo com ele, o movimento também acontece do ponto de vista nacional, mesmo que ainda some mais de 200 prefeitos em cidades brasileiras.
“Aqui na região, o PSDB deixou de ter um peso político já tem um tempo, mas é reflexo de uma crise nacional. Ao longo da última década, temos uma mudança no cenário político, novos atores, novos grupos aparecendo, sem que você possa contar com lideranças nacionais, isso tudo cobra o seu preço na redistribuição de forças”, explicou.
O que diz o PSDB?
Membro da Executiva Municipal de Campinas e da Federação Estadual PSDB/Cidadania, Beto Cavallaro afirmou ao g1, na área de cobertura da EPTV, afiliada da TV Globo, que abrange 49 cidades – por conta da região de Piracicaba – o partido conseguiu eleger 10 vereadores e dois vice-prefeitos. Entretanto, ele admitiu que o número é “aquém” de outros momentos da história do partido.
“Estamos num processo de reaver o partido, temos hoje um presidente estadual bastante ativo, que é o prefeito Paulo Serra, que fez oito anos de uma administração muito eficiente em Santo André e reelegeu o sucessor no primeiro turno da eleição deste ano, uma grande liderança que a partir de 2025 terá um espaço enorme para trabalhar o partido e contará com o apoio da região. Com certeza com esse trabalho retomaremos as movimentações partidárias para em 2026 termos novamente um desempenho positivo e um crescimento importante”, afirmou.
Como ficou o cenário na região?
Após o término do segundo turno, se descortinou o cenário dos partidos políticos que vão governar as 31 cidades da região ao longo dos próximos quatro anos.
Assim como no Brasil, o PSD, que já liderava a maioria das cidades, se manteve à frente de oito municípios e vai comandar o maior número de prefeituras da região, seguida de Republicanos e MDB, com cinco cada uma.
A principal diferença em relação a 2020 é o crescimento do PL, que foi de uma para quatro, e a dissolução das cidades que eram comandadas pelo DEM – extinto em 2021 e que se fundiu com o PSL para formar o União Brasil.

“O crescimento do PSD representa a força disso que o pessoal chama de Centrão e não é exatamente isso, é um campo da direita e se vende dentro do discurso político como se fosse um campo moderado. Então eles surgem como uma via alternativa (…) e, enquanto você tem um crescimento das abstenções, tem uma parcela do eleitorado que se afastou da discussão e esses partidos que estão nesse viés político são favorecidos”, completou Barletta.
VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas

Mais Notícias