Celso Villardi, que conduziu invertigação interna e é o canal da companhia com as autoridades detalha versão da empresa ao blog. Fachada da Americanas
Reprodução/TV Globo
“Trata-se de uma fraude incrivelmente documentada. É até difícil acreditar que eles deixaram tanta coisa por escrito”, diz, de saída, o criminalista Celso Villardi, titular de uma das maiores bancas do país e representante da Americanas S.A no caso que investiga um desvio de mais de R$ 20 bilhões do caixa da companhia.
Quando o escândalo estourou, Villardi conduziu uma auditoria interna, analisando mais de 600 documentos. O trabalho foi enviado às autoridades e é citado em diversos trechos da denúncia feita pelo Ministério Público Federal, que levou inclusive a pedidos de prisão de ex-diretores da companhia, como Miguel Gutierrez, ex-CEO, e Anna Saicali.
Segundo Villardi, há registros baixados automaticamente pelo sistema da empresa, pelo uso de celulares e equipamentos corporativos, até de conversas sobre como blindar patrimônio diante de um eventual avanço das investigações.
“Nos documentos encontrados em equipamentos funcionais, celulares, Ipads, há menção explícita inclusive a blindagem patrimonial”, diz Villardi.
“Quando você mergulha a fundo, percebe que eles não travalhavam para a companhia, eles trabalhavam para fraudar. São dezenas e dezenas de documentos que antecediam reuniões trimestrais de apresentação de balanços ao conselho. E esses documentos registram idas e vindas de informações falsas para ajeitar alíneas financeiras, transformar prejuízo em lucro.”
Segundo Villardi, Saicali e Gutierrez eram “até os mais discretos”. “Mas a Anna presidiu a P2W, empresa que era deficitária, mas aparecia como lucrativa. Ela participava do encontro de contas e há registro de planilhas falsas passando por ela”.
Anna Saicali acaba de desembarcar no Brasil nesta segunda-feira (1º). Ela foi alvo de um mandado de prisão, mas houve negociação e ela está, neste momento, proibida de deixar o país.