24 de setembro de 2024

‘Em 22 anos de carreira, nunca vi uma história como essa’, diz delegado que prendeu mulher que tentou sacar dinheiro com morto

Erika de Souza Vieira Nunes foi presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, presa em por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver em agência bancária
Rafael Nascimento / g1
Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver em uma agência bancária de Bangu, na Zona Oeste do Rio, nesta terça-feira (16), realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) na manhã desta quarta-feira (17).
Ela foi presa ao tentar sacar R$ 17 mil da conta de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, que estava morto em uma cadeira de rodas durante o atendimento. Paulo deveria assinar um documento — mas, segundo o Samu, o idoso estava morto no guichê.
Segundo o delegado Fábio Souza, titular da 35ªDP (Campo Grande), os médicos que atenderam o homem dizem que ele estava morto há horas e que exames clínicos realizados pelos profissionais comprovam isso.
“Havia livores cadavéricos, que é uma concentração de sangue que fica no local dependendo da posição que a pessoa entra em óbito. Quando a pessoa está há um certo tempo morta e deitada em alguma posição, o sangue acumula na parte debaixo do corpo. Como ele estava sentado, o sangue desceria, estaria na parte debaixo da perna. Não teria como acumular sangue na parte de trás da cabeça”, explicou o delegado.
Ele ainda ressaltou que é policial há décadas e, mesmo assim, se surpreendeu com o crime. “Em 22 anos de carreira eu nunca vi uma história como essa”, garantiu Souza.
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Defesa diz que morreu no banco
A defesa da mulher que estava com um morto em um banco em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, contesta a versão da polícia e afirma que o idoso chegou vivo à agência. O caso foi mostrado nesta terça-feira (16) pelo g1 e viralizou (veja acima).
Erika de Souza Vieira Nunes foi presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver.
“Os fatos não aconteceram como foram narrados. O senhor Paulo chegou à unidade bancária vivo. Existem testemunhas que no momento oportuno também serão ouvidas. Ele começou a passar mal, e depois teve todos esses trâmites. Tudo isso vai ser esclarecido e acreditamos na inocência da senhora Erika”, declarou a advogada Ana Carla de Souza Correa.
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O delegado Fábio Luiz afirmou que Paulo já estava sem vida quando Erika o levou à agência. “As pessoas do banco acharam que ele estivesse doente, passando mal, e chamaram o Samu. O médico do Samu, ao chegar no local, constatou que ele estava em óbito. E aparentemente, há algumas horas. Ou seja, ele já chegou morto ao banco”, destacou.
Os bancários passaram a gravar o atendimento quando desconfiaram do estado de Paulo e chamaram a polícia. Nas imagens, o idoso está em uma cadeira de rodas, e Erika tenta a todo momento manter a cabeça dele firme. A mulher chega a levar o braço direito do idoso à mesa, a fim de assinar o documento.
Erika ainda fala com o tio:
“Tio, tá ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como.”
“Eu não posso assinar pelo senhor, o que eu posso fazer eu faço.”
“O senhor segura a cadeira forte para caramba aí. Ele não segurou a porta ali agora?”
“Assina para não me dar mais dor de cabeça, eu não aguento mais.”
“Tio, você tá sentindo alguma coisa? Ele não diz nada, ele é assim mesmo.”
“Se você não ficar bem, eu vou te levar para o hospital. Quer ir para o UPA de novo?”
O delegado acrescentou que as investigações prosseguem. “Ela se diz sobrinha dele. De fato, tem um grau de parentesco, segundo nossas pesquisas. E ela se diz cuidadora dele. Queremos identificar demais familiares”, falou.
“Ela tentou simular que ele fizesse a assinatura. Ele já entrou morto no banco”, explicou Fábio Luiz.
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