Antes da popularização da foto colorida, a pintura manual de fotografias era uma das poucas maneiras de eternizar momentos. Fotógrafo e diretor do curta Carlos Bandeira durante gravação de Casa de Retratos
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O documentário Casa de Retratos, dirigido por Carlos Bandeira, mergulha nas lembranças afetivas da Amazônia ao reviver a tradição das fotografias pintadas, populares da década de 1970 até 1990. Produzido pela Bandeira Filmes em parceria com a Formiga de Fogo Filmes, a obra foi realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo do município de Santarém, oeste do Pará, e resgata o valor histórico e emocional dessas imagens, que se tornaram marcos afetivos de várias gerações.
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O curta-metragem, disponível no canal do YouTube da Formiga de Fogo Filmes, traz um olhar nostálgico e reflexivo sobre as fotografias pintadas manualmente, que eram uma alternativa à falta de acesso à impressão colorida na região.
Antes da popularização da foto colorida, essa prática era uma das poucas maneiras de eternizar momentos. Na Amazônia, essas obras não eram apenas registros, mas símbolos de carinho e conexão com entes queridos, representando uma forma de memória muito particular.
Carlos Bandeira explica que a escolha de abordar esse tema foi inspirada pela sua própria experiência como vendedor desse seguimento e como fotógrafo.
“Quis resgatar essa forma de retratar, especialmente para as novas gerações, que talvez não conheçam o processo de criação dessas imagens coloridas e relembrar às mais velhas a importância dos objetos. Esse tipo de fotografia foi uma solução criativa para superar as limitações técnicas da época, que carrega um forte valor sentimental e artístico”, comentou o diretor.
Personagem do documentário exibe feliz a foto dos filhos quando crianças
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Assista aqui o documentário casa de Retratos
A produção percorre diferentes áreas de Santarém, Belterra e algumas comunidades próximas, revelando como essas imagens afetaram profundamente as pessoas que as preservam com tanto zelo. Entre os relatos, destacam-se moradores das comunidades de Boa Esperança e Garrafão, que compartilham suas experiências pessoais.
“Esses quadros guardam as figuras de pessoas que, muitas vezes, já partiram, mas ainda permanecem presentes nos corações daqueles que os preservam. O filme é uma reflexão sobre o tempo, a saudade e que nos conecta às nossas origens e às nossas histórias”, ressaltou Keké Bandeira, produtora executiva.
Contexto cultural
O documentário também desempenha um papel importante em manter vivas as experiências e vivências de Santarém e do Pará, dentro do contexto cultural da Amazônia. Ele se torna uma janela para um passado que continua presente, celebrando como a arte fotográfica se entrelaça com as histórias das pessoas e da região.
Fotografias antigas passaram de geração para geração em diversas famílias
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A presença do fotógrafo ao longo da narrativa vai além do simples ato de capturar imagens; ele se transforma em um elo essencial na preservação das memórias e vivências da comunidade. Carlos Bandeira ressalta que o papel do fotógrafo transcende a técnica: “Ele não é apenas quem registra a cena, mas quem ajuda a perpetuar histórias e a fortalecer os laços afetivos associados a essas imagens”, enfatizou.
Casa de Retratos, agora disponível no canal da Formiga de Fogo Filmes no YouTube, chega a um público amplo, proporcionando o resgate de uma memória que ainda vive nas paredes das casas amazônicas e nas histórias que circulam entre os moradores da região.
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