1 de outubro de 2024

‘Em nenhum momento ele pediu perdão’, diz policial que prendeu assassino do pai 25 anos depois

Givaldo José Vicente de Deus foi assassinado com um tiro em 1999. Filha se formou em direito, prestou concurso e passou a trabalhar com investigações na Delegacia de Homicídios, em Roraima. Condenado pelo crime ficou foragido e foi preso na quarta-feira (25). Gislayne de Deus, policial civil que prendeu o assassino do próprio pai.
Reprodução/Encontro/TV Globo
A escrivã da Polícia Civil Gislayne Silva de Deus, de 36 anos, que teve o pai assassinado e participou da ação que prendeu o acusado pelo crime 25 depois, afirmou que ele não pediu perdão. A declaração foi dada durante entrevista ao programa Encontro, na manhã desta segunda-feira (30).
“Ele só disse que por ele aquilo não teria acontecido, ele só disse isso. Só que se você não quer que algo ruim aconteça você não leva uma arma para uma discussão para cobrança de dívida, mas são situações que já passaram. Mas, em nenhum momento ele pediu perdão, nem nada. A única coisa que ele falou foi isso, que por ele não teria acontecido”, disse a policial civil.
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Gislayne era a mais velha de cinco filhos de Givaldo José Vicente de Deus e tinha 9 anos quando perdeu o pai. Ele foi assassinado aos 35 anos, com um tiro à queima-roupa, disparado por Raimundo Alves Gomes, que cobrava uma dívida de R$ 150, em fevereiro de 1999.
Foragido desde 2016, Raimundo Gomes, de 60 anos, foi preso na última quarta-feira (25) em uma área de chácaras na zona Oeste de Boa Vista. A prisão foi feita por agentes da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), onde a escrivã atua.
Gislayne de Deus ajudou a prender o assassino do pai dela 25 anos depois do crime em Roraima.
Reprodução/Encontro/TV Globo
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Um vídeo registrou o momento em que a Gislayne ficou frente a frente com o assassino do pai (veja abaixo). Durante a entrevista desta segunda-feira, ela afirmou que, no momento da prisão, “sentiu que a justiça havia sido feita”.
“Eu fui dar voz de prisão pra ele, então naquele momento eu senti que a justiça realmente tinha sido feita. A justiça correta, a justiça que a lei determina”, disse.
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Na quinta-feira (26), Raimundo Gomes passou por audiência de custódia, que manteve a prisão, e foi encaminhado para o sistema prisional de Roraima.
Em entrevista ao g1, Gislayne relatou ter sentido um “choque” e confessou ter tirado um peso de anos quando recebeu a notícia da prisão: “esse momento trouxe uma paz enorme para mim e para minha família”.
“Compartilhei a notícia com a minha família, e todos sentiram uma grande sensação de paz e justiça. Esperamos por muito tempo, e, mesmo desacreditados, conseguimos alcançar esse momento. O choro foi de alívio, pois, após tanto tempo, parecia que um peso enorme havia saído das minhas costas”, explicou a escrivã da Polícia Civil.
“Eu não sabia o quanto isso era importante para mim até aquele momento. Eu não tinha noção do quanto isso estava pesando há anos até que eu tirei o peso das costas”, disse.
Crime e condenação
O crime aconteceu no dia 16 de fevereiro de 1999, no bairro Asa Branca, na zona Oeste de Boa Vista, por volta das 16h. A vítima jogava sinuca com um amigo quando Raimundo apareceu no local para cobrar uma dívida de R$ 150.
De acordo com a policial, o pai dela era dono de um mercado e Raimundo era quem fornecia os produtos para ele. No dia do crime, Givaldo de Deus tentou negociar a dívida oferecendo um freezer em troca, mas o acusado não aceitou.
Raimundo deixou o local e cerca de meia hora depois, voltou armado. Conforme depoimento à época, a dona do bar viu a arma e chegou a avisar Givaldo que o acusado estava armado e que iria matá-lo. Raimundo e Givaldo entraram em luta corporal e chegaram a rolar no chão.
Givaldo foi baleado na sequência. Raimundo foi desarmado após o tiro e obrigado pelo amigo da vítima a levá-la para o hospital. Ele fugiu do local logo depois, a pé, mas foi preso pela Polícia Militar poucos metros depois.
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Raimundo foi preso em flagrante no dia do crime, ficou 17 dias preso, mas foi liberado para responder em liberdade. Em novembro de 2013, ele foi julgado e sentenciado pelo Tribunal do Júri. A sentença foi de 12 anos de prisão.
O caso teve a tramitação concluída ainda em 2013. Três anos depois, em 2016, a Justiça de Roraima expediu o primeiro mandado de prisão contra Raimundo Alves Golpes e desde então, ele era considerado foragido.
O crime de homicídio prescreve após 20 anos, a partir da sentença condenatória e se a pena for maior que 12 anos. De acordo com o advogado e presidente da Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim) em Roraima, Bruno Caciano, no caso de Raimundo, que teve a pena de 12, a prescrição seria em 16 anos a contar da conclusão do julgamento, ou seja, em 2031 — faltavam sete anos para que isso acontecesse.
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