Reforma do pronto-socorro que deveria durar quatro meses já está um ano e meio atrasada, e sem previsão de término. Unidade que está atendendo à demanda tem pacientes aguardando internação em poltronas. Interior do Hospital São Paulo, em obras desde maio de 2022
Reprodução/TV Globo
Fechado para reforma desde maio de 2022, o pronto-socorro do Hospital São Paulo segue com salas tomadas por entulhos e materiais de construção. A obra, que deveria durar quatro meses, já está um ano e meio atrasada e segue sem prazo para terminar.
Enquanto isso, pacientes são redirecionados para a Unidade de Pronto Atendimento mais próxima, a UPA Vila Mariana, em que aguardam transferência para o hospital em poltronas, devido à superlotação.
Brunna Serra, filha de um paciente de 67 anos que aguarda transferência na UPA desde a última quarta-feira (13), contou que o pai aguarda em uma cadeira. “Ele está com cirrose hepática gravíssima, tem um sangramento interno que não sabemos de onde vem e cálculo renal. Está até agora numa cadeira, sem medicação. A medicação dada é dipirona, soro e vitamina.”
Outra paciente, a fonoaudióloga Maria José Barbosa, relatou que na quinta (14), havia 100 pessoas na frente dela. “Hoje tem 50 e eu preciso passar, dependo do Sistema Único de Saúde.”
Segundo a Superintendência do Hospital São Paulo, o atraso na obra ocorreu porque mais de 80 colunas tiveram que ser refeitas, além de ninhos de cupim terem sido encontrados nas lajes entre os pavimentos.
A TV Globo teve acesso ao interior do hospital e registrou a situação do pronto-socorro: paredes, portas e janelas ainda precisam ser finalizadas; nem o piso foi concluído — ele já havia sido instalado nos dois andares, mas rachou após algumas semanas, tendo que ser retirado.
Interior do Hospital São Paulo, em obras desde maio de 2022
Reprodução/TV Globo
De acordo com o engenheiro civil Robson Fontes da Costa, o piso hospitalar é uma das partes que requer mais atenção no projeto, uma vez que deve seguir padrões técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Esse piso não pode ter juntas como a gente tem num piso cerâmico comum. A união entre eles tem que ser revestida, inclusive, para evitar algum problema de contaminação. O segundo fator é escorregar, imagine você andar num hospital de muleta e esse piso é escorregadio”, explicou o engenheiro.
“Tem que ser um piso que não somente suporte a condição das pessoas estarem passando por ali, mas também dos equipamentos. Então, isso pode ter sido uma das causas desse problema na hora do dimensionamento ou da escolha do material.”
Questionada, a superintendência afirmou que a troca do piso altera o cronograma das obras, mas não soube dizer em quanto tempo, uma vez que isso será determinado pela empreiteira responsável.