12 de janeiro de 2025

Em primeira autobiografia, Papa Francisco diz que não vai renunciar

O Jornal Nacional entrevistou o autor que escreveu ‘Vida: Minha História Através da História’ com o pontífice. O livro lembra momentos importantes e também a surpresa das pessoas quando ele rejeitou símbolos da riqueza da Igreja. Na 1ª autobiografia, papa diz que não vai renunciar
O Papa Francisco está lançando a primeira autobiografia. Na obra, ele revelou que não vai renunciar e lembrou a surpresa de fiéis ao abrir mão de alguns símbolos do papado.
“Um cardeal amigo me contou que uma senhora, uma boa católica, estava convencida de que o Papa Francisco era o antipapa. O motivo? Porque eu não uso sapatos vermelhos!”, diverte-se o pontífice.
Um papa espontâneo, como sempre, aparece no livro de entrevistas “Vida, Minha História Através da História”. Mais uma vez, Francisco tranquiliza os católicos: renuncia só em caso extremo, se sofrer algum impedimento físico sério e ser chamado de papa emérito, nem pensar. O título foi usado por Bento XVI depois da renúncia dele.
O autor do livro, o vaticanista Fabio Marchese Ragona, contou que Francisco quer levar as suas reformas até o fim. Disse:
“Quando o papa vai ao hospital, já falam em conclave, mas ele não pensa em deixar o pontificado”.
O papa lembrou como sua família saiu da Itália rumo à Argentina e admitiu que as as paixões juvenis existiram para ele em Buenos Aires, logo no início do seminário.
Francisco também falou sobre os acontecimentos mais marcantes na história do século XX: a Segunda Guerra e as bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki. Como um alerta para os países com armas nucleares, afirmou: “o uso delas é imoral”. O autor conta que a a maior preocupação do papa hoje é a guerra.
“Eu falei com ele: ‘O que será da Igreja, o que será do futuro da humanidade?’ E ele, com amargura, respondeu: ‘Estou convencido de que o futuro ou será paz ou morte'”.
Sobre a brutal ditadura militar na Argentina, ele lembrou que escondeu e protegeu seminaristas. Negou acusações de que teria abandonado dois jesuítas sequestrados pelo regime. Francisco conta que lutou pela libertação dos padres e lamentou:
“Foi um genocídio geracional”.
Sobre o conclave que o elegeu, em 2013, revelou que teve muitos votos desde o início e lembrou-se do amigo brasileiro.
“Na primeira votação quase fui eleito e, nesse momento, o cardeal brasileiro Claudio Hummes se aproximou de mim e disse: ‘Não tenha medo, isso é o que o Espírito Santo faz’. Depois, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. E aí escolhi o nome que teria como papa: Francisco”, contou.
No livro, ele diz ainda que nunca foi comunista, mas que foi chamado assim apenas por falar sobre a miséria. De novo, o pontífice defendeu a sua decisão de permitir a benção aos homossexuais, que criou grande divisão na Igreja.
“Jesus saiu muitas vezes ao encontro de pessoas que viviam à margem, e é isso que a Igreja deve fazer hoje com as pessoas. Deus ama a todos, especialmente os pecadores”, disse.
Pelas suas ideias e atos, o Papa Francisco é vitima de muitas acusações falsas e de tantos ataques, principalmente na internet. Francisco desabafou no livro que não acompanha tudo o que falam e escrevem sobre ele, senão teria que ir ao psicólogo uma vez por semana.
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