Cor de rosa, os colhereiros aproveitam o rio baixo para procurar comida. Outro animal silvestre que se instalou no rio e hoje convive com quem frequenta a área é a capivara. Rio Pinheiros, em São Paulo, ganha novos habitantes
Em meio ao trânsito e concreto de São Paulo, o Rio Pinheiros ganhou o colorido especial de novos habitantes.
Uma das principais artérias de São Paulo: a marginal do Rio Pinheiros, por onde corre o fluxo de carros que vão da Zona Sul para Zona Oeste — e vice-versa. Um espelho da urbanização e do cinza da metrópole, quebrado, nos últimos dias, pela cor de rosa de recém-chegados. Os colhereiros, que ganharam esse nome por causa do formato do bico, parecido com uma colher. A Mariana Aidar coordena o Projeto Capa, que nasceu para monitorar a vida animal nas margens do Pinheiros.
“A gente recebe bastante foto de ciclista, de gente que está correndo no parque que vê e fala: ‘Olha só, olha o flamingo. Olha essa ave que linda’. A gente fala: ‘Olha, é colhereiro, não é flamingo’”, conta a presidente da ONG Projeto Capa.
As aves passam o dia todo aproveitando o rio baixo para procurar comida. A bióloga Anelisa Magalhães coordena o inventário da fauna silvestre na cidade de São Paulo. Ela diz que os colhereiros viajam para se alimentar, e é justamente a dieta que dá cor à plumagem.
Em São Paulo, Rio Pinheiros ganha o colorido especial de novos habitantes
Jornal Nacional/Reprodução
“Peixinhos, anfíbios, moluscos, crustáceos que são importantes para ele manter o colorido das penas. Esses ambientes de água na cidade são muito importantes para as aves. Não só para o colhereiro, mas inclusive para aves migratórias, que vêm de longas distâncias e passam aqui em São Paulo e descansam”, explica.
A vizinhança no Pinheiros é mesmo grande. Em quatro anos de atividades, a entidade já cadastrou mais de 60 espécies vivendo às margens do rio. A maioria pássaros, mas não só.
O projeto que monitora os bichos do Rio Pinheiros nasceu por causa de um outro animal silvestre que se instalou no rio e hoje convive com quem frequenta a área para pedalar, por exemplo: a capivara. São cerca de 120, divididas em pequenos grupos. Algumas têm nome e até conhecem as pessoas que cuidam dos animais.
Os olhos treinados enxergaram na margem do rio uma fêmea de cágado botando ovos.
“A gente acompanha para não ter nenhuma intervenção, ninguém mexer. A gente sinaliza”, conta a bióloga Mayara Oliveira.
O Rio Pinheiros não pode ser considerado limpo, ainda tem muita sujeira. Mas, segundo a companhia ambiental do estado, a oxigenação da água melhorou de 2018 para cá e é por isso que que a vida silvestre escolheu um pedacinho desse poleiro da vida urbana para chamar de casa.
“Os animais vão procriando mais, vão se estabelecendo, vão se sentindo confortáveis em procriar no local, porque tem alimento, tem segurança tem verde, tem água”, afirma Mariana Aidar.
“Você proporciona a melhora daquele ambiente, trata a água, recupera as margens, você vai ter a volta da vida, ela vem sozinha”, diz a bióloga Anelisa Magalhães.
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