28 de dezembro de 2024

Empreendedora vence traumas da violência doméstica sofrida por 18 anos e encontra propósito: ‘Ajudar pessoas’

Deise Guerra, de 44 anos, é palestrante que incentiva outras mulheres a encontrarem seus propósitos e a se posicionarem dentro da própria identidade. Deise Guerra é palestrante e dona do próprio negócio no litoral de São Paulo
Divulgação
Uma baiana, de 44 anos, que sofreu violência doméstica por 18, encontrou a chance de se reerguer por meio do empreendedorismo no litoral de São Paulo. Deise Guerra já morou em Guarujá (SP), mas decidiu se reconstruir em Praia Grande (SP) após se separar do ex-marido. Atualmente, ela ministra palestras para ajudar outras mulheres e tem a própria marca de óculos de sol.
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Deise nasceu e foi criada no bairro Tancredo Neves, um dos mais periféricos de Salvador (BA). Em junho de 2009, em função de uma transferência no trabalho do então companheiro, ela se mudou para Guarujá com ele e com os dois primeiros filhos — à época um bebê e um menino de oito anos.
A palestrante já era formada em Enfermagem quando chegou no litoral paulista, mas decidiu procurar um novo emprego pelas ruas da cidade. “Só sabia que eu precisava trabalhar porque estava dentro de um recomeço”, contou.
Se valendo do carisma, a baiana se tornou vendedora em uma loja de roupas populares no distrito de Vicente de Carvalho. Ela chegou a ser promovida e permaneceu no cargo por cinco anos, período em que estudou Gestão Comercial e se formou como tecnóloga de varejo.
Esse foi o pontapé para os desafios que viriam pela frente. “Quando eu conheci o comércio, eu me apaixonei pela possibilidade de realizar sonhos, trabalhar com a autoestima, de mudar a vida das mulheres, trazê-las à tona. De poder prepará-las para uma entrevista de emprego”.
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“Eu não via que era só uma venda, eu via que poderia ser uma oportunidade de mudar a vida de alguém de alguma forma”, afirmou.
Violência doméstica
Deise Guerra veio da Bahia para o litoral de São Paulo, onde virou empreendedora e palestrante
Divulgação
Deise e o ex-marido tiveram mais um filho, que hoje tem 13 anos. Enquanto se descobria na nova profissão e ajudava mulheres a resgatarem a autoestima, ela enfrentava uma batalha pessoal dentro da própria casa.
A força para abandonar o casamento abusivo surgiu em 2018, ano em que se separou definitivamente. De acordo com Deise, ela teve depressão durante cinco anos do matrimônio e chegou ao estágio de não conseguir tomar banho.
“Foram 18 anos de um casamento abusivo em todos os aspectos: emocional, físico, psicológico. E não foi fácil […]. Foi algo para eu me perder de mim, mas eu decidi, tomei a decisão de sair desse lugar e de não permitir mais que isso chegasse até mim. E ali foi a minha virada de chave”, lembrou.
Mesmo com a paixão por Guarujá, as memórias não permitiram que Deise permanecesse na cidade. Em 2019, ela se deparou com a necessidade de explorar novos caminhos e acabou se mudando para Praia Grande, onde atualmente vive no bairro Guilhermina.
Como toda vítima de violência doméstica, Deise reconhece que não é fácil juntar forças para deixar um abusador. Ela destacou que nem sempre um relacionamento precisa ser amoroso para tornar-se abusivo: também há casos em amizades e relações de trabalho.
“Existe muita fragilidade emocional e psicológica, e física também. Faltam forças físicas para uma mulher sair dessa situação”, disse.
Propósito
Entre outros negócios que renderam frutos positivos, Deise abriu uma loja em Praia Grande dentro de um salão de beleza para loiras ainda naquele ano. Ela permaneceu lá até que a pandemia de Covid-19 interrompeu seus planos, ocasião em que foi chamada para gerenciar as clínicas de estética de uma cliente.
Com a nova oportunidade, ela juntou dinheiro e se reergueu novamente para se dedicar ao empreendedorismo. Em 2022, abriu uma loja em um shopping de Santos, negócio que encerrou neste ano. Atualmente, ajuda outras mulheres a se erguerem diante das próprias dificuldades, palestrando sobre temas como a prevenção ao suicídio e a importância do autoconhecimento.
Especialista em desenvolvimento pessoal, a palestrante apresenta um programa o-nline chamado “Bora Mulher” e tem uma marca de óculos de sol. Por meio das redes sociais e dos eventos a que atende, ela motiva pessoas a encontrarem seus propósitos na vida.
“Eu trabalho com desenvolvimento pessoal agora. Então, eu acho que agora, de fato, eu estou cumprindo meu papel, meu propósito, que é ajudar pessoas, afetar pessoas e levantar pessoas por dentro”, comemorou.
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