10 de janeiro de 2025

Empresa de cigarros suspeita de sonegar mais de R$ 150 milhões em impostos em SP teria esquema criminoso com milicianos no Rio


Em 2024, a polícia de São Paulo já tinha descoberto que milicianos do Rio haviam tomado à força o controle da IBC. A empresa, avaliada em R$ 2,5 milhões, chegou a ser transferida para o nome de um frentista carioca, usado como laranja. Empresa de cigarros suspeita de sonegar mais de R$ 150 milhões em impostos em SP teria esquema criminoso com milicianos no Rio
Reprodução/TV Globo
A investigação de uma empresa suspeita de sonegar mais de R$ 150 milhões em impostos revelou um esquema criminoso que envolvia até milicianos do Rio de Janeiro.
A fábrica, na zona oeste de São Paulo, era o principal alvo da operação desta quarta-feira (8). De lá, saíam milhões de maços de cigarros, que seguiam para vários estados brasileiros e até para o exterior.
Promotores de Justiça e auditores fiscais estiveram em 22 endereços na capital paulista, no interior do estado e em Pernambuco. Apreenderam pouco mais de R$ 45 mil em dinheiro, dezenas de certificados de uma marca de relógios de luxo e obras de arte, algumas atribuídas a artistas renomados.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de aplicações financeiras, bens e imóveis dos empresários citados na investigação.
A Indústria Brasileira de Cigarros (IBC) deve mais de R$ 152 milhões em impostos. Segundo os investigadores, a empresa criou um sofisticado esquema de fraude e sonegação fiscal.
“Essa modalidade de fraude consiste na empresa declarar o imposto e não pagar. Então, lógico que a Secretaria da Fazenda pode futuramente, a partir do serviço fiscal de hoje, descobrir outros tipos de fraude”, destaca Cassiano Luiz Souza Moreira, procurador do Estado.
O promotor do caso disse que o foco da investigação era a sonegação, mas um outro fato chamou ainda mais atenção.
“Esse grupo empresarial foi tomado de assalto pela milícia do Rio de Janeiro – ou seja: veio a milícia do Rio de Janeiro tomar a empresa desse grupo empresarial e essa milícia acabou sendo expulsa de São Paulo. Então, é um mercado que chama a atenção inclusive da criminalidade organizada”, comenta Alexandre Castilho, promotor de Justiça do Estado de São Paulo.
Em setembro de 2024, a polícia de São Paulo já tinha descoberto que milicianos do Rio haviam tomado à força o controle da IBC. A empresa, avaliada em R$ 2, 5 milhões, chegou a ser transferida para o nome de um frentista carioca, usado como laranja.
Vídeos postados nas redes sociais, na época, mostram pessoas circulando com fuzis dentro da empresa. E fazendo ameaças.
“Tem gente que pensa que é brincadeira, que a gente vem pra brincar… Não tem brincadeira aqui não, gente.”
Vídeos postados nas redes sociais, na época, mostram pessoas circulando com fuzis dentro da empresa de cigarros em SP
Reprodução/TV Globo
Os vídeos foram postados nas redes sociais de Alexander Peixoto Bezerra, um advogado do Rio que chegou a ser contratado pelos donos da IBC para ajudar a sanear as dívidas da empresa.
“O que for trabalho de advogado eu vou fazer.”
Segundo os policiais de São Paulo, os empresários da IBC se desentenderam com o advogado, que passou a ajudar milicianos do Rio, inclusive na invasão da empresa.
“Tudo beleza aí no Rio? Tudo tranquilo? Aqui também. Não é muita diferença não, tá? É Rio-São Paulo…”
Alexander Peixoto Bezerra, um advogado do Rio
Reprodução/TV Globo
Os investigadores afirmam que os homens que aparecem armados nas imagens, fazendo segurança para os milicianos, são policiais militares do Rio e de São Paulo. Seis deles já foram identificados e serão chamados para prestar depoimento.
A polícia já indiciou 11 pessoas pelos crimes de organização criminosa armada, estelionato e ameaça.
A atuação da máfia do cigarro tem preocupado as autoridades. Nos últimos nove anos, pelo menos 33 fábricas clandestinas foram fechadas no país. No mesmo período, pelo menos sete estados brasileiros registraram assassinatos que tinham relação com a disputa entre as quadrilhas.
Empresa de cigarros suspeita de sonegar mais de R$ 150 milhões em impostos em SP teria esquema criminoso com milicianos no Rio
Reprodução/TV Globo
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa ou com um representante da Indústria Brasileira de Cigarros. E a defesa do advogado Alexander Peixoto Bezerra não retornou o contato da reportagem.
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