Marido e sogro da dona da empresa são réus condenados em processo de lavagem de dinheiro e desvio de verba de uma empresa pública que prestava serviços semelhantes. O marido trabalha junto com a esposa. Empresa de esposa e nora de réus por lavagem de dinheiro do tráfico e desvio de verba pública fecha contratos com governo do RJ
A empresa Sane Lagos fechou dois contratos com o governo do Estado do Rio de Janeiro este ano – sendo um de quase R$ 7 milhões. O RJ2 descobriu que a empresa pertence a Juliana Assis da Silva, que é esposa e nora de dois réus em um processo que apura lavagem de dinheiro para o tráfico de drogas e desvio de verbas públicas.
A moradora de Cabo Frio abriu o negócio 10 meses depois que o marido foi preso em 2018. Otto Lavinas Maciokas é acusado pelo Ministério Público de fazer parte de uma organização criminosa para a prática de ilícitos, como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública.
Otto é réu junto com o pai Peter Malheiros Maciokas. Um dos envolvidos no esquema é o traficante Carlos Eduardo Rocha Freire Barboza, conhecido como Cadu Playboy, preso suspeito de ser um dos maiores criminosos da Região dos Lagos.
Peter foi condenado a 33 anos de prisão. Otto chegou a ser condenado a 43, mas teve a condenação anulada por problemas processuais, mas segue como réu e impedido de deixar a região.
Enquanto responde ao processo, Otto segue trabalhando na empresa aberta no nome da mulher dele. Uma empresa especializada em saneamento, mas que faz muito mais. No site, a Sane Lagos diz que traz soluções que incluem desde caminhões pipa a limpeza de fossas. Ao todo, há a autorização para realizar 98 atividades, sendo algumas delas:
Coleta de lixo
Aluguel de equipamentos esportivos
Palcos para shows
Controle de pragas
Fornecimento de professores
Aluguel de carros e caminhões
Consertos de variados tipos
E até gestão de cemitérios
São dois contratos atuais com o governo do Rio: com a Polícia Militar e com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento.
Para a PM, a empresa faz a manutenção de viaturas e fornece caminhões e equipamentos para a melhoria de estradas na região. O contrato foi feito em janeiro deste ano e tem valor firmado de cerca de R$ 100 mil, mas o orçamento pode variar dependendo do serviço.
Já para a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento o contrato foi firmado em junho desse ano e a empresa passou a ser responsável por fazer melhorias nas estradas das cidades de Arraial do Cabo, Armação dos Búzios, Cabo Frio e Saquarema.
O contrato vale por um ano e a empresa vai receber R$ 7 milhões. Entre as obrigações, fornecer caminhões e outros veículos – que era o serviço prestado de forma fraudulenta pela família Maciokas, segundo a Justiça.
Por nota, a Sane Lagos disse que todos os contratos são legais e que a empresa venceu a licitação proposta pela secretaria. No caso da PM, a empresa afirma que foi credenciada para prestação de serviço depois de um chamamento público.
A Sane Lagos não respondeu sobre a ligação de Otto Maciokas com a empresa. A equipe de reportagem não conseguiu contato com Otto nem Peter.
A secretaria de Agricultura disse que assinou o contrato, mas que nenhum dos serviços foi feito até agora e, portanto, nenhum pagamento foi realizado. Já a PM disse que o processo de escolha das oficinas para manutenção foi feito de acordo com a lei.