25 de dezembro de 2024

Empresária que morreu após seis cirurgias simultâneas teve embolia pulmonar após os procedimentos

Viviane Lira Monte, de 24 anos, ficou mais de 20 dias internada na UTI do Hospital Regional Norte (HRN) do Ceará, após passar pelas cirurgias plásticas. Mulher morre após passar por seis cirurgias plásticas no CE.
Reprodução
A empresária cearense Viviane Lira Monte, de 24 anos, que morreu na última quinta-feira (26), após passar por seis cirurgias plásticas ao mesmo tempo na cidade de Sobral, no interior do Ceará, foi diagnosticada com embolia pulmonar dias depois dos procedimentos.
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A informação consta no Boletim de Ocorrência registrado pela família da empresária na última sexta-feira (27), que suspeita de negligência médica por parte do cirurgião plástico que fez os procedimentos. O g1 teve acesso ao documento.
Segundo o companheiro de Viviane, Renan Santiago, ela pagou cerca de R$ 40 mil pelos procedimentos após economizar durante meses.
O g1 tentou contato com o médico que realizou os procedimentos, denunciado pela família de Viviane por negligência, mas ele não havia respondido até a última atualização desta reportagem.
Os procedimentos feitos pela empresária foram:
Mamoplastia Redutora (redução de mama)
Lipoaspiração no abdômen
Lipoaspiração nos braços
Lipoaspiração nas costas
Lipoaspiração no pescoço
Lipoenxertia glútea
Segundo familiares de Viviane, a empresária realizou as cirurgias no dia 31 de agosto, um sábado, e foi liberada no domingo (1° de setembro) por um médico plantonista. No mesmo dia que chegou em casa, a jovem relatou que estava sentindo muitas dores, sem conseguir urinar e com dormência no corpo.
Na ocasião, os parentes entraram em contato com o cirurgião plástico, que recomendou que a levassem para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele já não estava mais na cidade de Sobral, conforme informações da família.
Na UPA, Viviane foi diagnosticada com embolia pulmonar, um quadro grave que tem início quando um um coágulo entope um vaso sanguíneo do pulmão, impedindo a passagem de sangue.
Os médicos da unidade também alertaram sobre a necessidade de transferência da jovem para a UTI do Hospital Regional Norte (HRN), devido à gravidade do quadro dela.
De acordo a família da vítima, o cirurgião plástico chegou a ir ao hospital no segundo dia de internação da jovem na unidade “e informou que a cirurgia havia sido um sucesso”.
“Após isso, [médico] viajou para o Rio de Janeiro, pois reside neste estado, mas disse que manteria contato com a equipe médica da UTI para ficar a par da situação”, disse a familiar de Viviane.
A empresária se manteve estável até o dia 25 de setembro, até ter uma piora do quadro e necessitar de uma cirurgia de urgência. Porém, antes de passar pelo procedimento, ela teve duas paradas cardíacas, foi entubada, mas não sobreviveu.
Ainda segundo os parentes, o cirurgião chegou ao hospital horas antes da mulher falecer, ligou para a equipe da UTI e depois saiu sem falar com os familiares da vítima.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará informou que familiares de Viviane registraram um boletim de ocorrência sobre o caso, que está sendo investigado pela Delegacia Municipal de Sobral.
Outros médicos se recusaram a fazer os procedimentos
Para a família de Viviane, houve negligência médica, pois ela já havia procurado outros profissionais e todos se recusaram a fazer esses procedimentos de uma vez só. No entanto, um médico aceitou.
“Ela tinha esse interesse de fazer cirurgia plástica e andou procurando alguns médicos. Esse médico que ela encontrou fazia coisas que os outros médicos disseram que não seria possível fazer tudo junto. Ela fez muitos procedimentos ao mesmo tempo. Ela pesquisou alguns outros médicos, mas eles se recusaram a fazer tantos procedimentos”, disse Ayrton Alcântara, amigo da vítima.
Viviane completaria 25 anos na sexta-feira, 27 de setembro. Ela morreu um dia antes de fazer aniversário.
“Agora, depois de tudo o que aconteceu, a gente vê que nenhum médico faz tantos procedimentos de uma vez. E ele aceitou fazer. A gente não sabe ainda o que foi conversado com ela, qual sonho venderam, se houve um erro médico ou se foi uma fatalidade. O que a gente percebe é que nenhum outro médico faz tantos procedimentos de uma vez só o que reforça a nossa suspeita de que ele tenha sido imprudente, negligente e tenha, de certa forma, iludido ela de que isso daria certo”, comentou Ayrton.
Complicações após procedimentos
O sepultamento ocorreu nesta quinta-feira (26).
Itallo Rocha/ Sistema Verdes Mares (SVM)
Viviane realizou as cirurgias no dia 31 de agosto, um sábado, e foi liberada no domingo (1° de setembro) por um médico plantonista. Ela já começou a sentir dores no estômago. Na segunda (2 de setembro), passou mal, estava sem conseguir fazer xixi.
A jovem ainda teve outros sintomas, como desmaio e falta de ar. Na UPA, o quadro se agravou e ela precisou ser levada para a UTI. Lá, ela teve uma parada cardíaca, mas conseguiram reanimá-la. Dias depois, no entanto, os médicos chamaram a família, pois ela estava em estado grave.
Viviane foi piorando a cada dia, tomou bolsas de sangue, teve infecção por bactéria e fungos. A cirurgia nos seios chegou a abrir e teve secreção nos braços. Na quinta-feira (26), ela faleceu.
“Não tenho palavras pra dizer o baque que é isso. Uma menina jovem, 24 anos, cheia de vida, querida por todos. Ela tinha uma loja de roupas, estava atuante, uma cidadã era respeitada. A gente não tem chão para enfrentar essa situação”, lamentou um amigo da vítima.
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