17 de outubro de 2024

Empresário, ex-secretário de obras e mergulhador com 10 certificados: quem era o turista mineiro que morreu em Fernando de Noronha

Bruno Jardim de Miranda Zoffoli tinha 43 anos e viajou para a ilha com a família. De acordo com hospital, ele teve uma doença descompressiva. Bruno Jardim de Miranda Zoffoli tinha 43 anos e morava em Minas Gerais
Reprodução/Instagram
Empresário, mergulhador com mais de dez certificados e ex-secretário Municipal de Obras, Transportes e Trânsito na prefeitura de Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Este era Bruno Jardim de Miranda Zoffoli, de 43 anos, o turista mineiro que morreu após um mergulho autônomo em Fernando de Noronha, na terça-feira (15). Ele deixou esposa e duas filhas.
Segundo informações apuradas pelo g1, Bruno estava no arquipélago em uma viagem de família. A morte aconteceu após ele visitar um dos principais pontos de mergulho de Fernando de Noronha, a Coverta Ipiranga, onde fica uma embarcação naufragada a 62 metros de profundidade (saiba mais abaixo). Os médicos constataram que ele teve doença descompressiva (entenda aqui).
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Bruno era empresário do ramo da construção civil e morava com a família em Belo Horizonte. Ele estudou em uma escola de mergulho em Belo Horizonte, onde recebeu, em fevereiro deste ano, o título de “master diver”, certificado dado a mergulhadores.
Segundo informações apuradas pelo g1, no registro de mergulhador, Bruno tinha 10 certificações, nove delas foram conquistadas durante cursos em BH e uma na cidade de Jundiaí, em São Paulo. Além do mergulho, ele também praticava o esporte automotivo off-road.
Mergulho aconteceu na Corveta Ipiranga
Zaira Matheus/Acervo pessoal
O corpo do mineiro deve chegar ao estado natal ainda nesta quinta-feira (17). Nas redes sociais, amigos do mergulhador lamentaram a morte e falaram sobre a falta que Bruno fará na vida deles.
“Para quem teve a oportunidade e prazer em conhecê-lo, sabe do camarada pronta firme que era, pai, amigo, companheiro de todas as horas! Uma pessoa do bem e humanidade ímpar. Bruno era um camarada aventureiro e de bem com a vida e todos, onde chegava deixava seu sorriso”, disse um dos amigos em uma publicação no Facebook.
Enquanto ocupava o cargo de secretário de Obras, Transportes e Trânsito em Esmeraldas, Bruno foi preso em 2017 pela Polícia Civil do estado na Operação Ptolomeu, que apura um esquema que fraudava licitações e serviços de transporte escolar. Ele foi solto no mesmo ano, no entanto, o processo continua aberto no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Como foi o acidente
Turista morre após mergulho em profundidade de 62 metros em Fernando de Noronha
Em Noronha, Bruno fez o mergulho autônomo, prática que é executada com apoio de cilindro. De acordo com a Administração da ilha, ele teve sintomas respiratórios e rebaixamento de nível de consciência (veja vídeo acima).
Após o acidente, ele foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital São Lucas e colocado dentro de uma câmara hiperbárica, usada nesse tipo de ocorrência.
Nessa terapia, o paciente respira oxigênio puro e é submetido a uma pressão duas ou três vezes superior à atmosférica. De acordo com a unidade de saúde, Bruno apresentou melhora clínica, mas, depois, teve uma parada cardiorrespiratória.
A equipe tentou reanimá-lo por cerca de 1 hora e 30 minutos, mas ele não resistiu o morreu por volta das 22h da terça (15).
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Entenda o que é doença descompressiva
A doença descompressiva é a formação de bolhas no sangue, causada pelo excesso de nitrogênio ou outro gás na mistura respiratória (como o gás hélio) usada por mergulhares para respirarem embaixo d’água;
Esses gases são dissolvidos nos tecidos do corpo humano quando a pessoa está realizando o mergulho em profundidade – em condições hiperbáricas, quer dizer, num ambiente onde a pressão é maior que a pressão atmosférica;
Os gases da mistura respiratória dos cilindros usados por mergulhadores, também chamados de gases inertes, não interagem com o ambiente na superfície da água (em condições “normais” de temperatura e pressão);
Dessa forma, quanto mais fundo a pessoa mergulha e maior o tempo do mergulho, mais os gases inertes se dissolvem dentro do corpo humano;
Para evitar problemas na hora de retornar à superfície, quem pratica mergulho costuma controlar o tempo e a profundidade que permanecerão na atividade;
Na hora de voltar à superfície, também é importante controlar a velocidade de retorno – respeitando o tempo de readaptação do organismo;
Todos esses fatores influenciam nos possíveis efeitos colaterais que podem provocar a doença descompressiva – que, se não for controlada, pode provocar a morte;
A forma de tratar a doença é fazer a pessoa respirar oxigênio puro dentro de um equipamento chamado câmara hiperbárica – que simula um ambiente semelhante ao fundo do oceano (onde a pressão é maior do que a atmosférica);
Ao ser colocada numa câmara hiperbárica para inalar oxigênio puro, a pessoa elimina gradualmente os gases da mistura respiratória dos cilindros de ar e pode reverter os efeitos da doença descompressiva.
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