13 de novembro de 2024

Empresário executado no aeroporto em São Paulo: veja o que se sabe


Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto com 10 tiros na área de desembarque na sexta (8). Investigado por envolvimento com o PCC, ele havia firmado um acordo para delatar crimes da facção e de policiais. Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos

Investigado por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8), à luz do dia, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
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Investigado por envolvimento com o PCC, Gritzbach fechou em março um acordo de delação premiada com Ministério Público de São Paulo para delatar crimes da facção e de policiais.
Até a publicação desta reportagem, ninguém havia sido preso. Veja, abaixo, o que se sabe sobre o caso.
Quem era Antônio Vinícius Lopez Gritzbach?
Antonio Vinícius Gritzbach
Reprodução/TV Globo
Gritzbach tinha 38 anos e era corretor de imóveis no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Anos atrás ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta. Conhecido como Cara Preta, Santa Fausta movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, Gritzbach teria atuado para lavar R$ 30 milhões em dinheiro proveniente do tráfico de drogas.
Cara Preta e o motorista dele, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, foram assassinados, e Gritzbach começou a ser investigado como responsável pelas mortes.
Em março, o empresário fechou um acordo de delação premiada com o MP com a promessa de entregar esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e crimes cometidos por policiais.
Gritzbach acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de exigir dinheiro para não o implicar no assassinato do Cara Preta. Além disso, forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
Por que Gritzbach estava em Guarulhos?
O empresário e a namorada estavam voltando de uma viagem de Maceió para São Paulo. No domingo (10), viajariam para Vitória.
Como Gritzbach foi morto?
Gritzbach foi executado na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, por volta das 16h.
Câmeras de segurança registraram toda a ação. Nas imagens, o empresário aparece carregando uma mala na área externa, onde há uma fila de carros, quando dois homens encapuzados descem de um veículo preto e efetuam ao menos 29 disparos.
Gritzbach tenta fugir e pula a mureta que divide a via, porém cai logo em seguida. Ele foi atingido por 10 tiros: 4 tiros no braço direito, 2 no rosto, 1 nas costas, 1 na perna esquerda, 1 no tórax e 1 no flanco direito (região localizada entre a cintura e a costela).
Infográfico mostra áreas do corpo de Antônio Vinicius Grizbach atingidas por tiros
g1
Por que ele não tinha uma escolta oficial?
Gritzbach pediu mais segurança ao Ministério Público. A TV Globo teve acesso a um trecho da reunião do empresário com os promotores, cuja data não foi informada. (Veja vídeo)
“Tenho comprovantes de pagamento, tenho contrato, tenho matrícula, tenho as contas de onde vinham o dinheiro, então dá pra gente fazer o caminho inverso. Tenho as conversas de Whatsapp com os proprietários. Eu apresento, doutor, mas cada vez mais eu preciso de mais segurança. Então, eu precisava de um amparo de vocês também do que eu vou ter. Se não, vocês estão falando com um morto-vivo aqui”, disse na reunião.
O MP diz que Gritzbach recusou as ofertas de segurança feitas a ele.
Para se proteger, o empresário contratou quatro policiais militares para fazerem sua escolta particular: Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima, mas eles não estavam com Gritzbach quando ele foi morto.
O que os PMs que faziam a proteção de Gritzbach alegaram?
PMs que faziam a segurança de Gritzbach afirmaram que um problema com um dos carros impediu a chegada deles ao aeroporto de Guarulhos antes da execução.
Segundo depoimentos à Polícia Civil feito por dois deles, o grupo foi chamado para buscar o empresário e a namorada dele no aeroporto.
Eles se dividiram em 2 carros dois carros. Em um, estavam os policiais Adolfo e Leandro. No outro, foram os policiais Jefferson e Romarks, o filho e um sobrinho do empresário.
Ainda de acordo com os depoimentos, por volta das 15h, eles pararam em um posto Ipiranga próximo ao aeroporto para fazer um lanche. Foi quando o filho de Gritzbach informou aos seguranças sobre a chegada do pai.
Um dos veículos, entretanto, teve problema na ignição e não estava mais ligando, segundo os policiais. O outro veículo já estava a caminho, mas, como estava com 4 pessoas, fez meia volta e retorno ao posto para deixar um dos policiais lá e abrir espaço para o empresário e a mulher.
Quando esse veículo – com o policial Jefferson, o filho e o sobrinho do empresário – estava se aproximando do portão de desembarque, ocorreram os disparos.
Investigadores desconfiam dessa versão (leia mais). Uma das linhas de investigação do DHPP é que os seguranças teriam falhado de forma proposital.
Alguém foi preso pela execução do aeroporto?
Até a última atualização da reportagem, ninguém havia sido preso.
Os dois carros utilizados pela escolta da vítima e um terceiro, usado pelos atiradores, foram apreendidos, assim como os celulares dos policiais que faziam a segurança e da namorada do empresário.
Na tarde de sábado, a Polícia Civil ainda localizou duas armas: um fuzil e uma pistola. Elas estavam próximo ao local em que o carro foi abandonado, a pouco mais de 7 km do aeroporto, ainda em Guarulhos. Segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), são as armas usadas no crime.
Armas apreendidas após o assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos.
Divulgação
Por que a PF também vai investigar o caso?
A Polícia Federal também vai investigar o assassinato, por ordem do Palácio do Planalto.
A avaliação é a de que a forma como o crime ocorreu, o suposto envolvimento de facção criminosa e de agentes públicos, além do local do homicídio no aeroporto mais movimentado do país em plena luz do dia, demandam também uma investigação federal.
Por segurança, o inquérito será tocado por uma equipe de fora de São Paulo.
Há uma suspeita de que o empresário pode ter sido morto por ordem e com envolvimento de agentes de segurança, e não necessariamente por ordem direta do PCC.
Alguém mais ficou ferido?
O ataque resultou na morte, ainda, de Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, atingido nas costas por um tiro de fuzil.
Um funcionário terceirizado do aeroporto, que teve ferimentos na mão, e uma de 28 anos, atingida por um tiro de raspão no abdômen, foram socorridos e receberam alta.
Veja o que se sabe sobre dinâmica do atentado
Arte/ g1

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