25 de dezembro de 2024

Enchente na Espanha: moradores ficam sem comida, lojas são saqueadas, e Exército é enviado a Valência


Enchete repentina já deixou 158 mortos, a grande maioria na cidade de Valência e arredores. Dezenas seguem desaparecidos na região de Valência. Governo espanhol foi criticado por não mandar avisos prévios de inundação. Bombeiro observa carro submerso na lama em Paiporta, bairro no sul de Valência, na Espanha, após enchente que matou mais de 150 pessoas, em 1º de novembro de 2024.
Nacho Doce/ Reuters
Três dias depois da pior enchente do século na Espanha, que deixou 158 mortos, moradores de Valência, a cidade atingida, pediram ajuda ao governo, que criticam pela demora no envio de alertas sobre o temporal.
Parte da população da cidade, a terceira maior do país europeu, estava sem luz, água e comida na manhã desta sexta-feira (1º). Também ainda havia dezenas de desaparecidos. E o ministro dos Transportes espanhol afirmou que muitas pessoas ficaram presas dentro de carros.
Centenas de ruas ainda tinha carros empilhados por conta da força da água, e houve saques a supermercados e shoppings. A Polícia Nacional da Espanha prendeu cinco pessoas acusadas de saquear uma loja de joias em um shopping em Aldaia, municipio na região metropolitana de Valência.
Nesta sexta-feira (1º), o governo espanhol determinou o envio do Exército para a região. Segundo o governo, militares ajudarão na limpeza de ruas e no envio de alimentos a moradores do sul de Valência, a parte mais afetada pela enchente.
Bombeiros da Espanha resgatam bebê e idosa de helicóptero em Valência
Em cenário de “terra arrasada”, a província de Valência, no leste da Espanha, busca por corpos de vítimas das enchentes repentinas que atingem a região desde terça-feira (29). O pior desastre do século 21 no país deixou 158 mortos até o final da tarde desta quinta (31), segundo as autoridades locais. No início da manhã, eram 95 vítimas contabilizadas.
O ministro dos Transportes e da Mobilidade espanhol, Óscar Puente, disse que ainda há corpos presos dentro de carros atingidos pelas enchentes. Segundo Puente, cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão seriamente danificadas ou bloqueadas, muitas delas por carros abandonados.
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As enchentes, provocadas por chuvas torrenciais, deixaram um rastro de destruição, e exigiram esforços de resgate para atender a população afetada em diversos municípios no leste do país. Além dos mortos na província de Valência, três outras pessoas morreram em outros municípios na região, dois em Castilla-La Mancha e mais uma na Andaluzia.
A força das águas arrastou carros e transformou ruas de vilarejos em rios. Veículos destruídos ficaram empilhados, fios de energia caíram e móveis domésticos ficaram atolados em uma camada de lama pelas ruas.
A cidade de Valência, a terceira maior da Espanha, foi muito afetada, principalmente na região sul. Vários municípios ao redor dela foram afetados. Em alguns deles, como Turís e Utiel, choveu o esperado para o ano inteiro. (Leia mais abaixo)
Uma ponte foi derrubada pela força da correnteza de um rio em Picanya, e uma mulher foi resgatada de helicóptero com um cachorro no colo e a água batendo em seu pescoço em Utiel, a oeste da cidade de Valência.
Um bebê e uma idosa foram resgatados da enchente por helicóptero nos municípios de Alzira, ao sul do estado, e Catarroja, ao sul da região metropolitana de Valência, respectivamente. Veja vídeo do resgate no início desta reportagem.
Após chuvas torrenciais, pilha de carros e lama tomam estrada nos arredores de Valência, na Espanha, em 31 de outubro de 2024.
Reuters/Eva Manez
Previsão de mais chuva e críticas a autoridades
Há previsão de mais chuva para esta quinta-feira, segundo a Agência Estatal de Meteorologia espanhola (Aemet). Há alerta amarelo de chuvas acumuladas de 20 mm a 30 mm por hora em toda a região de Valência.
A região de Castelló de la Plana, na costa ao norte de Valência, está com alerta vermelho, com previsão de 40 mm de chuva acumulada por hora e um total de 180 mm em um período de 12 horas.
Passada a calamidade inicial, surgiram questionamentos sobre se as autoridades espanholas poderiam ter feito mais para salvar vidas. O governo regional está sendo criticado por não enviar alertas de enchente para os celulares das pessoas até as 20h de terça-feira, quando as enchentes já haviam começado em algumas áreas.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, está indo para a região para testemunhar a destruição de perto, em meio ao luto oficial de três dias no país. Em declaração nesta quinta, Sánchez disse que a tempestade ainda não acabou, pediu para as pessoas não saírem de casa e para ouvirem as recomendações dos serviços de emergência.
A costa mediterrânea da Espanha, onde a cidade de Valência está localizada, está acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a mais poderosa a atingir a região nos últimos tempos.
Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, que também estão por trás do aumento das temperaturas, secas na Espanha e do aquecimento do Mar Mediterrâneo.
Soldados ajudam nos resgates
Com danos que lembram um forte furacão ou tsunami, as tempestades e enchentes que atingiram a região de Valência nesta semana são as piores registradas neste século, segundo a Aemet. A agência disse ainda que o impacto foi maior que as enchentes de 2019 e comparável aos dois grandes temporais dos anos 1980: a chamada enchente de Tous, em 1982, e outro em 1987.
Mais de mil soldados das unidades de resgate de emergência da Espanha se juntaram aos trabalhadores de emergência regionais e locais na busca por corpos e sobreviventes.
A ministra da Defesa, Margarita Robles, disse que somente os soldados já haviam recuperado 22 corpos e resgatado 110 pessoas até a noite de quarta-feira. Até a noite de quarta-feira, autoridades regionais disseram ter resgatado com helicóptero cerca de 70 pessoas presas em telhados e nas casas.
Diversas campanhas de doação para ajuda aos desabrigados estão sendo organizadas na Espanha. O clube Real Madrid anunciou a doação de 1 milhão de euros para os afetados.
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Mulher é resgatada com cachorro no colo e água no pescoço em enchente na Espanha
Ponte é destruída por forte correnteza de rio durante tempestade na Espanha
Pior enchente do século na Espanha
Carros empilhados em rua de Valencia após inundação em 30 de outubro de 2024.
AP Foto/Alberto Saiz
As enchentes começaram após chuvas torrenciais que atingiram a região de Valência na terça-feira (29).
As tempestades levaram as autoridades nas áreas mais atingidas a aconselhar os cidadãos a ficarem em casa. O presidente regional do leste de Valência, Carlos Mazón, disse nesta quarta que algumas pessoas permaneciam isoladas pelas enchentes.
“Se os [serviços de emergência] não chegaram, não é por falta de recursos ou disposição, mas por um problema de acesso,” disse Mazón, acrescentando que alcançar certas áreas era “absolutamente impossível.”
O serviço meteorológico das regiões de Valência e da Catalunha emitiu alertas vermelhos para tempestades com ventos fortes e granizo.
Um trem de alta velocidade que tinha quase 300 pessoas a bordo descarrilou perto de Málaga. Autoridades locais não relataram feridos. O serviço de trens entre Valência e Madri foi interrompido, assim como outras linhas na região.
Vídeos compartilhados nas redes sociais durante a noite mostraram pessoas presas pelas águas da enchente e outras em árvores para evitar serem levadas pela correnteza.
Trilho de trem em Picanya, perto de Valencia, na Espanha, após passagem de chuvas torrenciais, em 30 de outubro de 2024.
Jose Jordan/ AFP
Homem caminha sobre lama em Picanya, perto de Valencia, após região ser atingida por chuvas torrenciais, em 30 de setembro de 2024.
Jose Jordan/ AFP
Carros empilhados no bairro de La Torre, no sul da cidade de Valencia, em 30 de outubro de 2024.
Alberto Saiz/ AP
Chuvas torrenciais em Valência, na Espanha, provocaram o desabamento parcial de ponte sobre rio no dia 30 de outubro de 2024
Eva Mañez/Reuters
Rua inundada com carros destruídos após enchentes em Valencia, na Espanha, em 30 de outubro de 2024.
AP Foto/Alberto Saiz
Temporal destruiu fábrica de móveis em La Alcudia, na região de Valência, na Espanha, no dia 30 de outubro de 2024
Eva Mañez/Reuters

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