Concessionária alega que fornecimento foi retomado na noite desta quarta (20) após nova falha atingir a região. Problema começou na segunda (18), quando 35 mil consumidores chegaram a ficar sem luz por mais de dez horas. No mesmo bairro, um restaurante acendeu velas para conseguir atender clientes.
Após duas quedas de luz nesta semana, o fornecimento de energia no Centro de São Paulo, segundo a Enel, foi retomado na região.
De acordo com a concessionária, cerca de 1 mil clientes são supridos por geradores até que sejam concluídos os reparos e conectados a rede da distribuidora.
A segunda queda de luz ocorreu no início da tarde desta quarta (20) e atingiu os consumidores de Higienópolis, Santa Cecilia, Consolação, Campos Elísios, Vila Buarque e Cerqueira Cesar.
Nesses mesmos bairros, alguns moradores já estavam no escuro desde o apagão da segunda-feira (18).
Em nota, a Enel diz ter constatado uma nova falha, que teria interrompido o fornecimento de energia na região pela segunda vez.
“Durante o trabalho, identificaram um indicativo de nova falha, optando por desligar preventivamente às 12h40 um dos circuitos para realizar nova intervenção. Também, preventivamente, a companhia mobilizou geradores adicionais, além dos que já estavam disponíveis na região”.
Um dos afetados foi o prédio do Tribunal de Justiça Militar (TJM), que ficou sem luz das 12h30 até as 14h desta quarta. O mesmo local já tinha ficado ficou energia por mais de dez horas entre segunda e terça.
Semáforos sem luz no Higienópolis após bairro sofrer com apagão nesta segunda-feira (18)
Claudia Castelo Branco/Arquivo pessoal
Faculdade sem luz
Desde o início da semana o funcionamento da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na rua General Jardim, na Vila Buarque, está comprometido.
Já foram três dias seguidos sem aulas presenciais na instituição, segundo o diretor de comunicação da faculdade, Lino Bocchini.
“Desde segunda-feira cedo estamos tendo que remanejar aulas presenciais para online. Além de fechar todo atendimento aos estudantes [Secretaria, Biblioteca, Laboratório de Informática etc]. Hoje cedo ainda tivemos que passar todas as aulas presenciais da graduação para online, porque até ontem de noite não tinha voltado a luz, então não dava para garantir as mínimas condições. A energia voltou em partes durante a manhã, mas oscila. E ainda não conseguimos ligar parte dos aparelhos da instituição”, escreveu.
Prejuízos comerciais
Para os comerciantes da área, o prolongamento da falta de energia é sinônimo de mais prejuízo.
“Só em sorvete o prejuízo foi de R$ 2.500. Tem o iogurte também lá atrás, que pode jogar fora já. Não tem como, ninguém troca, não tem como aproveitar, amoleceu palito soltou, já era. “, disse o comerciante Eupídio Gomes Parente.
Início do drama
Apagão em São Paulo: imagens aéreas mostram partes da cidade sem luz
O apagão no Centro de SP começou justamente na segunda (18), por volta das 10h30 da manhã e atingiu parcialmente pelo menos cinco bairros da região.
Pelo menos 35 mil usuários da rede foram afetados, segundo diretores da própria Enel. Casas e comércios e três hospitais ficaram no escuro.
Além da Santa Casa de Misericórdia, na Santa Cecília, o Hospital Santa Isabel e o Instituto do Câncer Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho mantiveram as atividades essenciais a base de geradores.
Uma obra na rua General Jardim, na Vila Buarque, que pode ter sido a causa do apagão segundo a concessionária Enel, terminou antes que a luz voltasse em alguns imóveis. Até agora, ninguém assumiu a culpa pelo problema.
A Enel diz que a Sabesp puxou a fiação subterrânea durante uma reforma da tubulação de esgoto, que passa no mesmo ponto. E a Sabesp nega qualquer ligação entre o serviço e o apagão.
Centro de São Paulo sofre apagão; 10 mil ainda estão sem energia
Jogo de empurra
Segundo a Enel, o apagão teria iniciado a partir justamente da obra da Sabesp na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.
Funcionários da Enel atuam no Centro de SP
Reprodução/TV Globo
Mas a Sabesp nega a acusação.
“A Sabesp de fato fez a escavação no local, existia sim, uma rede de energia elétrica, mas a princípio, por avaliações que nós fizemos, não houve um dano naquele local, na rede de energia elétrica. Contudo, nós estamos atuando em parceria, com as equipes a disposição para resolver o problema”, ressaltou Maycon Abreu, superintendente da Sabesp.
Equipes da concessionária e da Sabesp trabalham em parceria para analisar as causas da interrupção. Mas não deram previsão de quando vão religar a luz para todos os clientes afetados.
Cerca de 1% dos cabos de energia elétrica na capital é subterrânea e essa parcela está justamente na região do Centro. Na Rua General Jardim, onde fica a obra da Sabesp, moradores estão sem luz e sem água, já que a área está sem energia para bombear a água para os prédios.
O que dizem as duas agências?
A Arsesp informou que tem 23 fiscais que acompanham o trabalho das distribuidoras que atendem o estado. Em agosto, durante a CPI da Enel na Alesp, os diretores da agência afirmaram aos deputados que “a concessionária paulista cumpre, na média, os indicadores de qualidade no fornecimento de energia elétrica”.
Já a Aneel informou que aplicou mais de R$ 320 milhões em multas à empresa, desde 2018. A maior delas foi neste ano: R$ 165 milhões, pela demora para restabelecer a energia, depois do temporal que atingiu a grande São Paulo, em novembro do ano passado. No entanto, a Enel entrou com um recurso administrativo e ainda não pagou o valor.
Na ocasião, cerca de 2,1 milhões de imóveis ficaram sem energia após tempestades no estado.
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