19 de outubro de 2024

Entenda acordo de colaboração premiada feito por influenciadores do Jogo do Tigrinho para ter bens de volta em Maceió

Com o acordo, investigados confessam os crimes e abrem mão de parte do patrimônio para não serem denunciados pelo Ministério Público. Colaboração foi homologada na Justiça. Carros de luxo apreendidos de influencers de Alagoas investigados por divulgar o jogo do tigrinho
Reprodução/TV Gazeta
Cinco influenciadores de Maceió investigados na Operação Game Over, tiveram seus bens devolvidos, entre eles carros de luxo, dinheiro e uma lancha, após firmarem um acordo de colaboração premiada, onde eles confessaram os crimes investigados e, em troca de não serem denunciados pelo Ministério Público, se comprometeram a auxiliar nas investigações e a abrir mão de parte do seu patrimônio adquirido por meio das atividades ilícitas.
Nesta sexta-feira (18), a Polícia Civil informou que encerrou a investigação contra os influenciadores digitais e pessoas de suas redes de apoio suspeitos de promover jogos de azar online clandestinos.
O g1 entrevistou o delegado Lucimério Campos, da Delegacia de Estelionatos da Capital, que esteve à frente das investigações. Segundo ele, “o acordo parte da premissa de que eles confessam os ilícitos”.
“Esses acordos serão fundamentais para garantir a reparação dos prejuízos sofridos pelas vítimas e fortalecer a estrutura de investigação do próprio Estado”, disse o delegado.
Os influenciadores fazem parte de uma investigação que em junho culminou em uma operação onde foram apreendidos bens dos envolvidos, incluindo veículos, imóveis de luxo, e valores em contas bancárias, considerados como fruto das atividades ilícitas. A Polícia Civil desvendou um esquema que envolvia a promoção ilegal de jogos por meio de plataformas digitais (leia sobre o esquema mais abaixo).
Nas redes sociais, os influenciadores Paulinha e Ygor Ferreira festejaram a recuperação dos bens, entre eles uma Porsche, uma Pajero e uma Land Rover. Eles desfilaram com os carros da sede da Delegacia Geral até o condomínio de luxo que moram, onde foram recebidos com fogos de artifício. Mas não revelaram aos seguidores detalhes do acordo.
O delegado explicou que para ter os bens de volta, os envolvidos celebraram acordos de colaboração premiada com a Polícia Civil, que foram homologados judicialmente. “Esses acordos incluíram a entrega de bens apreendidos durante a operação, que foram destinados à compensação das vítimas e ao pagamento de multas ao Estado”, informou Lucimério.
Reparação das vítimas e destinação dos recursos
Parte do patrimônio dos influenciadores foi destinado à criação de um fundo de ressarcimento, superior a R$ 1 milhão.
“Esse fundo foi utilizado para indenizar vítimas que, influenciadas pelas campanhas de marketing dos envolvidos, perderam dinheiro ao participar dos jogos de azar. Todas vítimas que compareceram à delegacia e foram ouvidas no curso do Inquérito Policial. Essa medida visou restabelecer a justiça e minimizar os danos financeiros sofridos pelos cidadãos”, explicou Lucimério.
Uma outra parcela do patrimônio confiscado foi destinada ao pagamento de uma multa reparatória ao Estado. Esses recursos foram direcionados para a construção de uma nova Delegacia de Polícia de Estelionatos, responsável pela investigação do caso, e para a aquisição de equipamentos que beneficiarão tanto essa unidade quanto outros órgãos de segurança pública.
‘Jogo do tigrinho’ e a operação Game Over
O “jogo do tigrinho” é um cassino on-line famoso que promete ganhos fabulosos. Na prática, o objetivo dele é que o jogador faça uma combinação de três figuras iguais nas três fileiras que aparecem na tela. Como o jogo não é desenvolvido pelas casas de apostas, ele pode aparecer em mais de um site, geralmente dentro de categorias como “cassino on-line”, o que é proibido no Brasil.
A operação da Polícia Civil de Alagoas teve como alvo influenciadores digitais que promoviam essas plataformas através de suas redes sociais. Esses jogos, amplamente divulgados, levaram milhares de pessoas a participarem, resultando em consideráveis prejuízos financeiros e emocionais para muitos.
“As investigações apontaram que esses influenciadores utilizavam sua popularidade para atrair seguidores e incentivar a participação nos jogos, que eram operados de forma clandestina e, em muitos casos, fraudulentos, pois se utilizavam de contas DEMO artificiosamente manipuladas para enganar as pessoas que jogavam, uma vez que acreditavam que de fato os blogueiros estavam jogando e obtendo grandes ganhos”, explicou o delegado.
Reparação de danos
Para a PC, a celebração dos acordos de colaboração premiada não apenas possibilitou a reparação dos danos causados às vítimas, mas também representou um reforço significativo à estrutura da Polícia Civil, permitindo a expansão e modernização de suas operações.
“A colaboração premiada revelou-se um instrumento eficaz na resolução do caso, ao permitir uma investigação mais aprofundada e ao mesmo tempo gerar recursos para a reparação de danos e melhoria dos serviços públicos”, explicou o delegado.
Ainda segundo Lucimério, “caso o inquérito e a respectiva ação penal seguissem o curso ordinário, as vítimas e o Estado teriam de esperar um tempo considerável para receber uma sentença favorável, tempo este em que muitos dos bens apreendidos, inclusive veículos de luxo, se deteriorariam e não serviriam à reparação dos prejuízos”.
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