4 de fevereiro de 2025

Entenda como são clonadas as vacas que valem milhões


Procedimento pode custar até R$ 100 mil. O primeiro clone bem-sucedido da segunda vaca mais cara do mundo nasceu no final do ano passado. Viatina é avaliada em R$ 21 milhões. Viatina-19 FIV Mara Móveis, vaca nelore goiana avaliada em R$ 21 milhões – Goiás
Divulgação/Casa Branca Agropastoril
Se uma vaca rende dinheiro, imagine duas? No Brasil, os bovinos que têm uma genética valorizada (e são leiloados por milhões de reais) são o foco da clonagem. Foi o que aconteceu com a segunda vaca mais cara do mundo, a Viatina.
Os proprietários já tentavam clonar o animal avaliado em R$ 21 milhões, há 2 anos, mas apenas agora o procedimento foi bem-sucedido.
A clonagem é realizada comercialmente ao menos desde 2010 no país. Contudo, a taxa de eficiência é de apenas 4%, explica pesquisador Maurício Machaim, na Empresa Brasileira em Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na unidade Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Machaim fez parte da equipe de pesquisa que resultou no primeiro clone brasileiro, a bezerra Vitória, em 2001.
Atualmente, um contrato de clonagem no Brasil pode chegar a custar R$ 100 mil, informou Rodolfo Rumpf, diretor técnico do laboratório especializado em clones Geneal.
O preço da Viatina fica atrás somente da Carina FIV do Kado. A vaca, que também é brasileira, foi avaliada no ano passado em R$ 24 milhões e se tornou a mais cara do mundo.
Entenda como é feita a clonagem de animais
Luisa Rivas/ arte g1
Essa técnica pode ser usada para clonar qualquer animal. Mas, no Brasil, a clonagem é mais comum em bovinos.
Risco de vida
Apesar de a gestação ser praticamente igual a de uma prenhez natural. O parto precisa ser induzido e é realizada uma cesariana. O pesquisador da Embrapa explica que, na maioria dos casos, o feto não consegue estourar a bolsa, sem enviar a informação para a “mãe” de que está pronto para nascer.
Por esta razão, os bezerros acabam sendo mais delicados em seus primeiros meses, correndo risco de vida. Atualmente, as clínicas de genéticas só costumam entregar os animais para os proprietários após de 3 meses de vida, quando os riscos são menores.
A equipe da Viatina, por exemplo, apenas noticiou o clone quando ele completou 3 meses. A bezerra segue aos cuidados especiais na clínica genética, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde foi gerada.
Apesar da baixa taxa de sucesso, os bezerros que sobrevivem têm a expectativa de vida como de qualquer outra vaca.
Conheça a Viatina: vaca que se tornou a mais cara do mundo em 2023.
Por que clonar um animal?
No Brasil, apenas o dono de um animal pode decidir cloná-lo. Veja algumas razões que podem fazer optar pelo investimento:
➡️Mais lucro: a clonagem permite que o proprietário de animais valiosos e que tenham genética valorizada consigam comercializar ainda mais material para procriação. Por exemplo, em maio passado, uma bezerra da Viatina foi leiloada por R$ 3 milhões. Por isso, apesar do alto custo, o investimento dá retorno.
Com isso, Machaim espera que dobre a quantidade de “filhos” da Viatina e seu clone.
“Eu consigo coletar todos os óvulos que estão nos 2 ovários dessas vacas uma vez por semana. [Nesse período] eu consigo fazer aí 15, 20 filhos”, explica o pesquisador.
➡️Recuperar animais que morreram: quando acontece a morte precoce de um animal que tem a genética valorizada, é possível coletar a sua célula para “ressuscitá-lo” por meio da clonagem. Isso permite manter a reprodução dos descendentes da vaca, que, normalmente, possuem características superiores às dos pais.
A técnica só é usada para este fim com mortes acidentais ou quando o animal, por alguma razão, não consegue mais procriar. Portanto, não é usada em casos de morte por doenças.
Leia também:
Por que uma vaca brasileira se tornou a mais cara do mundo
Flor-cadáver: milhares se reúnem para ver planta com cheiro de carne podre florescer na Austrália
Legislação recente
A clonagem de animais foi regulamentada no Brasil apenas no ano passado, apesar de que, antes dela, a prática não era considerada ilegal.
A Lei 15.021 estabelece normas para o controle e a fiscalização da produção, manipulação, importação, exportação e comercialização de material genético e clones de animais, considerando especialmente o setor da agropecuária e de melhoramento genético.
Com ela, apenas fornecedores registrados podem desenvolver atividades relacionadas ao material genético animal e clones de animais domésticos de interesse zootécnico.
Além disso, os clones gerados devem ser controlados e identificados durante todo o seu ciclo de vida por meio de um banco de dados de acesso público, garantindo a segurança genética e sanitária dos animais produzidos.
Veja também:
Vaca mais valiosa do mundo tem rotina de beleza
PF, prato do futuro: o rastreamento de bois com chip na Amazônia

Mais Notícias