19 de setembro de 2024

Entenda o processo de recuperação judicial da Light

A proposta aprovada pelos credores na última quarta-feira (29) prevê o pagamento integral para quem tem até R$ 30 mil a receber. Outros credores poderão escolher como vão receber. Dívida ultrapassa os R$ 11 bilhões. Plano de recuperação judicial da Light é aprovado
Na última quarta-feira (29), credores da Light aprovaram o Plano de Recuperação Judicial da empresa, que prevê a capitalização no valor de R$ 3,2 bilhões e conversão de R$ 2,2 bilhões de dívida em novas ações da companhia.
Atualmente, a dívida da empresa ultrapassa os R$ 11 bilhões. O acordo firmado durante a assembleia desta quarta também prevê pagamento integral para quem tem até R$ 30 mil a receber. Os principais acionistas se comprometeram a fazer um aporte de R$ 1 bilhão.
O plano pretende salvar a concessionária que é responsável pelo abastecimento de energia para mais de 11 milhões de consumidores em 31 municípios do Rio de Janeiro.
Ano passado, a Light entrou com pedido de recuperação judicial em função dos problemas financeiros. A queda nos investimentos e falhas no atendimento levaram a empresa a virar campeã de reclamações no Procon.
Este ano, reportagens do RJ2 mostraram moradores em todo o estado sofrendo com frequentes apagões.
Segundo a Light, mais de 30% dos endereços conectados à distribuidora fazem gatos de luz ou furtam energia da concessionária.
Reprodução/TV Globo
O presidente da empresa, Alexandre Nogueira, acredita que o plano é um marco para o reequilíbrio financeiro da companhia e a retomada de seu protagonismo histórico.
“O plano é equilibrado e justo, assegura a capacidade de pagamentos da companhia e ao mesmo tempo garante a sua sustentabilidade e a manutenção de investimentos para manter a qualidade dos serviços”, disse Nogueira.
Gatos de luz
Segundo a Light, mais de 30% dos endereços conectados à distribuidora fazem gatos de luz ou furtam energia da concessionária.
Para a professora Leontina Pinto, consultora em energia, o problema vem afetando fortemente as receitas da Light. Ela acredita que o plano de recuperação não contempla uma solução para as conexões clandestinas.
“É uma forma da empresa não morrer, né? Isso com certeza! Vai ter um pouco mais de recursos para prestar um serviço um pouco melhor. A grande questão da Light em particular, e das distribuidoras em geral, mas a Light sofre mais, é que as causas do problema, elas não foram resolvidas”.
“Você gasta mais do que você ganha. Você consegue um empréstimo para pagar o cartão e sobrar um pouco. Mas, em algum momento, se você continuar gastando mais do que você ganha, vai voltar ao mesmo ponto”, analisou a professora.
Leontina lembrou que outro problema é fazer com que consumidores de baixa renda possam pagar a conta todos os meses.
“Você tem que ser realista. Tem que ter tarifas que sejam mais baixas e que sejam realistas. Mas você precisa ter, digamos uma porta de saída desses incentivos”, completou.
Concessão vence em 2026
Segundo advogados da empresa, para que o plano de recuperação seja bem-sucedido a Light precisaria ter a concessão renovada.
Contudo, especialistas alertam que a concessão, que vence em julho de 2026, segue um modelo ultrapassado. Além dos gatos e do furto de energia, é cada vez maior o número de consumidores que tem painéis solares em casa, reduzindo o número de clientes da empresa.
Light
Reprodução/Instagram/@lightcomvoce
Para os especialistas, uma solução para essa transformação no mercado de energia precisaria ser negociada.
“O modelo da distribuidora, como ele foi feito no início, em 2000 e pouquinho, ele é um modelo que já está gasto, é um modelo que já se esgotou. Você precisa pensar em outros modelos (…) Esse é um problema do Brasil. O Brasil todo, a sociedade toda tem que discutir. A Light tem uma premência maior”, explicou.

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