9 de janeiro de 2025

Entenda por que número de estagiários 50+ está aumentando em SP: ‘Nunca é tarde para aprender’


Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Estágios mostra um aumento percentual de 278% entre 2023 e 2024. Número de estagiários com mais de 50 anos no estado de SP aumenta
“Nunca é tarde, nunca é tarde. A gente tem que quebrar essa barreira de ter idade para fazer as coisas”. A fala é de André Marcelo Soave que, aos 52 anos, vive a experiência de estagiar.
Segundo dados da Associação Brasileira de Estágio (Abres), o estudante de Campinas (SP) não é o único que, na meia idade, encontrou essa oportunidade de se reinventar na carreira.
Comparando os anos de 2023 e 2024, o número de estagiários com mais de 50 anos cresceu 278%: passou de 330 para 1.250 e continua apontando para um crescimento.
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Entenda por que número de estagiários 50+ está aumentando em SP: ‘Nunca é tarde para aprender’
Reprodução EPTV
O que explica esse aumento?
O presidente da Abres aponta, entre os motivos para o aumento na procura por estágios nesta idade, a mudança na qualidade de vida, o que faz com que muitas pessoas encontrem espaço para reconsiderar a carreira e buscar novas oportunidades de estudo e trabalho.
Com a pandemia, as pessoas mais velhas, com uma vida estabilizada, tiveram a oportunidade de voltar a estudar, especialmente por meio de EAD (educação a distância), que apresentam custos menores e a facilidade de cursar em casa por vídeo aulas e outras ferramentas digitais.
“Uma dica legal para pessoa que quer rever nos seus 50 anos é não sair tanto da área que tem experiência. Aproveitar a experiência que teve ao longo da vida e dali fazer uma ponte para o que seja mais perto, não fazer uma ponte tão longa. Isso vai facilitar o estudo e a possibilidade de entrada no mercado de trabalho”, fala.
Segundo a associação, os cursos mais procurados por pessoas com 50 ou mais são:
Pedagogia
Administração
Direito
Educação Física
Engenharia Civil
Ciências contábeis
Psicologia
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Reprodução EPTV
Ensino também notou mudança no perfil dos alunos
Nelson Maniasso, coordenador do curso de processos químicos da Fatec, comenta que nos últimos anos vem notando um aumento no número de alunos matriculados com mais idade. Na unidade, em Campinas, há cerca 50 alunos com mais de 50 anos, representando 4% do total.
O especialista diz também que dentre os cursos que coordena, identifica como perfil de alunos com mais de 50 anos:
pessoas que já tem alguma formação;
pessoas trabalharam em diferentes áreas, mas retornam para a faculdade para seguir sonhos e até na busca de novos desafios.
Ele considera que esse movimento seja uma tendência, ainda que a procura possa variar dependendo da área. E ressalta como principais pontos positivos, o fato dessas pessoas já terem uma trajetória que permite criar metodologias e formas de organização.
“A gente percebe que são muito focados, muito tranquilos, isso facilita dentro dessa área acadêmica”, analisa.
Para o presidente da Abres, Carlos Henrique Mencaci, existe oportunidade para esse público, mas as pessoas precisam se preparar para ter mais chance de conseguir uma contratação ou realocação no mercado de trabalho.
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Reprodução EPTV
Sonho de criança
André cursou contabilidade e economia na sua juventude para ajudar na administração da empresa da família. Carreira que seguiu até o fechamento da empresa e que o provocou a pensar em novos rumos que poderia seguir, aos 50 anos decidiu seguir um sonho da infância: estudar química.
“No começo foi um pouco difícil, como eu já estava muitos anos fora. Mas eu acho que o cérebro da gente é que nem o nosso corpo, que nem academia […] você começa e seu cérebro vai se adaptando e você vai cada vez fazendo mais, vai conseguindo captar mais coisas”, diz.
Conta que desde que entrou na faculdade recebeu apoio dos colegas do curso e até se tornou representante de sala. Mas precisou enfrentar o desafio de colocar em prática as teorias das aulas em um estágio. Aos 52 anos passou a ajudar os professores no departamento de Química da faculdade.
E já tem planos para o futuro, pretende fazer uma iniciação científica e após terminar o curso seguir na área acadêmica. Mas pondera que é necessário que as empresas também comecem a abrir as portas para pessoas com mais idade.
“O sonho, a gente tem que correr atrás, não tem tempo, e fazer o que gosta. Eu cheguei, consegui, graças a deus eu consegui chegar onde era meu objetivo de infância. Hoje eu estou aqui, feliz”, conclui.
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