Família do ex-presidente fez elogios ao candidato do PRTB e ex-presidente só mudou a postura após Nunes mostrar recuperação na pesquisa. Ideia da campanha do atual prefeito é, na reta final, apresentar Marçal com alguém que vende soluções fáceis e ilusórias como um jogo de azar. O candidato do MDB à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes, durante o debate promovido pelo jornal ‘Folha de S. Paulo’ e portal UOL.
Danilo Verpa/Folhapress
Aliados de Ricardo Nunes (MDB) veem o adversário Pablo Marçal (PRTB) resiliente na reta final da campanha e atribuem cenário, principalmente, ao que classificam como um erro de Jair Bolsonaro (PL) lá no início, além de discurso eficiente para segmentos que a campanha de Nunes não acessou.
A avaliação é compartilhada por integrantes da campanha de Nunes e do entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro.
As últimas 5 pesquisas Quaest mostraram Marçal empatado tecnicamente com Nunes e Guilherme Boulos (PSOL) na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Em julho, antes do início da campanha, Nunes liderava isolado com 21% e Marçal, com 13%, estava em 3º, empatado tecnicamente com Boulos (19%) no limite da margem de erro, de três pontos.
A pesquisa mais recente, divulgada na segunda (30), mostra Nunes com 24%, Boulos com 23% e Marçal, com 21% (a margem de erro é de 3 pontos). Entre eleitores de Bolsonaro, Marçal segue à frente de Nunes: 42% ante 35% (nesse segmento, a margem é de 4 pontos).
Poucos dias antes do início da campanha eleitoral, Bolsonaro rasgou elogios a Marçal – “Lá tem a figura nova do Pablo Marçal, que fala muito bem, é uma pessoa inteligente, tem suas virtudes, não tem experiência, mas faz parte, né?”, disse em uma entrevista a uma rádio.
Uma semana depois, em meio ao mal-estar, Bolsonaro chegou a gravar um vídeo pedindo voto para Ricardo Nunes.
Em 29 de agosto, entretanto, Carlos Bolsonaro – o estrategista de redes sociais de Bolsonaro – também fez elogios ao candidato do PRTB, o que foi visto pela base bolsonarista como uma senha para debandar da campanha de Nunes e embarcar na do adversário do prefeito de São Paulo.
Bolsonaro só mudou de rota efetivamente em meados de setembro, quando as pesquisas mostraram uma reação de Nunes e após Marçal tentar usar o ato do ex-presidente no 7 de Setembro em São Paulo para turbinar sua própria campanha.
Em 12 de setembro, Bolsonaro apareceu em outro vídeo declarando apoio a Nunes.
Bolsonaro aparece em vídeo durante evento com Nunes
Reprodução
Aliados de Nunes tentam colar rótulo de ‘tigrinho’ em Marçal
Apesar de culpar Bolsonaro, aliados de Nunes também veem méritos de Marçal.
Primeiro, avaliam que o candidato criou uma estratégia eficiente para a campanha, focada nas redes sociais – entre os eleitores que se informam sobre política por meio delas, Marçal lidera, com 38% das intenções de votos, segundo a Quaest.
Segundo, veem Marçal explorando, em benefício próprio, a mesma estratégia de criação de caos institucional usada por Bolsonaro para se eleger e tentar a reeleição – algo que a campanha de Nunes não adotou.
Por fim, avaliam que o candidato do PRTB consegue dialogar com o eleitor precarizado, e que outras lideranças da direita precisam aprender com isso.
E a estratégia da campanha de Nunes nesta reta final passa por aí. A ideia, segundo aliados do prefeito, é apresentar Marçal como alguém que vende uma solução fácil para o eleitor, uma espécie de atalho para a prosperidade, mas que é uma ilusão.
A ideia é colar no adversário a imagem de candidato do tigrinho – em referência ao jogo de azar Fortune Tiger, um dos mais populares do país atualmente –, expressão usada originalmente por Tabata Amaral (PSB) que virou rotina nos corredores do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.