9 de fevereiro de 2025

Equador volta às urnas em eleições menos violentas e com Noboa como favorito

Atual presidente deve disputar 2º turno com esquerdista Luísa González, segundo pesquisas. Em crise história de criminalidade, país enfrentou uma das eleições mais violentas do mundo em 2023, com morte de candidato. Pouco mais de um ano depois de uma das eleições mais violentas no mundo nos últimos anos, o Equador volta às urnas neste domingo (9) para eleger um novo mandato presidencial.
O atual presidente, Daniel Noboa, um milionário de 37 anos, é o favorito para vencer o pleito, mas deve ir ao segundo turno com sua principal adversária, a esquerdista Luisa González, segundo as principais pesquisas de opinião.
Noboa foi eleito em outubro de 2023, em eleições antecipadas no Equador convocadas pelo ex-presidente Guillermo Lasso em meio a um processo de impeachment. O pleito convocado por Lasso, entanto, tinha o intuito de completar o seu tempo de mandato até a data original das eleições seguintes, que ocorrem neste domingo.
Mas as eleições temporárias acabaram se tornando um dos processos eleitorais mais violentos dos últimos anos no planeta, diante da ameaça de cartéis de droga que disputam o lucrativo controle do narcotráfico do país aos candidatos.
Um deles, Fernando Villavicencio, morreu assassinado quando saía de um ato de campanha (veja vídeo abaixo). Os demais candidatos fizeram campanha sob forte esquema de segurança e, no dia da votação, tiveram de ir votar com coletes a prova de balas e capacetes.
Vídeo mostra o momento em que o candidato à presidência do Equador é assassinado
Embora a campanha desta vez tenha sido mais “limpa”, com menos episódios violentos e sem registro de mortes, o combate à criminalidade segue sendo o principal desafio de quem assumir o novo mandato presidencial.
Há cerca de cinco anos, o Equador, que era considerado uma “ilha de paz” na América Latina por conta dos índices de homicídio mais baixos do continente, viu a violência disparar por conta da explosão de crimes ligados a cartéis de drogas, que “migraram” da Colômbia e começaram a ameaçar e matar governantes, promotores e juízes do país.
Isso porque o acordo de paz assinado entre o governo da vizinha Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016 fulminou os cartéis que chegaram a dominar cidades inteiras do país.
Mas, em vez de ser extinto, o mercado de drogas acabou migrando para regiões no Equador. Lá, narcotraficantes encontraram as brechas que precisavam para seguir operando: uma política de segurança pública pouco especializada no crime que cometem combinada ao fator geográfico.
De cara para o Oceano Pacífico e com mais de 2.200 quilômetros de costa, o Equador acabou se tornando uma das principais rotas do tráfico de drogas da América Latina para os Estados Unidos e a Europa.
Atualmente, cartéis e máfias internacionais rivais disputam território no país por conta da rota lucrativa de narcotráfico do Equador. A taxa de homicídios do país aumentou de 6 a cada 100 mil habitantes em 2018 para 38 a cada 100 mil habitantes em 2024, o que afugentou turistas estrangeiros e os próprios equatorianos.
“Há mortes cruéis, assassinatos, crimes… é uma realidade diária”, disse à agência de notícias AFP o vendedor ambulantes Jesús Chávez, que já foi assaltado várias vezes no centro de Quito.
Campanha
Quase 14 milhões dos 18 milhões de habitantes de equatorianos estão convocados a votar nas eleições deste domingo.
O pleito tem 16 candidatos, mas pesquisas apontam que apenas dois têm chance de vencer: o atual presidente Noboa — o herdeiro de um império de exportação de bananas —, e Luisa González, partidária do poderoso movimento esquerdista Revolução Cidadã que chegou a ser a favorita nas eleições passadas.
A campanha de González se concentrou em seus redutos no litoral e em captar votos nos bairros mais pobres, onde seu mentor político, o ex-presidente exilado Rafael Correa, tornou-se conhecido.
“É urgente que mudemos o país, não com declarações de guerra, que não vão levar a lugar nenhum, e sim construindo a paz”, disse a candidata à rádio equatoriana Morena.
Já Noboa apostou em uma política linha-dura para enfrentar os grupos criminosos, e em sua imagem jovial. Durante a campanha, caminhou com a camisa desabotoada, acompanhado de soldados fortemente armados, e vestiu coletes à prova de balas ao liderar operações de segurança.
A maioria das pesquisas aponta uma vantagem de Noboa sobre González, mas sem margem suficiente para uma vitória no primeiro turno.
Caso isso aconteça, o segundo turno das eleições no Equador está marcado para abril deste ano.

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