13 de janeiro de 2025

Equipe de Trump questiona funcionários do governo em quem votaram na eleição e pede lealdade a presidente eleito


Republicano toma posse para novo mandato na Casa Branca na próxima segunda-feira (20). Escolhido por Trump para comandar Conselho de Segurança Nacional sugeriu fazer limpa na pasta. Trump menciona planos de anexar a Groenlândia desde 2019
Reuters via BBC
Membros da equipe de Donald Trump vêm questionando funcionários públicos de carreira sobre em quem votaram nas eleições presidenciais do país de 2024, segundo disse à agência de notícias Associated Press uma fonte do governo norte-americano.
Os questionamentos estão sendo feitos a funcionários que trabalham no Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês) da Casa Branca e também envolvem perguntas sobre eventausi contribuições políticas e postagens em redes sociais que poderiam ser consideradas comprometedoras, afirmou ainda a fonte à AP.
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Alguns desses funcionários chegaram inclusive a recolher seus pertences por conta da abordagem. Eles teriam sido questionados também sobre uma eventual lealdade a Trump, mesmo após terem recebido indicações de que permaneceriam no NSC no novo governo.
O deputado da Flórida Mike Waltz, escolhido por Trump para ser conselheiro de Segurança Nacional, sinalizou recentemente sua intenção de remover todos os indicados não políticos e oficiais de inteligência de carreira no NSC até a posse de Trump, na próxima segunda-feira (20).
A tática de Waltz é garantir que o conselho seja composto por pessoas que apoiem a agenda do republicano.
Uma demissão em massa de especialistas em política externa e segurança nacional do NSC no novo governo pode privar a equipe de Trump de experiência e conhecimento sobre questões delicadas ao governo dos EUA neste momento, como a guerra na Ucrânia e a crise no Oriente Médio.
Também há um temor de que, no caso de uma “limpa”, os novos funcionários do conselho fiquem menos propensos a contrariar políticas sugeridas pelo governo Trump.
O atual conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, defendeu que a próxima administração Trump mantenha funcionários de carreira do governo no NSC pelo menos no início do novo mandato.
“Dado tudo o que está acontecendo no mundo, garantir que você tenha uma equipe pronta para continuar servindo às 12h01, 12h02 e 12h03 do dia 20 é realmente importante”, disse Sullivan na sexta-feira.
Os membros do NSC que estão sendo questionados sobre sua lealdade são, em grande parte, especialistas em suas áreas, designados à Casa Branca por agências federais —como o Departamento de Estado, o FBI e a CIA— por períodos que geralmente duram de um a dois anos.
Se removidos do NSC, eles retornariam às suas agências de origem.
A triagem dos funcionários civis começou na semana passada, disse segundo a autoridade ouvida pela AP.
Alguns foram questionados sobre sua orientação política por indicados de Trump que atuarão como diretores no conselho e que, semanas antes, haviam pedido que eles permanecessem em seus postos.
Um segundo oficial dos EUA disse à AP que foi informado semanas atrás por integrantes da futura administração Trump sobre o plano de questionar funcionários de carreira da Casa Branca, incluindo os do NSC, sobre suas inclinações políticas. O oficial, que não estava autorizado a comentar publicamente, ainda não havia sido formalmente avaliado.
Waltz disse ao Breitbart News na semana passada que “todos vão renunciar às 12h01 do dia 20 de janeiro”. Ele acrescentou que queria que o NSC fosse composto por pessoas que estivessem “100% alinhadas com a agenda do presidente”.
“Estamos trabalhando no nosso processo para garantir as autorizações e na transição agora”, disse Waltz. “Nossa equipe sabe quem queremos retirar das agências, estamos fazendo essas solicitações, e, no caso dos designados temporários, todos vão voltar.”
Um funcionário da transição de Trump, falando sob condição de anonimato para discutir questões de pessoal, disse que a administração sentia ser “totalmente apropriado” buscar oficiais que compartilhassem a visão do presidente eleito e se concentrassem em metas comuns.
O NSC foi criado como um braço da Casa Branca durante o governo Truman, com a função de assessorar o presidente em questões de segurança nacional e política externa, além de coordenar as agências governamentais.
É comum que especialistas designados ao NSC permaneçam na transição entre administrações, mesmo quando há mudança de partido na Casa Branca.
Sullivan observou que, quando Biden assumiu o cargo em 2021, herdou a maior parte de sua equipe do NSC da administração Trump. “Essas pessoas foram incríveis”, disse Sullivan. “Eram muito boas.”
Durante o primeiro mandato de Trump, dois oficiais militares de carreira destacados no NSC se tornaram denunciantes, levantando preocupações sobre a ligação de Trump em 2019 com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy.
Segundo a denúncia, o então presidente republicano buscava uma investigação sobre Biden e seu filho Hunter. Esse episódio levou ao primeiro impeachment de Trump.
Alexander Vindman, que ouviu a ligação em sua função no NSC, ficou alarmado com o que ouviu e relatou suas preocupações a seu irmão gêmeo, Eugene, então advogado de ética no NSC. Ambos relataram o caso aos superiores.
Alexander Vindman declarou na sexta-feira que a abordagem da equipe de Trump para o pessoal do NSC “terá um efeito inibidor sobre os funcionários seniores em todo o governo”. Ele acrescentou: “Profissionais talentosos, receosos de serem demitidos por posições de princípio ou por oferecer conselhos objetivos, se autocensurarão ou desistirão de servir.”
Os dois irmãos foram elogiados pelos democratas como patriotas por se manifestarem e criticados por Trump como insubordinados. Eugene Vindman foi eleito em novembro como democrata para representar o 7º Distrito Congressional da Virgínia.

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