19 de setembro de 2024

Escola em Ribeirão Preto aposta em criatividade e companheirismo para adaptação de estrangeiros em sala de aula

Cidade conta com 144 alunos de seis países sul-americanos. Venezuela lidera lista de estudantes matriculados. Alunos venezuelanos contam como é estudar em Ribeirão Preto
Onze crianças venezuelanas fazem parte do quadro de alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Ministro Veiga de Miranda, no bairro Campos Elíseos, em Ribeirão Preto (SP).
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Ela, que chegaram por aqui em 2023, são indígenas da etnia Warao e viviam no delta do Rio Orinoco, o principal da Venezuela, e fazem parte dos 14.862 alunos de 15 países diferentes que frequentam escolas estaduais no Estado e São Paulo.
Os dados são da Secretaria da Educação e mostram que a Venezuela é o segundo país com o maior número de alunos na rede estadual, com 4.440 estudantes matriculados.
No topo da lista de alunos estrangeiros está a Bolívia, com mais de oito mil crianças. Em terceiro lugar está o Paraguai, com 671 .
Ao todo, 144 alunos estrangeiros fazem parte da rede de ensino estadual em Ribeirão Preto. Destes, 121 são da Venezuela, 15 da Colômbia, três da Argentina, dois da Bolívia, dois do Paraguai e um do Peru.
Sensação de pertencimento
Em Ribeirão, a professora Kaynara Rimoldi conta que para receber os alunos estrangeiros, foi preciso desenvolver um projeto especial que oferecesse a eles a sensação de pertencimento.
“Nós apresentamos para as crianças [brasileiras] vídeos mostrando a cultura deles, dos povos originários e como o povo deles vive lá, falamos sobre a língua deles, as tradições das famílias, eles dão muito valor as tradições. Eu sinto que eles se sentem pertencentes e a gente consegue fazer com que as outras crianças reconheçam isso”.
Alunos venezuelanos estudam em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Trabalho em grupo
Além das diferenças culturais, a língua é outro grande obstáculo para a interação dos alunos com outras crianças e professores. Kaynara explica que adaptá-los exige preparação para que o processo de aprendizado funcione.
“Nós adaptamos as atividades para eles com base nas habilidades do currículo, mas de forma adaptada. E a gente trabalha ao mesmo tempo a alfabetização com muita imagens, trabalhando a língua portuguesa”.
O trabalho, no entanto, não se limita apenas aos alunos estrangeiros. Foi preciso se dedicar também às outras crianças para que elas conseguissem compreender a importância da inclusão dos novos estudantes na escola.
Crianças venezuelanas encontram em escola de Ribeirão Preto, SP, a chance de recomeçar
Reprodução/EPTV
Por serem muito tímidos e sempre andarem juntos, a integração dos venezuelanos com outros alunos não foi tão simples. Foi preciso paciência e muita criatividade .
“Depois que a gente desenvolveu esse projeto aqui na escola, as crianças cooperam, estabeleceram relações de muita amizade. Eu acho que isso faz com que eles não se sintam tão fora do lugar de onde eles são”, diz Kaynara.
Apesar de desafiador, o resultado começou a aparecer recentemente.
Natam Henrique Jorge Carvalho, de 9 anos, é um dos estudantes que se abriu para novas amizades e novos conhecimentos.
“Eu pensei ‘vou acolher muito bem, vou ser amigo deles, vou ensinar a falar nossa língua e nossa cultura’. Eles são bem quietinhos, prestam atenção na aula e, quando a ‘tia’ passa lição, fazem tudo direitinho”.
Crianças venezuelanas encontram em escola de Ribeirão Preto, SP, a chance de recomeçar
Reprodução/EPTV
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