“Normalmente, o câncer de pele não vai se manifestar na infância, na adolescência. Ele se manifesta mais tarde na vida”, diz o dermatologista Marcelo Rigatti. Especialistas alertam para o aumento do risco de câncer de pele no verão
Na empresa, o gari Alex Jpsé da Silva só coloca o uniforme e bate o ponto. O trabalho mesmo é nas ruas de Florianópolis. Ele começa às 7 horas da manhã e vai até 1 da tarde. Uma rotina que se repete há quase 20 anos. Os dias quentes exigem mais atenção. “Tenho que me proteger do sol bastante e aguentar o calor. Tomar água, procurar uma sombrinha assim que dá”
A exposição ao sol já trouxe consequências. Alex teve câncer de pele duas vezes. “A gente sempre passa o protetor solar na parte do corpo onde aparece bastante, e na orelha por trás. Porém, o meu deu na parte de dentro da orelha. Então, foi fazendo com que eu tirasse pedaço da orelha.”
“A gente tem que entender que a radiação solar é cumulativa. Então, não é só um dia. Então, conta todos os dias da sua vida que você tomou radiação. Normalmente, o câncer de pele não vai se manifestar na infância, na adolescência. Ele se manifesta mais tarde na vida”, diz o dermatologista Marcelo Rigatti
Santa Catarina é o estado com maior incidência do melanoma. O tipo mais grave de câncer de pele. O Instituto Nacional do Câncer prevê 1040 novos casos no estado no ano que vem. São quase 14 diagnósticos a cada 100 mil habitantes. Número três vezes maior do que a média nacional.
Maria Eduarda Meyer, representante da Sociedade Brasileira de Oncologia, explica que os riscos de desenvolver o câncer de pele são maiores em pessoas com pele clara, albinas, imunocomprometidas ou com histórico familiar da doença. Mas ela alerta que os cuidados devem ser tomados por todos.
“Evitar o sol das 10h às 16h. Usar protetor solar de maneira adequada. Então, um filtro no mínimo que tenha proteção UVA e UVB. Que seja fator 30. Não esquecer áreas que a gente às vezes esquece de passar protetor: orelha, pescoço. Não esquecer o couro cabeludo. Então, é importante o uso de boné, de óculos, de roupas protetoras com fator UVB e UVA. E que a gente não esqueça que mesmo na sombra a gente pode estar tendo essa exposição.
Leonildo Pessinate é agricultor e sabe bem o risco que corre. “Fico no máximo duas horas. É duas, três horas o máximo. Só na parte da manhã. Dez horas já vou embora. Pra me cuidar da pele que eu não posso tomar muito sol.”